Privatização reduzirá o governo empresário
19 de julho de 2019 às 10:25
Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Agora, que já temos a reforma da Previdência aprovada no primeiro (e mais difícil) turno pela Câmara dos Deputados, o governo prepara as privatizações. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem definido o formato a empregar e pretende retornar R$ 450 bilhões aos cofres públicos, com a transferência à iniciativa privada de empresas públicas e mistas onde o governo é sócio, além da formalização de concessões nas áreas do pré-sal, gás e energia, rodovias e terminais aéreos e marítimos. Os capitais serão recambiados para o Tesouro ou para a CEF (Caixa Econômica Federal) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvovimento Econômico e Social), que investiram nos negócios. Está decidido que Petrobras, Banco do Brasil, CEF e BNDES ficarão fora do processo privatista.<br />
<br />
As estatais federais eram 145 ao final do governo de Itamar Franco (1992), 106 em Fernando Henrique Cardoso (2002), 154 no fim do ciclo Lula-Dilma (31-08-16) e 134 em 31 de dezembro passado, ao final do mandato de Michel Temer. Jair Bolsonaro projeta terminar seu atual período, em 31-12-2022, com apenas 12 estatais. Das 134 hoje operantes deverão restar a petroleira e os três bancos oficiais mais oito ligada a setores estratégicos e da infraestrutura.<br />
<br />
Necessárias no começo de desenvolvimento industrial, quando não haviam particulares com capital ou disposição para a realização dos serviços requisitados, as estatais perdem sua utilidade sempre que o progresso se consolida e surgem os investidores privados. Mas, ao mesmo tempo, servem instrumentos para o empreguismo político que as torna ineficientes e levam o país a problemas econômicos. Em 2014, o funcionalismo dessas empresas chegou a 552,8 mil e em março último, depois de inúmeros PDVs (Planos de Demissões Voluntárias), era de 489,5 mil empregados. Entre eles os admitidos por apadrinhamento político. Inúmeras dessas empresas são deficitárias e só não faliram porque isso não ocorre no meio estatal, onde o Tesouro cobre os rombos. Sua passagem ao regime privado eliminará o empreguismo apadrinhado e quem nelas permanecer será por razões econômicas e profissionais. Diferente do Estado, o particular não mantém empregados improdutivos.<br />
<br />
O modelo que se persegue atualmente é o liberal. As atividades, à exceção das estratégicas, deverão ser prestadas pelo setor privado mediante concessão e fiscalização governamental. E os recursos provenientes dos tributos irão para a prestação de serviços públicos que a legislação estatui como deveres do Estado para com a população. É um modelo bastante diferente do dito social-democrata aqui praticado durante as últimas três décadas, que resultou na grande recessão cujos resultados ainda são amargados pela população. Lembremos, porém, que essa privatização não resolve totalmente o problema. Além das 134 estatais mantidas pela União, existem outras 284 pertencentes a estados e municípios, que sofrem dos mesmos ou até piores vícios e problemas que os vividos nas federais...<br />
<br />
<i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br />
<br />
<br />
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />