As fragilidades da nossa República

25 de junho de 2019 às 08:34

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O Executivo insistindo em legislar (por decreto), o Legislativo invadindo atribui&ccedil;&otilde;es do Executivo e o Judici&aacute;rio criando ou validando leis como se Legislativo fosse. A Rep&uacute;blica brasileira vive contradi&ccedil;&otilde;es que tendem a enfraquec&ecirc;-la e impedir o avan&ccedil;o pol&iacute;tico-social. Depois de anos de coaliz&atilde;o danosa e promiscuidade com o Executivo, o Congresso Nacional parte agora para o confronto que, bem observado, vai al&eacute;m da desejada e legalmente estabelecida independ&ecirc;ncia dos poderes. Quando parlamentares n&atilde;o mais dominam minist&eacute;rios e nem nomeiam para os altos cargos do Executivo, ergue-se o perigoso movimento de rebeldia e medi&ccedil;&atilde;o de for&ccedil;as, incompat&iacute;vel com a harmonia entre os poderes determinada pela Constitui&ccedil;&atilde;o. De seu lado, o Judici&aacute;rio &eacute; frequentemente acionado para tornar v&aacute;lidas ou inv&aacute;lidas leis e medidas dos outros dois poderes. Seu acionamento tornou-se rotineiro porque integrantes da cena pol&iacute;tica, n&atilde;o conseguindo aprovar suas teses no lugar adequado, tentam valid&aacute;-las no tapet&atilde;o judicial.<br /> <br /> A harmonia dos poderes &eacute; o esperado. N&atilde;o para leni&ecirc;ncia de qualquer deles, mas para as decis&otilde;es equilibradas e no interesse da sociedade, legitima dona de tudo e destinat&aacute;ria das a&ccedil;&otilde;es oficiais. Executivo e Legislativo devem mirar o interesse p&uacute;blico e trabalhar &agrave; exaust&atilde;o para se encontrar o consenso. E o Judici&aacute;rio deve ater-se &agrave;s suas tarefas de dirimir d&uacute;vidas sem jamais inovar ou tolher os outros poderes em suas fun&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> No momento atual questionam-se as mudan&ccedil;as da posse e porte de arma por decreto presidencial e n&atilde;o por lei, discute-se a reforma da Previd&ecirc;ncia Social e gesta-se, entre deputados e senadores, uma reforma tribut&aacute;ria sem a participa&ccedil;&atilde;o do Executivo na sua concep&ccedil;&atilde;o. O ideal &eacute; que todas as reformas surjam de propostas tanto do Executivo quanto do Legislativo, sem o protagonismo de qualquer deles, e que do di&aacute;logo resulte o melhor para a sociedade. As intransig&ecirc;ncias, vaidades e espertezas podem servir a grupos ou a indiv&iacute;duos, mas nunca &agrave; Na&ccedil;&atilde;o. Por isso, t&ecirc;m de ser evitadas.<br /> <br /> Nosso pa&iacute;s vive a contradi&ccedil;&atilde;o de ser presidencialista e ter a Constitui&ccedil;&atilde;o de vi&eacute;s&nbsp; parlamentarista. O Judici&aacute;rio, com tanto trabalho em sua seara, &eacute; excessivamente chamado a deliberar sobre a falta de consenso de Executivo e Legislativo. O quadro &eacute; inst&aacute;vel por natureza. Presidencialismo e parlamentarismo n&atilde;o convivem. A insist&ecirc;ncia poder&aacute; levar &agrave; inviabilidade e esta &agrave; necessidade de novas decis&otilde;es sobre forma de governo onde a restaura&ccedil;&atilde;o da monarquia, inclusive, deva ser levada em considera&ccedil;&atilde;o. Se isto vier a ocorrer, pelo menos que n&atilde;o se pense numa monarquia tupiniquim, mas em algo no padr&atilde;o vigente no Reino Unido (<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><i><u>Inglaterra</u></i></span></a>, <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Irlanda_do_Norte" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><i><u>Irlanda do Norte</u></i></span></a>, <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%B3cia" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><i><u>Esc&oacute;cia</u></i></span></a> e <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADs_de_Gales" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><i>Pa&iacute;s de Gales</i></span></a>), que existe h&aacute; 12 s&eacute;culos e tem seu formato atual h&aacute; mais de 300 anos, tendo passado inc&oacute;lume por guerras, ocupa&ccedil;&atilde;o territorial, atos terroristas e cat&aacute;strofes diversas...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />