7 de setembro: O famoso grito da independência

07 de setembro de 2019 às 11:01

Sérgio Ribeiro Santos
Neste 7 de setembro, o Brasil comemora 197 anos do famoso Grito do Ipiranga. No entanto, como geralmente ocorre com datas comemorativas, convencionou-se este dia para celebrar o momento em que o Brasil deixa de ser uma col&ocirc;nia de Portugal e passa a ser um pa&iacute;s que dirigir&aacute; seu pr&oacute;prio destino. Na historiografia, h&aacute; a imagem de que datas s&atilde;o como pontas de iceberg, que servem principalmente para indicarem um corpo submerso. Neste caso, podemos entender o referido epis&oacute;dio como esta ponta que revela todo um processo entre a chegada da Fam&iacute;lia Real ao Brasil em 1808 e a coroa&ccedil;&atilde;o de D. Pedro II em 1841.<br /> <br /> No entanto, movimentos emancipacionistas j&aacute; se instalavam na Col&ocirc;nia, antes mesmo de 1808. Basta olharmos para a Inconfid&ecirc;ncia Mineira (1789) e a Conjura&ccedil;&atilde;o Baiana (1798). Al&eacute;m do que, a Revolu&ccedil;&atilde;o Francesa, Independ&ecirc;ncia dos Estados Unidos e das Col&ocirc;nias na Am&eacute;rica Espanhola, criavam todo um contexto que fomentava ainda mais as aspira&ccedil;&otilde;es de uma elite local que deseja se emancipar da antiga Metr&oacute;pole.<br /> <br /> Toda essa situa&ccedil;&atilde;o se torna ainda mais cr&ocirc;nica com a chegada da Fam&iacute;lia Real ao Brasil. A Col&ocirc;nia passa a ter status de Sede do Governo Imperial, o Brasil passa integrar o Reino Unido de Portugal e Algarves e toda uma estrutura administrativa e pol&iacute;tica &eacute; constru&iacute;da para atender o governo de D. Jo&atilde;o VI. Contudo, tais medidas privilegiam os portugueses e ao mesmo tempo desagradam as lideran&ccedil;as locais, que passaram a se sentir preteridas.<br /> <br /> Com o retorno de D. Jo&atilde;o VI &agrave; Portugal, as rela&ccedil;&otilde;es entre Lisboa e Brasil tornam-se cada vez mais dif&iacute;ceis. As lideran&ccedil;as locais se aproximam de D. Pedro I, e este, instado por elas, e resistindo a press&atilde;o de Portugal para retornar &agrave; Europa, protagoniza o famoso ato que ficaria imortalizado no quadro de Pedro Am&eacute;rico.<br /> <br /> Contudo, a constru&ccedil;&atilde;o de uma nova na&ccedil;&atilde;o ainda estava em seu in&iacute;cio e seria este um processo que enfrentaria muita luta interna e externa. Os modelos que serviriam de base para este novo projeto pol&iacute;tico lutariam entre si at&eacute; que o pr&oacute;prio Brasil visse a si mesmo como uma na&ccedil;&atilde;o independente. Ali&aacute;s, processo este que ainda hoje est&aacute; em pleno andamento e que disputam almas e consci&ecirc;ncias de cada brasileiro.<br /> <br /> <i><b>S&eacute;rgio Ribeiro Santos</b></i>: Graduado em Teologia, Mestre e Doutor em Hist&oacute;ria. &Eacute; coordenador dos Cursos de Licenciatura em Hist&oacute;ria e Geografia (EaD da Universidade Presbiteriana Mackenzie.