Trabalho infantil e a tolerância da sociedade

12 de junho de 2019 às 17:40

Denise Erthal de Almeida
Falar de trabalho infantil em pleno s&eacute;culo XXI (no qual os avan&ccedil;os da tecnologia, ci&ecirc;ncia, educa&ccedil;&atilde;o e sa&uacute;de s&atilde;o in&uacute;meros) deveria ser uma quest&atilde;o antiquada, superada. No entanto, historicamente a explora&ccedil;&atilde;o do trabalho infantil tem se mantido, uma vez que um dos seus determinantes &eacute; a pobreza. Tornou-se, inclusive, uma alternativa que muitas fam&iacute;lias encontram para sobreviver e est&aacute; atrelada &agrave; explora&ccedil;&atilde;o do pr&oacute;prio trabalhador adulto, decorrente da competitividade do mercado.<br /> <br /> Na contemporaneidade, as crian&ccedil;as passaram a ocupar um espa&ccedil;o central nas fam&iacute;lias e na sociedade. S&atilde;o alvo de estudos e pesquisas para a promo&ccedil;&atilde;o integral do seu desenvolvimento biopsicossocial, amparadas pelas fam&iacute;lias e protegidas pelas leis e pelo Estado. Este contexto, contudo, n&atilde;o envolve todas as crian&ccedil;as.<br /> <br /> A Pol&iacute;tica Nacional de Sa&uacute;de para a Erradica&ccedil;&atilde;o do Trabalho Infantil considera trabalho infantil todas as atividades realizadas por crian&ccedil;as ou adolescentes que contribuem para a produ&ccedil;&atilde;o de bens ou servi&ccedil;os, incluindo atividades remuneradas, trabalho familiar e tarefas dom&eacute;sticas exclusivas, realizadas no pr&oacute;prio domic&iacute;lio (OIT, 2014, p. 17).<br /> <br /> Esta quest&atilde;o social grave &eacute; tolerada muitas vezes pela sociedade pelo refor&ccedil;o ideol&oacute;gico &agrave; cultura de que crian&ccedil;as e adolescentes representariam uma amea&ccedil;a por n&atilde;o fazerem nada. Tamb&eacute;m, de que o trabalho precoce &eacute; uma alternativa para &ldquo;tir&aacute;-las&rdquo; das ruas e mant&ecirc;-las &ldquo;longe&rdquo; das drogas. Al&eacute;m de negar as necessidades de desenvolvimento, trata o descanso e o lazer como algo perverso e mal, que deve ser combatido com o trabalho. Trabalho este que passa a ser desenvolvido nas ruas ou em condi&ccedil;&otilde;es ilegais, perigosas, penosas e insalubres.<br /> <br /> O dia 12 de junho foi institu&iacute;do como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil para refor&ccedil;ar o direito da crian&ccedil;a de ser amparada pela fam&iacute;lia. Se esta se torna incapaz de cumprir essa obriga&ccedil;&atilde;o, cabe ao Estado apoi&aacute;-la, n&atilde;o &agrave;s crian&ccedil;as. O custo de al&ccedil;ar uma crian&ccedil;a ao papel de &ldquo;arrimo de fam&iacute;lia&rdquo; representa exp&ocirc;-la a danos f&iacute;sicos, intelectuais e emocionais. Paga-se um pre&ccedil;o alt&iacute;ssimo, n&atilde;o s&oacute; para as crian&ccedil;as como para o conjunto da sociedade, ao priv&aacute;-las de uma inf&acirc;ncia. (OIT, 2001, p.16).<br /> <br /> <i><b><img src="/uploads/image/artigos_denise-erthal-almeida_assistente-social.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Denise Erthal de Almeida</b></i> &eacute; assistente social, mestre em Responsabilidade e Pr&aacute;tica Gerencial e coordenadora do Curso Tecnol&oacute;gico de Gest&atilde;o de Organiza&ccedil;&otilde;es do Terceiro Setor do Centro Universit&aacute;rio Internacional Uninter.