Uma breve reflexão sobre as instituições democráticas

12 de junho de 2019 às 17:33

Celso Tracco
Muito se fala, atualmente, sobre as institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas brasileiras. Que elas est&atilde;o em pleno funcionamento, que asseguram o Estado Democr&aacute;tico de Direito, que est&atilde;o s&oacute;lidas e consolidadas. Em primeiro lugar, devemos deixar claro que as institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas (Congresso, Judici&aacute;rio, Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica, entre outras) s&atilde;o regidas pela Constitui&ccedil;&atilde;o Federal de 1988 e, portanto, cabe a todos n&oacute;s obedecer nossa lei maior. Assim se faz em uma democracia!<br /> <br /> Aquilo que os nossos nobres deputados e senadores ganham de sal&aacute;rios e outros privil&eacute;gios est&aacute; dentro da lei. &Eacute; bem verdade que eles mesmos votaram essas leis em seu favor, mas agiram de acordo com a Constitui&ccedil;&atilde;o, portanto, dentro das regras do jogo democr&aacute;tico. Quanto tempo demora a tramita&ccedil;&atilde;o de uma emenda constitucional? Ningu&eacute;m sabe, e depende de muitos fatores: o que o Presidente da C&acirc;mara pensa a respeito; qual &eacute; quantidade de votos que a situa&ccedil;&atilde;o (favor&aacute;vel a essa proposta) tem; a fidelidade partid&aacute;ria dos deputados; a velocidade da tramita&ccedil;&atilde;o nas diversas Comiss&otilde;es legislativas; etc. Caso uma emenda constitucional, ou um projeto de lei, seja de iniciativa do Executivo, a situa&ccedil;&atilde;o ficar&aacute; ainda mais nebulosa. Por qu&ecirc;? Porque o Chefe do Executivo, o nosso Presidente da Rep&uacute;blica, tem o poder de um monarca, conferido pela Constitui&ccedil;&atilde;o. Ele pode nomear milhares de assessores, ministros, diretores de Estatais, etc. Ele tem um poder constitucional imenso, mas n&atilde;o tem todo esse poder pol&iacute;tico, pois a elei&ccedil;&atilde;o majorit&aacute;ria do Executivo nada tem a ver com a elei&ccedil;&atilde;o proporcional dos parlamentares. O que acontece? O que vemos todos os dias desde a elei&ccedil;&atilde;o direta de 1990: as chamadas crises institucionais, independentemente de quem seja o governante.<br /> <br /> A necess&aacute;ria negocia&ccedil;&atilde;o do Executivo com o Congresso traz em seu bojo incont&aacute;veis interesses pessoais e partid&aacute;rios que podem levar a um aumento de gasto p&uacute;blico, a favores aos partidos, a setores da sociedade, a leis espec&iacute;ficas para beneficiar este ou aquele e, finalmente, favorecem a corrup&ccedil;&atilde;o. E onde fica o interesse do povo, da sociedade, do bem comum, do crescimento da economia, dos empregos, da melhor qualidade de vida para todos? Creio que os &iacute;ndices de IDH, do PISA, de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, respondem essa pergunta.<br /> <br /> O que devemos fazer? Fechar o Congresso? Obviamente n&atilde;o! Regimes autorit&aacute;rios sempre fracassaram no m&eacute;dio ou no longo prazo. Todos os pa&iacute;ses que deram certo, que alcan&ccedil;aram uma menor desigualdade social, um maior crescimento e distribui&ccedil;&atilde;o de renda, uma estabilidade pol&iacute;tica, foram aqueles que empregaram e empregam uma liberdade econ&ocirc;mica em um regime democr&aacute;tico. O que devemos fazer &eacute; nos manifestar atrav&eacute;s do voto! &Eacute; elegermos parlamentares que efetivamente se identifiquem com a mudan&ccedil;a do sistema pol&iacute;tico brasileiro! &Eacute; um caminho &aacute;rduo, dif&iacute;cil, custoso? Sem d&uacute;vida! Mas, se chegarmos a esse objetivo, estaremos assegurando uma na&ccedil;&atilde;o est&aacute;vel, pr&oacute;spera, ordeira e solid&aacute;ria, para as futuras gera&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> <i><b><img src="/uploads/image/artigos_celso-luiz-tracco_economista.JPG" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> Celso Tracco</b></i> &eacute; escritor, palestrante e consultor - www.celsotracco.com