Consequências de uma vida ocupada demais

20 de março de 2019 às 08:50

Josilene Braga Ribeiro Quintas
Tudo tem o seu tempo determinado, e h&aacute; tempo para todo o prop&oacute;sito debaixo do c&eacute;u. (Ecl 3,1). Ao ler essa passagem b&iacute;blica, somos convidados, a princ&iacute;pio, a esperar o tempo das coisas acontecerem, de entender os fatos da vida no seu curso pr&oacute;prio. <br /> <br /> Numa situa&ccedil;&atilde;o boa ou ruim, quantas vezes j&aacute; nos pegamos no desejo de acelerar o tempo ou de faz&ecirc;-lo parar de forma a corresponder aos nossos anseios emocionais? Quantas vezes queremos que uma hora se equivalha a duas, com o intuito de mais conquistas ou ainda de poder ser mais produtivo e atender demandas de outras pessoas, e at&eacute; de si mesmo? <br /> <br /> Quantas vezes o tempo &eacute; pouco para o que desejamos, mas, mais do que suficiente para o ser humano que possui limites pr&oacute;prios, dentro de cada contexto peculiar, na necessidade de ser gente nesse mundo &ldquo;urgente&rdquo;? Quantas vezes&hellip;<br /> <br /> Aqui desejo aprofundar este verso b&iacute;blico a uma vertente ps&iacute;quica e emocional: o tempo do sentir, do perceber-se! Cada dia mais, estamos sendo levados a ser &ldquo;mais do que somos&rdquo;: mais produtivos, eficientes, perfeitos; a termos mais, conquistarmos mais, oferecermos mais. <br /> <br /> E, assim, no desejo de viver esse &ldquo;mais&rdquo;, abandonamos - sem nos dar conta - aquilo que somos: pessoas! Pessoas que sentem, cansam, esgotam, erram, se fragilizam. Desrespeitamos nossa ess&ecirc;ncia em prol da nossa &ldquo;insaci&aacute;vel&rdquo; &acirc;nsia de tudo ser, fazer e poder! Devemos ser, com muita propriedade, nosso pr&oacute;prio limite. N&atilde;o se trata dos limites que nos limitam, mas do que nos fazem saud&aacute;veis e plenos.<br /> <br /> N&atilde;o d&aacute; para ser feliz ultrapassando nossos limites, pois isso fatidicamente resultar&aacute; em esgotamento e doen&ccedil;a. Saibamos olhar para dentro de n&oacute;s e encontrarmos o nosso tempo de agir e parar, de seguir e descansar para, no determinado momento ou no dia seguinte, prosseguir tendo nos dado, com o devido respeito de que precisamos: o descanso.<br /> <br /> Nossa mente pode, em alguns momentos se desarmonizar com o nosso corpo e querer explor&aacute;-lo al&eacute;m do que ele pode. E, por irmos al&eacute;m do que o corpo e mente s&atilde;o capazes de render, as consequ&ecirc;ncias, na maioria das vezes, s&atilde;o as doen&ccedil;as som&aacute;ticas ou psicossom&aacute;ticas. <br /> <br /> Chegamos a acreditar que todas essas tarefas devem ser feitas no tempo do agora e que isso &eacute; o certo. Displicentemente, n&atilde;o olhamos para nossa condi&ccedil;&atilde;o, acreditamos que nosso limite humano &eacute; estar al&eacute;m do limite, e que devemos sempre exigir, cada vez mais, de n&oacute;s mesmos.<br /> <br /> &Eacute; l&oacute;gico que &eacute; v&aacute;lido e necess&aacute;rio abra&ccedil;ar novos desafios e conquistas. Entretanto, cada um deve ser honesto o suficiente consigo mesmo para n&atilde;o &ldquo;romper&rdquo; com sua condi&ccedil;&atilde;o de ser gente saud&aacute;vel e feliz.<br /> <br /> &Eacute; preciso reconhecer que o tempo de conquistas requer um tempo de descanso e refrig&eacute;rio, para que o corpo e a mente n&atilde;o desenvolvam patologias que chegam de maneira lenta, por perceberem que foram &ldquo;agredidos&rdquo; por muito tempo.<br /> <br /> &Eacute; preciso dar-nos tempo para ouvir, sentir e dar as melhores respostas ao nosso corpo e a nossa mente, de maneira a nos manter saud&aacute;veis f&iacute;sico, ps&iacute;quico e socialmente. Por fim, retomando o tempo de cada coisa, devemos conceder e investir no tempo de Deus em nossas vidas!<br /> <br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_josilene-braga-ribeiro-quintas_professora-e-psicopedagoga.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Josilene Braga Ribeiro Quintas</i></b> &eacute; professora e psicopedagoga do Instituto Can&ccedil;&atilde;o Nova e da Faculdade Can&ccedil;&atilde;o Nova, em Cachoeira Paulista (SP).