365 menos oportunidades para diminuir a violência
09 de janeiro de 2020 às 10:05
Marco Antônio Barbosa
Mais um ano se passou sem que medidas de longo prazo fossem tomadas para amenizar o caos na segurança pública brasileira. Continuamos estarrecidos, acompanhando noticiários recheados de crimes, chacinas e roubos cinematográficos, casos quando o crime organizado afronta nosso sistema policial e, em nenhum momento, parece temer.<br />
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Diversos dados, porém, mostram que os números da violência diminuíram. Isso não seria uma luz no fim do túnel?<br />
Infelizmente, os principais institutos de estudo nesta área, como o Atlas Anual da Violência, apontam tal melhora como um mero golpe de sorte. As facções criminosas, que há muitos anos guerreavam por espaço e poder, deram uma trégua. Nada tem a ver com investimentos certeiros do poder público na área de segurança.<br />
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Continuamos remediando ao invés de prevenir. As leis propostas, como o Pacote Anticrime, seguem tramitando a passos de tartaruga no nosso Congresso. Não existe interesse latente em mudar o sistema corrupto que assola o país e que respinga, obviamente, na segurança pública.<br />
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Além disso, investimentos na diminuição da desigualdade social também minguam no Brasil, o verdadeiro cerne da questão, principal causa da violência. Poucos ganham muito e muitos ficam com as migalhas em todos os setores básicos, como saúde, educação, saneamento básico, moradia, etc. Sem alternativa, o crime organizado chega como a salvação a parcela considerável da população.<br />
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Sem contar a sistêmica morosidade, incômoda particularidade no Brasil, em reformas de extrema necessidade, como as do judiciário, do sistema prisional e das polícias. A demora do nosso conjunto administrativo somada à lotação das cadeias (fora os fatores previamente citados neste texto), compõem um prato cheio para a criminalidade fortalecer seu poder paralelo. E tal poder, como dissemos, consegue diminuir os números da violência, muito mais do que o Governo.<br />
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Segundo dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os gastos do governo com segurança pública no Brasil totalizaram R$ 91,2 bilhões em 2018, o equivalente a 1,34% do PIB ou R$ 409,66 por brasileiro. Em relação ao ano anterior, o país aumentou as despesas com a área em 3,9%. Mas, sem essas reformas, leis e mudanças, um considerável montante oriundo do bolso de cada um de nós é empregado de forma completamente equivocada e não efetiva para mudar o quadro de guerra em que o país vive atualmente.<br />
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Em 2020, nós, eleitores, temos mais uma chance de ajudar nestas mudanças. Os pleitos municipais são uma oportunidade de elegermos novas políticas que combatam a violência de baixo para cima, começando nas cidades. Novos líderes, que pensem na segurança a longo prazo, podem surgir. Por que não? Além te termos esperança, é preciso que tenhamos consciência na hora de votar: que estejamos bem informados e pautados nas nossas crenças para a real evolução do Brasil. Sem isso, seguiremos na sorte e na mão das facções.<br />
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Por <i><b>Marco Antônio Barbosa</b></i> é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.