Um brinde a José

16 de dezembro de 2019 às 16:19

Daniel Medeiros
A figura que mais me encanta no Natal &eacute; Jos&eacute;. Acho incr&iacute;vel que Jos&eacute; aceitou a hist&oacute;ria de Maria. Um anjo veio e disse que ela teria um filho de Deus. Ela ent&atilde;o conta para Jos&eacute; e Jos&eacute; acredita, aceita e acolhe. Cria o menino como seu, corre riscos por ele, ama e educa. O carpinteiro Jos&eacute;, discreto e humilde. Que homem. Admiro e sinto-me muito pequeno diante da lembran&ccedil;a dele.<br /> <br /> Imagina hoje, um Jos&eacute;, quantos existem? O menino Jesus, pequenino ainda, um belo dia some e quando o encontram est&aacute; l&aacute; conversando com os rabinos. Bronca? Castigo? Nada. O bom e velho Jos&eacute; aceita e acolhe. Ele &eacute; uma Constitui&ccedil;&atilde;o, com fundamentos e princ&iacute;pios claros de como criar um salvador. E assim chegou Jesus &agrave; vida adulta. E foi para o sacrif&iacute;cio. E &eacute; principalmente nesse momento que a minha fantasia diverge da fantasia comum.<br /> <br /> Esse Jesus que brigou com os vendilh&otilde;es do templo, enfrentou as autoridades religiosas,&nbsp; aceitou as acusa&ccedil;&otilde;es injustas, o sofrimento f&iacute;sico e a morte na cruz, era assim porque era o filho que Jos&eacute; criou, com firmeza de car&aacute;ter, determina&ccedil;&atilde;o de ideias, coragem de assumi-las e sustent&aacute;-las. Pois quem mais deu um exemplo desses a Jesus? Deus, distante e amb&iacute;guo, incapaz de um tete a tete direto com Maria, a ponto de mandar um mensageiro para uma decis&atilde;o t&atilde;o fundamental? N&atilde;o. Jos&eacute;, esse sim foi o macho da porra que deveria ser lembrado e celebrado como o modelo do homem que comp&otilde;e, agrega, aceita e assume o amor da m&atilde;e - a Maria que gerou o menino que foi salvo por Jos&eacute;, r&aacute;pido no gatilho, que soube que deveria fugir quando o rei maluco queria matar todos os primog&ecirc;nitos. Poderia ter a&iacute;, Jos&eacute;, testado o Deus fecundador.<br /> <br /> Ora, se &eacute; Deus, por que sou eu, o carpinteiro, que tenho de fugir, correr riscos, dormir ao relento, ver minha esposa dar a luz em meio aos bichos, para salvar o filho que nem &eacute; meu? Mas Jos&eacute; n&atilde;o entrou nessa discuss&atilde;o cheia de testosterona com o Pai celestial. Fez a parte dele. E sem cobrar cr&eacute;dito ou reivindicar privil&eacute;gios. Fez e pronto.<br /> <br /> Nasceu o menino Jesus, bonitinho, moreninho, os cabelos e olhos negros como os do lugar, o choro de crian&ccedil;a saud&aacute;vel, logo buscando o seio materno, o amor materno. O pai, sabe Deus onde estava. Mas Jos&eacute; estava ali, ao alcance da m&atilde;o. Esse Jos&eacute; eu brindo no Natal. Sem ele, n&atilde;o haveria Jesus. Ou haveria. Mas n&atilde;o seria amoroso e cheio de compaix&atilde;o. Jesus teve com quem aprender. E aprendeu. Mazal Tov.<br /> <br /> <img src="/uploads/image/artigos_daniel-medeiros_doutor-em-educacao-historica-ufpr_sb_.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Daniel Medeiros</i></b> &eacute; doutor em Educa&ccedil;&atilde;o Hist&oacute;rica pela UFPR e professor de Hist&oacute;ria no Curso Positivo.