O suicídio e a morte da dor

16 de setembro de 2019 às 09:25

Padre Ezequiel Dal Pozzo
Muitas vezes pensamos que o dinheiro &eacute; o que importa na vida. Um palestrante contou em sua palestra: &ldquo;&Agrave;s vezes, nos iludimos pensando que os filhos de milion&aacute;rios s&atilde;o muito ricos e felizes. Certo dia recebi um telefonema de um empres&aacute;rio, dono de grande empresa, onde eu havia dado consultoria e me falou que o filho dele de 23 anos havia morrido. Estava viajando e n&atilde;o pude ir ao enterro. Ao retornar da viagem fui visitar a fam&iacute;lia e participei de um ritual judeu onde se celebra durante sete dias depois da morte. Quando estava indo embora o irm&atilde;o mais velho chegou a mim e disse que encontrara a agenda do seu irm&atilde;o onde viu que estava marcada uma reuni&atilde;o comigo, na semana seguinte a sua morte, de orienta&ccedil;&atilde;o de carreira. Pensou que se o irm&atilde;o tivesse conversado comigo, tudo poderia ter sido diferente.&nbsp; Perguntei a causa da morte do irm&atilde;o e ele me falou com os olhos cheios de l&aacute;grimas que havia sido suic&iacute;dio. O rapaz que parecia saud&aacute;vel&nbsp; se jogou do pr&eacute;dio. <br /> <br /> N&atilde;o consegui trabalhar naquele dia, pois fiquei em choque. Pensava sobre a vida e sobre os rumos que ela pode tomar quando na vida temos tudo, menos amor, tempo, aten&ccedil;&atilde;o e cuidado. Os pais daquele jovem se dedicaram para construir um imp&eacute;rio. Provavelmente n&atilde;o tiverem tempo para a fam&iacute;lia, para estar perto dos filhos, para perceber suas reais necessidades. Certamente a necessidade maior n&atilde;o era dinheiro, mas era sim consolo da alma, supera&ccedil;&atilde;o da ang&uacute;stia. O dinheiro n&atilde;o supre o afeto. Eles sempre tiveram um estilo de vida caro, rico em presentes, mas muito pobre em tempo&rdquo;. <br /> &nbsp;<br /> Caro leitor, essa pequena hist&oacute;ria j&aacute; tem a sua li&ccedil;&atilde;o. Naturalmente que n&atilde;o d&aacute; pra jogar a responsabilidade do suic&iacute;dio sobre os pais. A vida &eacute; tarefa de cada um. Esse filho, embora dentro desse contexto, n&atilde;o teria raz&atilde;o para fazer isso. Nenhuma raz&atilde;o &eacute; razo&aacute;vel para o suic&iacute;dio. A pessoa que desiste de viver, desiste de sua dor. N&atilde;o precisamos jogar nos outros a culpa e nem em quem comete. Se os outros s&atilde;o culpados, tamb&eacute;m aquele que se suicida mostra sua fraqueza.&nbsp; O que d&aacute; para dizer &eacute; que n&oacute;s podemos aprender com tudo. A vida &eacute; bonita e pode ser vivida com qualidade. Trabalhar, ganhar dinheiro, evoluir, ter sucesso, tudo &eacute; legitimo, quando regado pelo amor. O mundo precisa de mais amor. As fam&iacute;lias podem dedicar mais tempo para que o amor n&atilde;o falte. Pode at&eacute; faltar outras coisas, mas amor &eacute; o que d&aacute; sabor e alegria &agrave; vida.<br /> <br /> <i><b>Padre Ezequiel Dal Pozzo</b></i><br /> contato@padreezequiel.com.br