Cem dias de governo, pura propaganda

15 de abril de 2019 às 16:28

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O &ldquo;governo dos 100 dias&rdquo; &eacute; origin&aacute;rio do Fran&ccedil;a. Em 1815, Napole&atilde;o voltou ao poder, mas n&atilde;o resistiu ao per&iacute;odo, sendo expulso e exilado na Ilha Santa Helena onde morreria seis anos depois. Nos Estados Unidos, a comemora&ccedil;&atilde;o dos 100 dias de governo vem desde 1933, quando o presidente Franklin Roosevelt se gabava de, depois da grande depress&atilde;o, ter conseguido nesse per&iacute;odo a aprova&ccedil;&atilde;o de 15 projetos importantes para o pa&iacute;s. A data, no entanto, &eacute; usada como simples marketing de informa&ccedil;&atilde;o. No Brasil n&atilde;o &eacute; diferente, e os 100 dias de Bolsonaro servem apenas para ele e seu minist&eacute;rio anunciarem medidas, enquanto seus advers&aacute;rios as contestam. Nada mais.<br /> <br /> Os an&uacute;ncios feitos pelo presidente na passagem dos 100 dias do governo devem provocar mudan&ccedil;as. A autonomia do Banco Central, o ensino domiciliar, o 13&ordm; sal&aacute;rio ao Bolsa Fam&iacute;lia e o &ldquo;revoga&ccedil;o&rdquo; de decretos obsoletos s&atilde;o medidas importantes. Aplicados, conferir&atilde;o ao pa&iacute;s a face do novo governo. Mas pouco ou nada tem com cem dias, escolhidos apenas como data simb&oacute;lica ou marqueteira. A popula&ccedil;&atilde;o aguarda as mudan&ccedil;as concretas de todas as a&ccedil;&otilde;es de governo e, mais que isso, que elas possam representar a melhora de vida de cada cidad&atilde;o. No Bolsa Fam&iacute;lia, por exemplo, mais importante do que pagar o 13&ordm;, ser&aacute; o dia em que o benefici&aacute;rio puder sair do programa porque ganhou autonomia laboral e financeira.<br /> <br /> N&atilde;o no cent&eacute;simo, mas em todos os seus dias, o governo tem a importante tarefa de restaurar a m&aacute;quina p&uacute;blica, resgat&aacute;-la do jugo dos pol&iacute;ticos e cabos eleitorais e coloc&aacute;-la a servi&ccedil;o da popula&ccedil;&atilde;o. &Eacute; seu dever demitir os apaniguados que incham a reparti&ccedil;&otilde;es, e prestigiar o funcionalismo de carreira, exigindo sua contrapartida de trabalho. Tornar a economia nacional confi&aacute;vel aos investidores para que estes, com seu capital, fa&ccedil;am nossa economia girar e voltarem os empregos.<br /> <br /> As bases dos novos procedimentos governamentais est&atilde;o lan&ccedil;adas. Come&ccedil;aram pelo salutar n&atilde;o loteamento do governo. Deputados e senadores, no atual quadro n&atilde;o ser&atilde;o mais &ldquo;s&oacute;cios&rdquo; do Executivo e ter&atilde;o a oportunidade de exercer sua atividade fiscalizadora em nome do povo que os elegeu. O governo assume o compromisso de equilibrar as finan&ccedil;as e aplicar o resultado da arrecada&ccedil;&atilde;o em servi&ccedil;os &agrave; popula&ccedil;&atilde;o, at&eacute; agora negligenciados.<br /> <br /> Os cem dias, como nos &eacute; dado a observar, nada mais &eacute; do que obra de propaganda que, executada pelo governo &eacute; a seu favor e, movida pela oposi&ccedil;&atilde;o, &eacute; contr&aacute;ria. Todo esse alarido, em nada vai mudar a vida da popula&ccedil;&atilde;o. Serve apenas para esquentar o debate que se torna cada dia mais est&eacute;ril e n&atilde;o empolga a ningu&eacute;m. O povo est&aacute; cansado das escaramu&ccedil;as entre quem governa e seus opositores. Seria muito bom todos darem um tempo e cada um trabalhar no seu quadrado. Turbul&ecirc;ncia s&oacute; serve para atrasar a vida nacional...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br