A barragem, os atestados e as responsabilidades

01 de fevereiro de 2019 às 18:42

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A pris&atilde;o dos cinco engenheiros que atestaram a seguran&ccedil;a da barragem que desmoronou em Brumadinho (MG), por mais severa que seja, &eacute; prova de mudan&ccedil;a neste pa&iacute;s, onde a impunidade &eacute; end&ecirc;mica. Al&eacute;m de servir para esclarecer o acidente, a medida funcionar&aacute; como um alerta aos que, em raz&atilde;o de sua forma&ccedil;&atilde;o profissional ou dever funcional, fazem inspe&ccedil;&otilde;es e liberam ocupa&ccedil;&atilde;o de im&oacute;veis, funcionamento de estabelecimentos ou oficializam o estado de sa&uacute;de dos indiv&iacute;duos considerando-os aptos ou n&atilde;o para o trabalho e diferentes atos da vida civil. Portadores de f&eacute; p&uacute;blica, os consultores t&eacute;cnicos ou agentes de &oacute;rg&atilde;os oficiais t&ecirc;m de responder inteiramente por aquilo que atestam, inclusive dando conta de acidentes e outras intercorr&ecirc;ncias que seu atestado ensejou. No caso, quem atestou a seguran&ccedil;a da barragem responde solidariamente com os operadores pelas mais de 300 v&iacute;timas, danos ambientais e outros.<br /> <br /> A leni&ecirc;ncia que os falsos democratas da Nova Rep&uacute;blica impingiram &agrave; Na&ccedil;&atilde;o nos trouxe ao atual quadro de degrada&ccedil;&atilde;o e crise. Tudo foi tratado com vi&eacute;s ideol&oacute;gico e o claro objetivo de, em vez de cidad&atilde;o, tornar o indiv&iacute;duo militante de causas que nem sempre objetivavam o bem geral. Com isso, as leis foram enfraquecidas, a puni&ccedil;&atilde;o abrandada, os crimes de toda ordem aumentaram e as fac&ccedil;&otilde;es do crime organizado floresceram. O Estado pereceu frente aos interesses de grupos. Para fiscalizar 790 barragens de rejeitos minerais, existem apenas 35 fiscais. &Eacute; pouco, mas, num Estado organizado, n&atilde;o haveria necessidade nem dos 35. Bastaria que cada empresa respondesse pela regularidade de sua opera&ccedil;&atilde;o, auditando os servi&ccedil;os para mant&ecirc;-los dentro das normas, que devem ser r&iacute;gidas. &Eacute; aquelas que negligenciassem, bem como seus agentes t&eacute;cnicos de controle, responderem civil e criminalmente, inclusive com o patrim&ocirc;nio pessoal, pelos danos causado. Ao Estado deve caber apenas a normatiza&ccedil;&atilde;o e regula&ccedil;&atilde;o; a manuten&ccedil;&atilde;o do neg&oacute;cio nos par&acirc;metros tem de ser do operador, sob pena de n&atilde;o a fazendo, sofrer puni&ccedil;&otilde;es que possam at&eacute; inviabilizar sua continuidade no neg&oacute;cio.<br /> <br /> O presidente Bolsonaro foi eleito com a proposta de mudan&ccedil;a. O acidente de Minas Gerais &ndash; o segundo em tr&ecirc;s anos &ndash; enseja o endurecimento com a incompet&ecirc;ncia, o desvio de finalidade e a leni&ecirc;ncia. &Eacute; preciso uma ampla revis&atilde;o na atua&ccedil;&atilde;o das ag&ecirc;ncias reguladoras dos diferentes setores e a celeridade na apura&ccedil;&atilde;o dos eventos que fogem &agrave; rotina. Democracia n&atilde;o &eacute; a fraqueza do Estado perante os poderosos como se tem visto por anos a fio, mas a fortaleza das institui&ccedil;&otilde;es para todos terem acesso aos direitos e ao resultado do progresso econ&ocirc;mico e&nbsp; social. Atestado falso ou imperito agora ser&aacute; coisa do passado, assim esperamos...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />