As reformas longe do discurso da desconstrução

28 de fevereiro de 2019 às 09:37

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Desde que as esquerdas, ent&atilde;o ornadas por fantasias de democratas, puderam voltar a atuar na pol&iacute;tica brasileira, a Na&ccedil;&atilde;o convive com a t&aacute;tica do denuncismo e do esc&acirc;ndalo como meio de se chegar ao poder. Com a Anistia, os proscritos do regime de 1964 voltaram e, esquecidos dos pecados que os levaram ao ex&iacute;lio e at&eacute; ao banimento, puseram-se a construir narrativas contra os advers&aacute;rios. O Partido dos Trabalhadores, desde o seu nascedouro, serviu-se do discurso ultramoralista que o sustentou e at&eacute; justificou sua postura de ser contra todos os avan&ccedil;os, inclusive a Constitui&ccedil;&atilde;o de 88, gerada &agrave; luz da redemocratiza&ccedil;&atilde;o. Mesmo depois dos acontecimentos que levaram ao impeachment da presidente e &agrave; pris&atilde;o do principal l&iacute;der da sigla, ainda permanecem a fala vitimista e, sempre que poss&iacute;vel, o ataque desmedido ao oponente.<br /> <br /> O discurso de desconstru&ccedil;&atilde;o, utilizado contra os advers&aacute;rios, acabou por atropelar os pr&oacute;prios petistas quando no poder. E at&eacute; hoje vivemos um mundo de narrativas que, no lugar de informar, t&ecirc;m por objetivo atrapalhar o governo e a ordem institucional. Bem analisado, esse clima &eacute; o respons&aacute;vel pelo mau-humor que tem alimentado as crises. Nas &uacute;ltimas elei&ccedil;&otilde;es, o povo disse n&atilde;o a esse tipo de comportamento e optou pelo novo caminho proposto por Jair Bolsonaro. Agora temos apenas o come&ccedil;o dessa nova fase, resultante da vota&ccedil;&atilde;o da maioria. De um lado, o governo buscando viabilizar seus projetos junto ao Congresso e, de outro, a Justi&ccedil;a apurando as condutas denunciadas como criminosas.<br /> <br /> Vive-se um tempo de constru&ccedil;&atilde;o. O novo governo e o Congresso reformado t&ecirc;m de mostrar a que vieram, propondo, discutindo e votando leis que recoloquem o pa&iacute;s nos trilhos. Um trabalho &aacute;rduo que, bem executado, trar&aacute; resultados. Governo, Congresso e corpora&ccedil;&otilde;es classistas e sociais envolvidas em interesses devem discutir &agrave; exaust&atilde;o seus temas e possibilidades, mas nunca travar ou engavetar as decis&otilde;es. O novo Brasil depende delas. Da mesma forma, a Justi&ccedil;a tem de exercer com regularidade a sua miss&atilde;o de analisar as contendas e,quando for o caso, sentenciar quem tenha cometido ilegalidades, na justa medida dos desvios. Tudo de forma rotineira e habitual. As narrativas insustent&aacute;veis, a desobedi&ecirc;ncia civil e a vitimiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o t&ecirc;m raz&atilde;o de continuar existindo.<br /> <br /> O povo, que acordou, est&aacute; atento e hoje, al&eacute;m dos ve&iacute;culos tradicionais de comunica&ccedil;&atilde;o, tem tamb&eacute;m as redes sociais como aliadas e difusoras de suas vontades. As autoridades dos tr&ecirc;s poderes s&atilde;o permanentemente observadas e, se n&atilde;o cumprirem com suas obriga&ccedil;&otilde;es, certamente ter&atilde;o problemas. &Eacute; bom que se acautelem. H&aacute; que se considerar que as reformas s&atilde;o necess&aacute;rias, inadi&aacute;veis e n&atilde;o pertencem ao governo, aos parlamentares e nem aos partidos pol&iacute;ticos. S&atilde;o propriedades do povo brasileiro e, para surtir bons efeitos, t&ecirc;m de ser bem cuidadas e convenientemente votadas. Sem narrativas nem mistifica&ccedil;&otilde;es.<br /> &nbsp;<br /> <i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br