As redes sociais revelam nossas carências?

19 de julho de 2019 às 10:28

Padre Ezequiel Dal Pozzo
O ser humano &eacute;, de alguma forma, um pouco carente. Faz parte da nossa condi&ccedil;&atilde;o sentirmos insufici&ecirc;ncias ou n&atilde;o estarmos totalmente satisfeitos com o que somos e temos. Somos habitados pelo desejo de algo mais. A car&ecirc;ncia precisa ser percebida por n&oacute;s, de tal modo a n&atilde;o pensarmos que &eacute; isso ou aquilo que vai elimin&aacute;-la. Nunca a eliminamos por completo. Precisamos aprender a lidar com ela. Ela faz parte daquilo que o ser humano &eacute;. <br /> <br /> Ocorre que muitas vezes essa car&ecirc;ncia &eacute; t&atilde;o forte que mexe com toda a pessoa. Parece que ela &eacute; perseguida pela car&ecirc;ncia. Isso se percebe em muitas pessoas, atualmente. S&atilde;o profundamente carentes, insatisfeitas, est&atilde;o &agrave; procura de migalhas de amor, de aprova&ccedil;&atilde;o e aceita&ccedil;&atilde;o. Aqui n&atilde;o fa&ccedil;o um julgamento, mas sim uma constata&ccedil;&atilde;o. O nosso tempo que possibilita, como nunca antes, contato com tantas pessoas, produz seres humanos altamente carentes, com contatos com muitos e com ningu&eacute;m ao mesmo tempo. Tudo &eacute; l&iacute;quido. Os relacionamentos n&atilde;o s&atilde;o consistentes e nem conseguem dar conta das car&ecirc;ncias. Precisa-se sempre de algu&eacute;m, de uma conversa, de uma aprova&ccedil;&atilde;o ou de uma mensagem para nos dizer que somos.&nbsp;&nbsp; &nbsp;<br /> <br /> Considero que esse sentimento manifesta o in&iacute;cio de uma doen&ccedil;a: da solid&atilde;o, da insufici&ecirc;ncia aguda. A pessoa tem relacionamento, convive, trabalha, encontra gente, mas se sente s&oacute;. E pior, n&atilde;o tem habilidade nenhuma para trabalhar essa sua solid&atilde;o. <br /> <br /> Vejo isso muito nas redes sociais. Pessoas que t&ecirc;m necessidade de comentarem sempre os mesmos personagens, dar sua opini&atilde;o, ou manifestarem seu ponto de vista no WhatsApp, nos grupos ou individualmente, mais revelam car&ecirc;ncias do que constroem relacionamentos. Se voc&ecirc; sempre responde a algu&eacute;m nos posts do Facebook e Instagram, provavelmente, voc&ecirc; mais tem necessidade de ser notado, do que simplesmente valoriza o que o outro escreveu. N&atilde;o vejo a mesma coisa, por exemplo, em quem curte ou compartilha. Curtir ainda &eacute; algo mais discreto, estou entre outros tantos, e compartilhar manifesta aquilo que acredito ou penso. N&atilde;o compartilho, por exemplo, para ser notado. O que manifesta mais minhas car&ecirc;ncias &eacute; a necessidade de falar, de expressar aquilo que sinto e penso o tempo todo, n&atilde;o conseguindo conter em mim aquela &quot;reserva de conte&uacute;do&quot; que &eacute; s&oacute; meu, que mesmo, &agrave;s vezes dolorido, n&atilde;o preciso falar a ningu&eacute;m. Falar sempre, escrever sempre, manifestar minha opini&atilde;o aos mesmos personagens, podem ser eles padres, palestrantes, artistas, pol&iacute;ticos, r&aacute;dio, jornal, marca, institui&ccedil;&atilde;o ou organiza&ccedil;&atilde;o, normalmente, mais manifesta car&ecirc;ncia do que serenidade e maturidade. Esse comportamento beira bem pr&oacute;ximo da doen&ccedil;a. Pessoas com esses comportamentos querem receber uma &quot;migalha de resposta&quot; que lhes diga que n&atilde;o est&atilde;o sozinhas.<br /> <br /> Tenho convic&ccedil;&atilde;o de que esse comportamento n&atilde;o &eacute; solu&ccedil;&atilde;o para as car&ecirc;ncias. Deveriam olhar para dentro de si mesmas, sofrer essas car&ecirc;ncias, mas encontrar as respostas l&aacute; dentro, no contato profundo consigo e com Deus. A partir disso cada um pode avaliar seu comportamento.<br /> <br /> Pense sobre isso. Como est&aacute; sua vida nas redes sociais?<br /> <br /> <i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_padre-ezequiel-dal-pozzo.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Padre Ezequiel Dal Pozzo</b></i><br /> contato@padreezequiel.com.br