A Venezuela e o nó diplomático brasileiro

20 de março de 2019 às 09:01

Marco Antônio Barbosa
A tens&atilde;o existente entre a Venezuela e seus vizinhos, Brasil e Col&ocirc;mbia, apoiados pelo Estados Unidos, traz um clima pouco vivido na Am&eacute;rica Latina. Ap&oacute;s a Guerra do Paraguai, em 1864, quando brasileiros, argentinos e uruguaios formaram a &quot;<b><i>Tr&iacute;plice Alian&ccedil;a</i></b>&quot; contra os paraguaios, a regi&atilde;o vive em relativa uni&atilde;o. O atual cen&aacute;rio pol&iacute;tico se desenha para decis&otilde;es dif&iacute;ceis e perigosas para o nosso pa&iacute;s. Mesmo por uma causa justa, derrubar o Governo Maduro pode trazer grandes preju&iacute;zos financeiros e principalmente, de vidas. <br /> <br /> Derrubar por medidas diplom&aacute;ticas, com embargos econ&ocirc;micos, pode gerar mais pobreza no pa&iacute;s e aumentar os confrontos internos, o que n&atilde;o ajuda em nada a popula&ccedil;&atilde;o local. Al&eacute;m disso, pressionado, o governo venezuelano deve aumentar a temperatura, gerando rea&ccedil;&otilde;es violentas nas fronteiras. Isso empurraria a todos para um confronto entre na&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> Partir para uma guerra &eacute; ainda mais perigoso. Um conflito n&atilde;o tem um tempo determinado. Mesmo vencendo, uma guerra civil por disputa de poder entre guerrilhas ou partidos poderia se instaurar, vide Iraque e Afeganist&atilde;o, onde o ex&eacute;rcito americano j&aacute; est&aacute; h&aacute; mais de 15 anos. Quantas vidas seriam necess&aacute;rias para sustentar este embate? Quanto seria investido nesta miss&atilde;o? Importante citar, que n&atilde;o &eacute; ser &lsquo;<i><b>capitalista</b></i>&rsquo; em pensar em dinheiro, pois ele sairia de outras &aacute;reas que deveriam ser prioridades no momento, como educa&ccedil;&atilde;o, sa&uacute;de e seguran&ccedil;a interna. <br /> <br /> Neste &uacute;ltimo caso um adendo muito importante: j&aacute; vivemos uma guerra interna que precisa ser combatida e priorizada. Nossos assassinatos anuais matam mais que o Estado Isl&acirc;mico na S&iacute;ria. Como entrar em um conflito, sem resolver os nossos primeiro? Seria a primeira explica&ccedil;&atilde;o que o governo precisaria dar.<br /> <br /> Al&eacute;m disso, temos a pol&iacute;tica externa. Entrar em uma guerra junto com os Estados Unidos poderia gerar desconfian&ccedil;as na regi&atilde;o. Quem garante que, em um futuro pr&oacute;ximo, os interesses americanos n&atilde;o sejam contra outros pa&iacute;ses? Quem garante que n&atilde;o seja contra n&oacute;s mesmos? A geopol&iacute;tica das &uacute;ltimas d&eacute;cadas embasa as nossas desconfian&ccedil;as. Os EUA apoiaram o Talib&atilde; contra os Russos no Afeganist&atilde;o. Depois, entrou em guerra contra o grupo controlado por Osama Bin Laden. Este &eacute; um, dos infinitos exemplos, que mostram qu&atilde;o fr&aacute;gil s&atilde;o as alian&ccedil;as internacionais no mundo. O Brasil n&atilde;o tem poderio bal&iacute;stico para se impor perante o &lsquo;Tio Sam&rsquo;, assim como faz a China e a R&uacute;ssia, por exemplo.<br /> &nbsp;<br /> Como sair desta sinuca &eacute; uma quest&atilde;o que deve ser bem pensada pela nossa intelig&ecirc;ncia militar e, principalmente, pol&iacute;tica. Decidimos nos envolver e, agora, precisamos ter uma posi&ccedil;&atilde;o. Manter a diplomacia e ser um intermediador entre os Estados Unidos e a Venezuela. para que se chegue a uma solu&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica do impasse, seria o melhor papel para o Brasil. <br /> <br /> Se colocar com uma lideran&ccedil;a local, ajudando a manter a paz, &eacute; essencial para o nosso crescimento como pot&ecirc;ncia pol&iacute;tica. Mesmo com os &acirc;nimos exaltados na fronteira, o nosso governo deve tomar as r&eacute;deas da negocia&ccedil;&atilde;o e tentar intervir pelo bem dos venezuelanos, mas com intelig&ecirc;ncia nas negocia&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> Declara&ccedil;&otilde;es fortes ou amea&ccedil;as veladas podem inflamar ainda mais essa disputa e dificultar a situa&ccedil;&atilde;o de quem dever&iacute;amos priorizar: a popula&ccedil;&atilde;o venezuelana, que sofre com o descaso de Maduro. Agravar a situa&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m vai prejudicar quem deve ser o principal foco do nosso governo: o povo brasileiro.<br /> &nbsp;<br /> <i><b><img src="/uploads/image/artigos_marco-antonio-barbosa_especialista-seguranca-e-diretor-came-brasil.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Marco Ant&ocirc;nio Barbosa</b></i> &eacute; especialista em seguran&ccedil;a e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administra&ccedil;&atilde;o de empresas, MBA em finan&ccedil;as e diversas p&oacute;s-gradua&ccedil;&otilde;es nas &aacute;reas de marketing e neg&oacute;cios.