A aposentadoria dos policiais

10 de julho de 2019 às 16:15

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O policial &eacute; um profissional diferenciado. O exerc&iacute;cio de sua atividade exige condicionamento e vigor f&iacute;sico, &eacute; estressante e tem caracter&iacute;sticas pr&oacute;prias. Por isso, dias atr&aacute;s, foi celebrado acordo entre parlamentares reunidos pelo presidente da C&acirc;mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e governo, para permitir sua aposentadoria aos 53 anos (homem) e 52 (mulher), desde que com 30 anos de contribui&ccedil;&atilde;o. &Eacute; imposs&iacute;vel que o policial permane&ccedil;a na ativa at&eacute; os 65 anos, como dever&aacute; ocorrer com membros de &aacute;reas que n&atilde;o envolvem riscos e nem exigem absoluta forma f&iacute;sica. No seu dia-a-dia, ele &eacute; obrigado a correr, saltar, atuar em altura e a uma s&eacute;rie de a&ccedil;&otilde;es normalmente inesperadas e perigosas. A exemplo dos atletas de competi&ccedil;&atilde;o, que n&atilde;o t&ecirc;m como atuar at&eacute; os 65 anos, o policial tem de parar mais cedo, pois a partir de certa idade seu f&iacute;sico n&atilde;o responder&aacute; &agrave;s necessidades. Por isso, as classes policiais esperam a implementa&ccedil;&atilde;o do acordo atrav&eacute;s de emendas quando da vota&ccedil;&atilde;o do projeto pelo plen&aacute;rio onde, para ser aprovado, necessitar&aacute; de 308 votos.<br /> <br /> Desde sua institui&ccedil;&atilde;o, as carreiras policiais tiveram tratamento especial por serem diferenciadas. A ocorr&ecirc;ncia (crime, sinistro e at&eacute; a preven&ccedil;&atilde;o) n&atilde;o tem hora para acontecer e nem tempo definido que caiba numa jornada de trabalho. Isso leva o policial a atuar em todas as 24 horas do dia e a nem sempre poder deixar o trabalho no vencimento de sua jornada regular. Os acontecimentos desconhecem conven&ccedil;&otilde;es e limita&ccedil;&otilde;es de tempo e espa&ccedil;o, exigindo as provid&ecirc;ncias no momento certo. Quando se trata de policiais militares, o quadro &eacute; mais r&iacute;gido, pois os regulamentos da caserna n&atilde;o permitem recusar servi&ccedil;o mesmo os mais perigosos. E o policial trabalha pelo tempo que for necess&aacute;rio, n&atilde;o recebendo horas-extra, gratifica&ccedil;&atilde;o noturna ou de feriado ou fim-de-semana e outros benef&iacute;cios que o trabalhador privado aufere por determina&ccedil;&atilde;o da CLT (Consolida&ccedil;&atilde;o das Leis do Trabalho). Mesmo assim,&nbsp; 82% dos PMs recebem sal&aacute;rios dentro do limite de remunera&ccedil;&atilde;o da previd&ecirc;ncia geral.<br /> <br /> Todos os postos da seguran&ccedil;a p&uacute;blica t&ecirc;m suas especificidades, que precisam ser respeitadas. As diferen&ccedil;as s&atilde;o resultados de d&eacute;cadas de experi&ecirc;ncia. As desigualdades entre as atividades t&ecirc;m de ser consideradas. Policiais e bombeiros militares, policiais federais e outros t&ecirc;m de ser reconhecidos pelas peculiaridades do que fazem sem jamais serem comparados aos trabalhadores gerais que, entre outras coisas, podem se recusar a executar tarefas perigosas e, inclusive, n&atilde;o trabalham habitualmente nos domingos e feriados. Mas at&eacute; entre os trabalhadores gerais s&atilde;o encontrados os que merecem tratamento diferenciado, como os professores e os trabalhadores rurais, que tamb&eacute;m dever&atilde;o se aposentar mais cedo.<br /> <br /> A reforma da Previd&ecirc;ncia &eacute; uma necessidade nacional. Mas deve ser justa e, principalmente, n&atilde;o impor aos trabalhadores, independente de sua categoria, um esfor&ccedil;o maior do que permite a sua dignidade e capacidade f&iacute;sica.<br /> &nbsp;<br /> <i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br