Os 7 grandes desafios da educação brasileira para 2020

24 de fevereiro de 2020 às 10:26

Renato Casagrande
Iniciamos mais um ano letivo e junto dele algumas preocupa&ccedil;&otilde;es, expectativas e desafios para educa&ccedil;&atilde;o brasileira. Ap&oacute;s um ano cheio de desafios, 2020 parece ser decisivo. A come&ccedil;ar pelo desenrolar dos problemas com o Exame Nacional do Ensino M&eacute;dio (ENEM) e com o Sistema de Sele&ccedil;&atilde;o Unificada (SISU) e os problemas com a educa&ccedil;&atilde;o brasileira. <br /> <br /> Podemos listar estes em sete principais desafios: o Fundo de Desenvolvimento da Educa&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica (Fundeb); a execu&ccedil;&atilde;o do Plano Nacional da Educa&ccedil;&atilde;o (PNE); a implanta&ccedil;&atilde;o da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica; a introdu&ccedil;&atilde;o ao novo ensino m&eacute;dio; o in&iacute;cio das escolas c&iacute;vico-militares; a amplia&ccedil;&atilde;o em 40% da carga hor&aacute;ria &agrave; dist&acirc;ncia para cursos de n&iacute;vel superior na modalidade presencial; a aprova&ccedil;&atilde;o e implanta&ccedil;&atilde;o do Programa Future-se para educa&ccedil;&atilde;o superior p&uacute;blica. <br /> <br /> Em 2014, o PNE estabeleceu diretrizes que devem reger o trabalho educacional no Brasil. O plano tra&ccedil;ou algumas metas e estrat&eacute;gias que devem ser concretizadas at&eacute; o fim deste ano. Portanto, cabe a sociedade supervisionar o cumprimento dessas metas, fundamentais para alcan&ccedil;ar mais qualidade e igualdade no sistema de ensino brasileiro. <br /> <br /> Outro problema a ser resolvido refere-se aos gastos na educa&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica, financiados pelo Fundeb e respons&aacute;vel por 60% dos investimentos e despesas com a educa&ccedil;&atilde;o brasileira. No final deste ano expira a lei que institui o fundo, em vigor desde 2007, portanto faz-se necess&aacute;rio que o governo aprove o novo fundo para n&atilde;o causar desordem na educa&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que a maioria dos munic&iacute;pios usam este dinheiro para garantir a folha de pagamento dos professores e funcion&aacute;rios das escolas. <br /> <br /> Desafio para este ano, a implanta&ccedil;&atilde;o da BNCC -- conjunto de orienta&ccedil;&otilde;es que passam a nortear os curr&iacute;culos das escolas das redes p&uacute;blicas e privadas de todo o Brasil. A base foi criada a fim de elevar a qualidade de ensino no pa&iacute;s, atrav&eacute;s de uma refer&ecirc;ncia comum obrigat&oacute;ria a todas as escolas de educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica, respeitando a autonomia garantida em Constitui&ccedil;&atilde;o aos entes federados e &agrave;s escolas. <br /> <br /> Este ano acontece tamb&eacute;m a implanta&ccedil;&atilde;o do novo ensino m&eacute;dio. Muitas expectativas giram em torno do projeto, visto que est&atilde;o previstas algumas mudan&ccedil;as na estrutura do ensino como amplia&ccedil;&atilde;o da carga hor&aacute;ria, matriz curricular mais flex&iacute;vel -- ofertando itiner&aacute;rios formativos -- com foco nas &aacute;reas de conhecimento na forma&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica profissional. <br /> <br /> Na educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica, h&aacute; grande expectativa com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; introdu&ccedil;&atilde;o das escolas c&iacute;vico-militares, projeto bastante questionado por especialistas. Segundo o MEC, o projeto piloto -- em parceria com o Minist&eacute;rio da Defesa -- come&ccedil;a a ser implantado em 54 escolas, divididas em 23 estados e no Distrito Federal. A motiva&ccedil;&atilde;o do governo por tr&aacute;s das escolas c&iacute;vico-militares, al&eacute;m de melhorar os indicadores de qualidade, &eacute; de promover a disciplina nas escolas, como ocorre nas demais institui&ccedil;&otilde;es militares j&aacute; em funcionamento no Brasil. <br /> <br /> O objetivo do MEC &eacute; instalar 216 escolas desta natureza em todo o pa&iacute;s at&eacute; 2023. Para 2021, o programa est&aacute; or&ccedil;ado em R$ 54 milh&otilde;es, o dinheiro investido ser&aacute; destinado ao pagamento de pessoal, melhoria de infraestrutura, compra de material escolar, uniformes, entre outras pequenas interven&ccedil;&otilde;es. <br /> <br /> Uma das mudan&ccedil;as previstas para o ensino superior &eacute; a altera&ccedil;&atilde;o da carga hor&aacute;ria para cursos na modalidade presencial -- v&aacute;lido para institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas e privadas -- que poder&atilde;o ofertar at&eacute; 40% da sua carga hor&aacute;ria a dist&acirc;ncia (com exce&ccedil;&atilde;o do curso de medicina). Portanto, os cursos superiores ter&atilde;o significativas mudan&ccedil;as -- com a flexibiliza&ccedil;&atilde;o das aulas. Estudos preliminares mostram que a grande maioria dos alunos ter&aacute; apenas tr&ecirc;s dias de aulas em regime presencial. <br /> <br /> E por fim, o Future-se, projeto apresentado pelo MEC -- em julho do ano passado -- que tem como objetivo dar maior autonomia financeiras &agrave;s universidades e institutos federais por meio do fomento &agrave; capta&ccedil;&atilde;o de recursos pr&oacute;prios e ao empreendedorismo, de forma a complementar os or&ccedil;amentos dessas institui&ccedil;&otilde;es. Embora com muitas cr&iacute;ticas, o projeto ser&aacute; bastante debatido neste ano e, se aprovado pelo Congresso, as IES p&uacute;blicas que aderirem dever&atilde;o se aproximar mais do setor produtivo, com a expectativa de ampliarem seus recursos e garantir mais taxas de sucesso dos seus alunos, principalmente com o aumento da empregabilidade. <br /> <br /> Esses, acredito, s&atilde;o os principais desafios que a educa&ccedil;&atilde;o brasileira viver&aacute; neste ano. &Eacute; fundamental que a sociedade esteja engajada em todos esses projetos e ajude os educadores no questionamento, monitoramento e implanta&ccedil;&atilde;o de todos esses programas para que de fato consigamos dar passos largos em prol de uma educa&ccedil;&atilde;o mais inclusiva, mais justa e de maior qualidade. <br /> <br /> Por <i><b>Renato Casagrande</b>.<b> </b></i>Palestrante, conferencista e consultor em lideran&ccedil;a educacional, autor de livros e presidente do Instituto Renato Casagrande.