O JESUS DO PORTA DOS FUNDOS NÃO É AQUELE EM QUEM ACREDITO!

16 de dezembro de 2019 às 15:59

Padre Ezequiel Dal Pozzo
Pegaram o nome de Jesus e fizeram uma caricatura a seu modo e a seu n&iacute;vel. Claro, Jesus j&aacute; n&atilde;o &eacute; um patrim&ocirc;nio das religi&otilde;es. Cada um pode falar e comentar sobre ele. Certo &eacute; que Jesus tem uma identidade que vem pela B&iacute;blia, pela teologia e pelas religi&otilde;es. Essa identidade n&atilde;o corresponde em nada a caricatura que fizeram o Porta dos Fundos. Caricaturas s&atilde;o caricaturas. Lembram o personagem, mas n&atilde;o a verdade do que ele &eacute;.<br /> <br /> O Especial de Natal porta dos Fundos se beber n&atilde;o ceie, est&aacute; t&atilde;o longe de mostrar quem &eacute; Jesus, n&atilde;o tem nada de Jesus, nada de Natal e nem de especial. O Jesus, a ceia e a cruz que fizeram s&oacute; t&ecirc;m bizarrice, caricatura, palavr&otilde;es e, porque indica uma liga&ccedil;&atilde;o com o Jesus da B&iacute;blia, tem muito de desrespeito. O jeito de falar &eacute; pr&oacute;prio da comunica&ccedil;&atilde;o rasa e cheia de palavr&otilde;es do submundo moderno. As m&aacute;gicas s&atilde;o caricaturas da express&atilde;o de amor do Jesus da B&iacute;blia, cujas a&ccedil;&otilde;es se concentravam somente em fazer o bem. A a&ccedil;&atilde;o amorosa era o verdadeiro milagre. O amor no Jesus da B&iacute;blia e da f&eacute; fazia acontecer coisas maravilhosas.<br /> <br /> O Jesus do Porta n&atilde;o tem nada disso. A caricatura o distancia tanto do Jesus da B&iacute;blia que nenhuma express&atilde;o o torna digno de proximidade. Esse Jesus n&atilde;o me acrescenta nada, nem na palavra, nem nas atitudes e em nenhuma de suas express&otilde;es. O Jesus da B&iacute;blia suscita o desejo de proximidade pela intensidade do amor que manifesta nos gestos e palavras.<br /> <br /> N&atilde;o sei a inten&ccedil;&atilde;o real desse especial do Portas. Se era audi&ecirc;ncia, atingiram o objetivo. Se era de criar pol&ecirc;mica, tamb&eacute;m. Mas a pol&ecirc;mica se cria a partir do questionamento de uma verdade, ou a partir da proposi&ccedil;&atilde;o de uma suposta verdade, que n&atilde;o &eacute; o que fizeram. A caricatura feita &eacute; t&atilde;o distante do Jesus da B&iacute;blia que para isso n&atilde;o serve. Se fizeram para desrespeitar a f&eacute;, o que dizer? O Jesus do Porta n&atilde;o &eacute; o Jesus que acreditamos. Se pensaram s&oacute; no humor, poder&iacute;amos perguntar: que tipo de humor &eacute; esse? Que criatividade &eacute; essa e que linguagem &eacute; essa? N&atilde;o vi gra&ccedil;a no epis&oacute;dio. Talvez, porque via ali um Jesus que nada tem a ver com o Jesus que eu acredito, e inconscientemente buscasse tra&ccedil;os do Jesus da B&iacute;blia. A linguagem usada n&atilde;o &eacute; universal, mas particularizada, do mundo dos palavr&otilde;es e da consci&ecirc;ncia rasa. Se quiseram questionar alguma teologia acerca do Jesus da B&iacute;blia, naquilo que chamam verdade-consequ&ecirc;ncia, n&atilde;o vejo consist&ecirc;ncia. Como se a verdade daquilo que acreditamos sobre Jesus fosse consequ&ecirc;ncia de inven&ccedil;&otilde;es sem fundamento como eles tentam sugerir.<br /> <br /> O Jesus da B&iacute;blia desperta uma verdade que transforma o mundo no amor. O Porta quer criar uma consequ&ecirc;ncia, isto &eacute;, questionar a verdade de nossa cren&ccedil;a a partir da bizarrice e da adultera&ccedil;&atilde;o barata.<br /> <br /> De fato, a caricatura &eacute; t&atilde;o grotesca que do Jesus que eu acredito n&atilde;o tem nada. O Jesus da B&iacute;blia tem compaix&atilde;o, at&eacute; mesmo, para esse n&iacute;vel de consci&ecirc;ncia retratado no Portas, mas convoca a evolu&ccedil;&atilde;o da consci&ecirc;ncia. A vida verdadeira n&atilde;o acontece nesse n&iacute;vel raso do Porta dos Fundos. O Jesus da B&iacute;blia &eacute; um apelo a evolu&ccedil;&atilde;o humana e n&atilde;o ao pensamento raso e desrespeitoso.<br /> <br /> A pol&ecirc;mica logo disse que haviam retratado Jesus como homossexual, mas o problema &eacute; todo o enredo e n&atilde;o isso. Fazem de Jesus, dos disc&iacute;pulos, da ceia e da cruz o que bem entendem, sem crit&eacute;rio e sem fundamento. Se tivessem o objetivo de provocar um debate teol&oacute;gico sobre a imagem de Deus que temos, sobre o jeito de interpretarmos o Jesus da B&iacute;blia, sobre algum valor presente em Jesus que foi possivelmente esquecido por n&oacute;s, a&iacute; tudo bem. Mas transformam o conte&uacute;do religioso de valores e f&eacute;, a partir do seu jeito de ver e viver a vida, a festa e a religi&atilde;o. Nada de s&eacute;rio e digno de aplausos tem ali nesse especial. Seria uma com&eacute;dia pra algu&eacute;m rir? As cabe&ccedil;as e mentes que concebem a vida e a religi&atilde;o assim, talvez possam rir. Fora isso, muitos achar&atilde;o estranho, alguns ofensivos e outros de muito mau gosto.<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_padre-ezequiel-dal-pozzo.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <b><i><br /> Pe. Ezequiel Dal Pozzo</i></b><br />