Realinhar universidade e comunidade

19 de agosto de 2019 às 13:47

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Por mais inc&ocirc;modo que pare&ccedil;am aos integrantes da comunidade acad&ecirc;mica, &eacute; interessante o novo formato que o governo federal pretende implantar para o custeio das universidades. Privilegiar com mais recursos aquelas que apresentam melhor desempenho em indicadores como governan&ccedil;a, inova&ccedil;&atilde;o e empregabilidade, pode significar lev&aacute;-las ao encontro da sociedade que, via impostos, as sustentam. &Eacute; a forma de devolver &agrave; comunidade os investimentos, atrav&eacute;s de m&atilde;o-de-obra qualificada e servi&ccedil;os que alavanquem o progresso e tornem melhor a vida de cidad&atilde;o. Necess&aacute;rio se faz, ainda, atualizar os curr&iacute;culos e mat&eacute;rias de acordo com as necessidades do mundo globalizado. Certos saberes hoje cultivados s&atilde;o muito espec&iacute;ficos, acabaram perdendo o interesse geral e devem ser substitu&iacute;dos por novas demandas, especialmente as do campo tecnol&oacute;gico.<br /> <br /> H&aacute; muito se critica o div&oacute;rcio entre universidade e comunidade. Diz-se que a realidade vivida e transmitida ao alunado dentro dos campi normalmente n&atilde;o condiz com a da sociedade onde est&atilde;o inseridos e que um enorme fosso impede que se aproximem e possam interagir e melhorar o quadro geral, principal raz&atilde;o de cria&ccedil;&atilde;o das escolas. Por mais mirabolantes e revolucion&aacute;rias que sejam as pesquisas e os saberes contidos no ambiente universit&aacute;rio, eles pouco valer&atilde;o se n&atilde;o tiverem como destinat&aacute;rios o desenvolvimento do pa&iacute;s e o bem-estar da popula&ccedil;&atilde;o. Quando n&atilde;o t&ecirc;m essa liga&ccedil;&atilde;o, servem apenas alimentar a vaidade e crescer o umbigo de seus operadores em, ainda, consomem os recursos que melhor poderiam ser aplicados na solu&ccedil;&atilde;o de problemas comunit&aacute;rios.<br /> <br /> A universidade &eacute; necess&aacute;ria. Foi dela que saiu boa parte dos homens e mulheres que fizeram e ainda fazem a diferen&ccedil;a nos importantes setores da sociedade. Desde o seu princ&iacute;pio, o alunado teve algum tipo de participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica, mas as institui&ccedil;&otilde;es n&atilde;o se descuidavam do principal: o ensino e a qualifica&ccedil;&atilde;o. Nos momentos de supervaloriza&ccedil;&atilde;o democr&aacute;tica &ndash; onde tudo se dizia resolver com democracia &ndash; ocorreram as distor&ccedil;&otilde;es e muitas institui&ccedil;&otilde;es restaram aparelhadas ideologicamente e at&eacute; perderam de vista a verdadeira finalidade educativa. Serviram, inclusive, para acomodar militantes que pouco ou nada produziram para a educa&ccedil;&atilde;o e o ensino. Da&iacute; a crise tornou-se inevit&aacute;vel e se agravou quando os governos deixaram de investir no ensino b&aacute;sico e m&eacute;dio pra priorizar a universidade, mesmo que invi&aacute;veis.<br /> <br /> Hoje a grande tarefa &eacute; promover o reencontro da finalidade de ensino com as necessidades da comunidade, al&eacute;m de evitar que a atividade pol&iacute;tica, em vez de simplesmente trazer consci&ecirc;ncia cr&iacute;tica aos alunos, ocupe o lugar do ensino. &Eacute; preciso parar com a forma&ccedil;&atilde;o de militantes em lugar de advogados, engenheiros, m&eacute;dicos, professores e outros profissionais que o mercado necessita. &nbsp;<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp; <br />