Colaboração: a riqueza da diversidade

25 de junho de 2019 às 08:38

Marília Cardoso
Somos seres sociais. Precisamos dos outros do momento em que nascemos ao que morremos. Crescemos sempre rodeados de pessoas. Nessa estrada da vida, alguns se v&atilde;o antes do que gostar&iacute;amos. Outros, somos n&oacute;s mesmos que preferimos que desembarquem. <br /> <br /> Entre chegadas e partidas, estamos sempre rodeados por grupos, seja no trabalho, na universidade, no clube. Isso &eacute; n&atilde;o s&oacute; saud&aacute;vel, como muito necess&aacute;rio ao nosso pr&oacute;prio desenvolvimento. O problema &eacute; que, normalmente, estamos sempre rodeados de pessoas muito parecidas com a gente.<br /> <br /> Nos aproximamos por afinidades, classe social, prefer&ecirc;ncias. Nos acostumamos a conviver com pessoas que pensam e acreditam no mesmo que n&oacute;s. E assim, vamos vivendo dentro de perfeitas bolhas impenetr&aacute;veis, sendo muitas vezes, quase imposs&iacute;vel ver o que est&aacute; al&eacute;m, do lado de fora.<br /> <br /> A tecnologia chega e refor&ccedil;a ainda mais essas muralhas invis&iacute;veis. Os algoritmos, que se julgam muito espertos, nos trazem s&oacute; aquilo que eles pensam que queremos ver. Dessa forma, como num ciclo sem fim, constitu&iacute;mos ideias dentro de paredes imagin&aacute;veis que separam o &ldquo;n&oacute;s&rdquo; e o &ldquo;eles&rdquo;. <br /> <br /> Cada vez mais fechados em nossos pr&oacute;prios c&iacute;rculos, ficamos dentro de redomas de vidro, blindados a tudo o que &eacute; diferente de n&oacute;s. Ao menor sinal de contato com outras vers&otilde;es, nos armamos de argumentos sem nem ao menos sermos capazes de ouvir outras partes.<br /> <br /> Nesse contexto &ldquo;emsimesmado&rdquo;, deixamos de lado a riqueza da diversidade. Ficamos colecionando figurinhas repetidas em vez de partir em busca da amplitude do &aacute;lbum. Quem tem mais idade do que n&oacute;s, &eacute; velho demais. Quem tem menos, &eacute; infantil. Quem tem mais dinheiro, &eacute; esnobe. Quem tem menos, &eacute; miser&aacute;vel. Quem pensa diferente &eacute;, simplesmente, esquisito. &nbsp;<br /> <br /> Esse &eacute; um movimento t&atilde;o limitante que at&eacute; as empresas j&aacute; se atentaram. N&atilde;o &eacute; &agrave; toa que muitas est&atilde;o criando um novo cargo: o chefe de diversidade. Esse profissional tem a miss&atilde;o de garantir que a empresa tenha pessoas de v&aacute;rios g&ecirc;neros, idades, classes sociais e principalmente experi&ecirc;ncias muito diversas. &Eacute; essa mistura de olhares e vis&otilde;es que garante um ambiente realmente f&eacute;rtil para o novo.<br /> <br /> A quest&atilde;o &eacute; t&atilde;o s&eacute;ria que, recentemente, criaram o processo seletivo &agrave;s cegas. A empresa descreve as caracter&iacute;sticas de uma vaga e entrevista os candidatos de forma virtual, distorcendo sua imagem e voz. N&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel julgar e nem ser preconceituoso com nenhuma informa&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o esteja contida apenas na comunica&ccedil;&atilde;o com o candidato. <br /> <br /> Os diplomas tamb&eacute;m est&atilde;o sendo deixados de lado. A escola da vida, muitas vezes, ensina muito mais do que universidades de renome. O passado profissional importa pouco. A capacidade de construir um futuro alinhado com as perspectivas da empresa &eacute; muito mais importante do que o hist&oacute;rico. Trata-se de uma contrata&ccedil;&atilde;o projetada para o amanh&atilde;, n&atilde;o para o ontem.<br /> <br /> Nesse ambiente, as chamadas soft skills, ou habilidades comportamentais, ganham ainda mais relev&acirc;ncia. Do que adianta dezenas de forma&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas e uma alta capacidade de entrega, se o profissional &eacute; incapaz de trabalhar e colaborar com o grupo?<br /> <br /> Pesquisas mostram que profissionais de diferentes cargos e n&iacute;veis s&atilde;o contratados por suas habilidades t&eacute;cnicas e demitidos por suas inabilidades comportamentais. E, num contexto de grandes e profundas revolu&ccedil;&otilde;es tecnol&oacute;gicas, onde as tarefas t&eacute;cnicas est&atilde;o ficando cada vez mais automatizadas, as capacidades comportamentais devem continuar se sobressaindo.<br /> <br /> A colabora&ccedil;&atilde;o, dentro de um contexto de ampla diversidade, livre de pr&eacute;-conceitos e pr&eacute;-julgamentos, promete ser uma maneira muito mais proveitosa de vivermos em grupos. A constru&ccedil;&atilde;o de uma nova sociedade depende de novas e nobres atitudes. <br /> <br /> <i><b>Mar&iacute;lia Cardoso</b></i> &eacute; jornalista, com p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em comunica&ccedil;&atilde;o empresarial, MBA em Marketing e p&oacute;s-MBA em inova&ccedil;&atilde;o. &Eacute; empreendedora, al&eacute;m de coach, facilitadora em processos de Design Thinking, professora de inova&ccedil;&atilde;o em universidades e consultora na PALAS, consultoria de inova&ccedil;&atilde;o e gest&atilde;o. Ama aprender e &eacute; adepta da mentalidade de crescimento.