Liturgia e devoções populares da Semana Santa

15 de abril de 2019 às 17:29

Padre Gevanildo Augusto Torres
A Semana Santa oferece aos crist&atilde;os cat&oacute;licos uma experi&ecirc;ncia &uacute;nica, profunda e simples de tocar no mist&eacute;rio profundo de Deus, que se inclinou at&eacute; ao homem. A Liturgia que celebramos nesses dias desvenda o mist&eacute;rio de amor de um Deus que quis se revelar, que veio ao encontro do ser humano. O povo de Deus vive e celebra esse encontro com todo fervor, sem receio de demonstrar em gestos simples, por&eacute;m profundos, o quanto sente a presen&ccedil;a desse Deus que se revela na paix&atilde;o, morte e ressurrei&ccedil;&atilde;o de Jesus.<br /> <br /> Os gestos e sinais da Igreja Cat&oacute;lica n&atilde;o s&atilde;o desprovidos de humanidade. A Semana Santa, com toda a beleza de seus ritos, exprime que se reza o que se cr&ecirc;, e acredita-se no que se reza. N&atilde;o s&atilde;o express&otilde;es desprovidas de sentido, fechadas e sistem&aacute;ticas, mas celebrativas, repletas de sinais, com cantos, formas po&eacute;ticas e uma linguagem pr&oacute;pria, que abrem o horizonte humano a uma maior aproxima&ccedil;&atilde;o de Deus. &Eacute; a aproxima&ccedil;&atilde;o da f&eacute; e da religi&atilde;o com a cultura popular.<br /> <br /> Esse &eacute; o tempo em que os sentimentos humanos encontram espa&ccedil;o nas a&ccedil;&otilde;es divinas. O Cora&ccedil;&atilde;o de Deus junto ao cora&ccedil;&atilde;o da humanidade! A proximidade de Deus do seu povo, atrav&eacute;s de sinais sens&iacute;veis, e a proximidade do povo pela revela&ccedil;&atilde;o palp&aacute;vel de um Deus que se deixou ver, contemplar e tocar. S&atilde;o os simples e puros de cora&ccedil;&atilde;o que atrav&eacute;s da f&eacute; singela podem tocar no mist&eacute;rio. O Papa Paulo VI nos recorda que a piedade popular &ldquo;manifesta uma sede de Deus que somente os simples e os pobres podem conhecer&rdquo;.<br /> <br /> Como &eacute; edificante, em tempos de Semana Santa, contemplar a f&eacute; do povo que adentra no mist&eacute;rio do amor de Deus, que entrega seu Filho para salvar a humanidade!<br /> <br /> Em muitos gestos e palavras do povo n&atilde;o encontramos uma teologia ensinada pelos livros e grandes doutores, mas, esses gestos e palavras revelam na vida cotidiana, feita de espontaneidade, de mem&oacute;ria e de partilha que Deus quis ter um cora&ccedil;&atilde;o e sofrer as dores da humanidade. <br /> <br /> H&aacute; uma profunda identifica&ccedil;&atilde;o do povo com as express&otilde;es lit&uacute;rgicas e devocionais desse tempo. S&atilde;o muitos os que se comovem com o Cristo sofredor e com a M&atilde;e das dores, olham-nos, beijam-nos. Tocam os p&eacute;s, as m&atilde;os e o cora&ccedil;&atilde;o ferido de Jesus. Com sua piedade tentam, de alguma maneira, enxugar as l&aacute;grimas da M&atilde;e dolorosa, na esperan&ccedil;a de serem consolados em suas dores e lamentos. Adentram com piedade nos gestos e palavras de Cristo, guardam o sil&ecirc;ncio e as l&aacute;grimas de Maria. Vivem intensamente a f&eacute; que ningu&eacute;m poder&aacute; &ldquo;roubar&rdquo;.<br /> <br /> Na Liturgia da Semana Santa, a Igreja quer atualizar e revelar o maior acontecimento da hist&oacute;ria: Deus sofre com os que sofrem e chora com os que choram, mas a dor nunca ter&aacute; a &uacute;ltima palavra, por isso, &eacute; preciso esperar a reden&ccedil;&atilde;o de suas fraquezas e a vit&oacute;ria de suas dores mais profundas, quando unidas a Cristo Jesus.<br /> <br /> Em meio &agrave; multid&atilde;o, Deus olha a cada um individualmente, como filho &uacute;nico, filha &uacute;nica. E se f&ocirc;ssemos resumir a experi&ecirc;ncia desse tempo, colocar&iacute;amos numa s&oacute; palavra: Amor. O amor que det&eacute;m os gestos de Deus para com seu povo. O amor que &eacute; a linguagem do Humilde e a resposta daqueles que, mesmo com suas limita&ccedil;&otilde;es, querem corresponder ao Amor recebido.<br /> <br /> Os fi&eacute;is experimentam nesses dias santos a bondade de Deus que se uniu a cada ser humano em sua dor e sofrimento e que, por amor, n&atilde;o permaneceu no sepulcro da morte, mas venceu e vivo est&aacute;!<br /> <br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_padre-gevanildo-augusto-torres_missionario-da-comunidade-cancao-nova.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Padre Gevanildo Augusto Torres</i></b> &eacute; mission&aacute;rio da Comunidade Can&ccedil;&atilde;o Nova