A perigosa conflagração dos poderes

19 de abril de 2019 às 12:04

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
A Na&ccedil;&atilde;o est&aacute; impactada pela crise que se desenha entre Supremo Tribunal, Minist&eacute;rio P&uacute;blico, Senado e at&eacute; o Governo Federal. Est&atilde;o em rota de colis&atilde;o os titulares desses entes, definidos no artigo 2&ordm; da Constitui&ccedil;&atilde;o, como &ldquo;<b><i>independentes e harm&ocirc;nicos entre si</i></b>&rdquo;. O Tribunal abriu inqu&eacute;rito para apurar ataques sofridos por seus membros, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico determina (ou pede) arquivamento por classificar o feito como ilegal porque acusar foge &agrave;s fun&ccedil;&otilde;es do &oacute;rg&atilde;o julgador e, de outro lado, senadores (que sabatinam os ministros por ocasi&atilde;o de sua designa&ccedil;&atilde;o ao posto) movimentam-se pelo impeachment de alguns e tentam viabilizar a CPI do Lava Toga, destinada a apurar supostas irregularidades no Judici&aacute;rio. De outro lado, o presidente da Rep&uacute;blica se solidariza com ve&iacute;culos de comunica&ccedil;&atilde;o que sofreram censura decorrente do inqu&eacute;rito contestado.<br /> <br /> As institui&ccedil;&otilde;es que comp&otilde;em o trip&eacute; do regime democr&aacute;tico vivem uma inc&ocirc;moda conflagra&ccedil;&atilde;o. Em vez do esperado contrapeso institucional, temos a troca de acusa&ccedil;&otilde;es e farpas que amea&ccedil;am incendiar a Na&ccedil;&atilde;o e fragilizam aqueles que institucionalmente devem guardar as leis e, sempre que necess&aacute;rio, colocar &aacute;gua na fervura.<br /> <br /> Infelizmente, vivemos o rescaldo da grande crise que se abateu sobre a governan&ccedil;a brasileira no seu mais amplo espectro. Os crimes apurados e punidos no processo do Mensal&atilde;o, na Lava Jato e em outras a&ccedil;&otilde;es jur&iacute;dico-policial, lan&ccedil;am repercuss&otilde;es que envolvem os mais altos dignat&aacute;rios dos tr&ecirc;s poderes. Ex-governantes presos ou processados, parlamentares processados ou investigados e, tamb&eacute;m, membros do Judici&aacute;rio apontados por irregularidades supostamente cometidas antes e depois de integrarem aquele poder. Tudo isso conduz os mais de 200 milh&otilde;es de brasileiros &agrave; completa inseguran&ccedil;a institucional.<br /> <br /> O regime democr&aacute;tico brasileiro, que tanto orgulha aqueles que o operaram a partir de 1985, precisa transmitir seguran&ccedil;a &agrave; popula&ccedil;&atilde;o e dar provas de sua vitalidade. Ser suficientemente forte para apurar os ataques e as inconformidades lan&ccedil;adas sobre as institui&ccedil;&otilde;es, oferecer as mais justas solu&ccedil;&otilde;es e, com isso, garantir a estabilidade. O povo brasileiro n&atilde;o pode, jamais, restar como o marisco, &uacute;nico a sofrer conseq&uuml;&ecirc;ncias em raz&atilde;o da briga do mar contra o rochedo. A hora &eacute; de muito equil&iacute;brio e, principalmente, de priorizar o coletivo sobre o individual. Qualquer ato de for&ccedil;a, seria um inomin&aacute;vel retrocesso...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="81" align="left" /><br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo)