Práticas quaresmais

08 de março de 2019 às 10:39

Padre Marcio Prado
Todos os anos a Igreja, principalmente na quaresma, recorda e orienta os fi&eacute;is a realizarem as pr&aacute;ticas penitenciais &ndash; ora&ccedil;&atilde;o, jejum e esmola &ndash;, que alimentam, educam e enviam o fiel a uma vida mais unida a Deus.<br /> <br /> A pr&aacute;tica da ora&ccedil;&atilde;o faz a pessoa se unir mais ao Senhor. A ora&ccedil;&atilde;o &eacute; di&aacute;logo com o Amado, &eacute; a confian&ccedil;a do pobre naquele que &eacute; o Rico, &eacute; a aproxima&ccedil;&atilde;o daquele pequeno com o Grande, e apesar de tantas diferen&ccedil;as, o homem &eacute; acolhido por Deus, pois este o trata como filho, como amigo e o homem deve trat&aacute;-lo como Pai e amigo. A ora&ccedil;&atilde;o ainda &eacute; relacionamento de algu&eacute;m com Algu&eacute;m e, nesse contato, o maior beneficiado &eacute; o homem, pois recebe do Alto: consolo, for&ccedil;a, esperan&ccedil;a e amor. S&atilde;o muitas gra&ccedil;as que o homem recebe de Deus, assim como o alimento sustenta o corpo a ora&ccedil;&atilde;o sustenta/alimenta a alma.<br /> <br /> Quando o fiel pratica o jejum ele est&aacute; educando sua mente e seu corpo. Por isso, essa pr&aacute;tica quaresmal deve ser vivida nessa perspectiva. O jejum educa os apetites, imp&otilde;e limites... J&aacute; reparou que passamos mal porque exageramos em algo que comemos ou bebemos? O jejum ensina a dominar os desejos da carne, a ter controle sobre si e n&atilde;o se deixar controlar pelas vontades. <br /> &nbsp;<br /> O jejum educa, forma, j&aacute; o homem que se deixa dominar pelos alimentos pode acabar vivendo um desequil&iacute;brio em outras &aacute;reas (ira, c&oacute;lera, vaidade, sexualidade). Assim, se ele se deixa educar pelo jejum conseguir&aacute; dizer &ldquo;n&atilde;o&rdquo; para certas coisas que n&atilde;o conv&eacute;m. Ter um prop&oacute;sito ao jejuar, contar com a gra&ccedil;a de Deus e se lembrar sempre do compromisso, ajuda a pessoa a ser fiel. Sem d&uacute;vida, ser&aacute; justamente nesse tempo que surgir&atilde;o alimentos e pecados &ldquo;deliciosos, bonitos, atraentes e desej&aacute;veis&rdquo;, bons ao paladar, ao ouvido e aos olhos, mas n&atilde;o a alma. Pela gra&ccedil;a divina e fugindo da ocasi&atilde;o ser&aacute; poss&iacute;vel n&atilde;o ceder &agrave; tenta&ccedil;&atilde;o, e melhor ainda, permanecer na gra&ccedil;a de Deus.<br /> <br /> Na quaresma temos ainda um tempo prop&iacute;cio para a miss&atilde;o. O fiel &eacute; tamb&eacute;m enviado a viver a esmola ou a caridade. Deve-se rezar, jejuar, mas tamb&eacute;m amar. &ldquo;A f&eacute; sem obras &eacute; morta&rdquo; (Tg 2,20), j&aacute; ensinava o ap&oacute;stolo Tiago. O tempo quaresmal &eacute; um tempo da pr&aacute;tica da esmola, de ir ao encontro do necessitado, de dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar vestimenta ao nu, visitar os doentes e presos. Viver a pr&aacute;tica quaresmal da esmola &eacute; j&aacute; viver o envio do Senhor. <br /> &nbsp;<br /> N&atilde;o precisamos ir t&atilde;o longe para dar de comer, vestir e dar aten&ccedil;&atilde;o a algu&eacute;m necessitado. Bem perto, em casa, no trabalho, na rua encontramos algu&eacute;m em situa&ccedil;&atilde;o dif&iacute;cil. E se quisermos podemos dar um passo a mais: sair, ir l&aacute; onde sabemos que h&aacute; carentes, que h&aacute; necessitados e pobres. A caridade &eacute; iniciativa de Deus e devemos deixar brotar em n&oacute;s, quem se descobriu amado por Ele vai, vive o &ldquo;Ide&rdquo; de Jesus, vive essa pr&aacute;tica n&atilde;o como um peso, mas como algo normal. Assim como &eacute; normal de quem est&aacute; vivo respirar, &eacute; normal para o crist&atilde;o viver a caridade.<br /> <br /> Por fim, deixemos esse tempo quaresmal nos envolver, tempo de convers&atilde;o, tempo em que tais pr&aacute;ticas v&atilde;o nos ajudar na uni&atilde;o com a Trindade Santa. Trata-se de uma oportunidade que Deus nos concede para que cres&ccedil;amos na intimidade com Ele. Por isso, nada de futilidades, de perder tempo em falar ou pensar mal dos outros, mas que seja um tempo forte de ascese, de preocupa&ccedil;&atilde;o com o essencial, tempo de amar a Deus e ao pr&oacute;ximo.<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_padre-marcio-prado_sacerdote-comunidade-cancao-nova(1).jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Padre Marcio Prado</i></b>, natural de S&atilde;o Jos&eacute; dos Campos (SP), &eacute; sacerdote da Comunidade Can&ccedil;&atilde;o Nova e Vice-Reitor do Santu&aacute;rio do Pai das Miseric&oacute;rdias. &Eacute; autor dos livros &ldquo;Entender e viver o Ano da Miseric&oacute;rdia&rdquo; e &ldquo;Via-sacra do Santu&aacute;rio do Pai das Miseric&oacute;rdias&rdquo;, pela editora Can&ccedil;&atilde;o Nova. Twitter: @padremarciocn