Correios, se não tiver interessados, fechar...

16 de janeiro de 2020 às 08:29

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Privatiza&ccedil;&atilde;o &eacute; a palavra cabal&iacute;stica do meio pol&iacute;tico-administrativo. Nos anos 90, ao privatizar as teles, o governo de Fernando Henrique Cardoso deu um grande passo rumo &agrave; moderniza&ccedil;&atilde;o das comunica&ccedil;&otilde;es. Mas quebrou a cara ao entregar as ferrovias a empresas que n&atilde;o conseguiram evoluir e nem mesmo preservar o que receberam. J&aacute; as rodovias, apesar das queixas dos altos pre&ccedil;os dos ped&aacute;gios, s&atilde;o hoje melhores do que naquela &eacute;poca. Os Correios j&aacute; haviam passado pelas tentativas de racionaliza&ccedil;&atilde;o de Fernando Collor de Mello, que deram errado, e nos mandatos dos petistas Lula e Dilma tornaram-se moeda de troca pol&iacute;tica, mesmo sendo monop&oacute;lio, se desestruturaram e geraram elevados preju&iacute;zos para, ao lado de outros problemas, se tornarem casos de pol&iacute;cia.<br /> <br /> O presidente Bolsonaro disse que privatizaria os Correios, mas tem dificuldades para aprovar a medida no Congresso e, ainda, n&atilde;o quer prejudicar o funcionalismo da empresa. J&aacute; o presidente da C&acirc;mara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) defende sua manuten&ccedil;&atilde;o como empresa p&uacute;blica e a flexibiliza&ccedil;&atilde;o do monop&oacute;lio para permitir que outras empresas possam realizar o seu servi&ccedil;o. Dif&iacute;cil, no entanto, admitir essa possibilidade pois, se a empresa n&atilde;o se sustentou como monop&oacute;lio, n&atilde;o o far&aacute; dividindo o mercado com concorrentes.<br /> <br /> Os Correios, atualmente, n&atilde;o prestam um bom servi&ccedil;o. Se deixarem de existir, a sociedade n&atilde;o sentir&aacute; sua falta porque existem empresas &ndash; que entregam encomendas, com&eacute;rcio eletr&ocirc;nico, jornais e at&eacute; os atuais terceirizados do pr&oacute;prio Correio &ndash; em condi&ccedil;&otilde;es de assumir com vantagens a sua tarefa. Bastar&aacute; uma lei revogando o monop&oacute;lio. Se n&atilde;o encontrar interessados em adquiri-los, o governo que os feche, para cessar os preju&iacute;zos. Quanto aos funcion&aacute;rios, se houver interesse em aproveit&aacute;-los, poder&atilde;o ser levados a outros &oacute;rg&atilde;os estatais, desde que se fa&ccedil;a uma lei para tanto. &nbsp;<br /> <br /> Existe, absurdamente, dinheiro do governo em 637 empresas estatais e privadas. Al&eacute;m das estatais e mistas conhecidas, o er&aacute;rio tem a&ccedil;&otilde;es e participa&ccedil;&atilde;o em f&aacute;bricas de cimento, palha de a&ccedil;o, m&aacute;quinas de pagamento, equipamentos odontol&oacute;gicos, alimentos, rem&eacute;dios, hot&eacute;is, empresas de telefonia e outros. H&aacute; at&eacute; um banco na Venezuela, que quebrou. &Eacute; preciso buscar a liquidez desses recursos e devolv&ecirc;-los ao er&aacute;rio para, finalmente, empreg&aacute;-los em servi&ccedil;os &agrave; popula&ccedil;&atilde;o, &uacute;nica destina&ccedil;&atilde;o plaus&iacute;vel ao dinheiro p&uacute;blico.<br /> <br /> Alem do Correio, todas as empresas estatais que n&atilde;o se sustentam t&ecirc;m de ser passadas &agrave; iniciativa privada. &Eacute; preciso acabar com o empreguismo e os privil&eacute;gios que s&oacute; o poder p&uacute;blico concede porque suas empresas s&atilde;o imunes &agrave; fal&ecirc;ncia, j&aacute; que o Tesouro cobre seus rombos. No atual est&aacute;gio da economia e da vida nacional, o Estado deve ficar exclusivamente com o licenciamento e a fiscaliza&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os concedidos. S&oacute; executar os servi&ccedil;os de Educa&ccedil;&atilde;o, Sa&uacute;de e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, que a Constitui&ccedil;&atilde;o define como obriga&ccedil;&otilde;es do poder p&uacute;blico.<br /> <br /> &Eacute; preciso eliminar o paternalismo e todos os velhos h&aacute;bitos e v&iacute;cios que nos levaram &agrave; quebradeira. O pa&iacute;s precisa estar em conson&acirc;ncia com as regras e procedimentos que movimentam o mundo moderno. Sem isso, n&atilde;o iremos a lugar algum...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br