31 de Março de 1964

31 de março de 2020 às 17:11

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A cada ano que passa &eacute; menor o n&uacute;mero de testemunhas oculares do ocorrido em 1964, quando as For&ccedil;as Armadas assumiram o poder em resposta ao povo que, atrav&eacute;s da &quot;Marcha com Deus pela Fam&iacute;lia e Liberdade&quot;, pediu sua interven&ccedil;&atilde;o diante do risco de o pa&iacute;s cair numa ditadura de esquerda. Cumpre-se o inexor&aacute;vel ciclo biol&oacute;gico. Para ser testemunha daquele momento, o indiv&iacute;duo tinha de ser jovem ou adolescente e se interessar por pol&iacute;tica. Como o evento est&aacute; completando 56 anos nesse 31 de mar&ccedil;o, quem dele participou ou assistiu j&aacute; passa dos 70 anos de idade. A maioria j&aacute; se recolheu e uma significativa parcela n&atilde;o vive mais. <br /> <br /> Com todos os executores e muitos que testemunharam mortos, os epis&oacute;dios de 1964 apresentam-se relativamente cobertos pela poeira da Hist&oacute;ria; gradativamente, v&atilde;o chegando mais perto da narrativa tranquila que restar&aacute; para a posteridade. N&atilde;o havendo mais os participantes e as testemunhas para a defesa ou acusa&ccedil;&atilde;o dos epis&oacute;dios, ser&atilde;o eles classificados como simples acontecimentos, j&aacute; que inexistir&atilde;o a emo&ccedil;&atilde;o e o jogo de interesses de quem os protagonizou ou assistiu.<br /> <br /> Os militares de ent&atilde;o chegaram ao poder com o prop&oacute;sito de ali permanecerem por pouco tempo, at&eacute; afastar a&nbsp; dita &ldquo;amea&ccedil;a vermelha&rdquo;. Tanto que tiveram o apoio dos pol&iacute;ticos de centro e de direita de ent&atilde;o. Mas acabaram permanecendo 21 anos e sofrendo os desgastes de quem exerce o poder com certa discricionariedade e, por vezes, n&atilde;o tem o absoluto controle dos pr&oacute;prios colaboradores. Tanto que, depois de devolverem o poder aos civis, tiveram seu per&iacute;odo por estes classificado como &ldquo;ditadura&rdquo; e sofreram a narrativa vitimista, nem sempre sincera, dos que tiveram a miss&atilde;o de combater.<br /> <br /> A t&atilde;o festejada democracia surgida do recolhimento dos militares &agrave; caserna, apesar de ser o mais longo per&iacute;odo n&atilde;o autorit&aacute;rio vivido pela Rep&uacute;blica brasileira, enfrenta problemas. Foi assaltada pelos que acabaram eleitos pelo povo (e hoje s&atilde;o r&eacute;us e at&eacute; condenados na Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato) e deu uma guinada ao eleger presidente o ex-capit&atilde;o do Exercito e ent&atilde;o deputado federal Jair Bolsonaro que, a duras penas, toca um programa de reformas e &eacute; fortemente contestado.<br /> <br /> Passadas quase seis d&eacute;cadas, ainda padecemos de problemas muito parecidos com os vividos em 1964. O pa&iacute;s precisa encontrar o seu caminho. Oxal&aacute; n&atilde;o seja atrav&eacute;s do autoritarismo e nem do caudilhismo, da anarquia e, principalmente, da corrup&ccedil;&atilde;o, que insistem em sobreviver e fazem o povo sofrer. Precisamos acessar e valorizar a verdadeira e aut&ecirc;ntica democracia, para que ela seja capaz de manter as liberdades do indiv&iacute;duo e a autoridade do Estado e de suas institui&ccedil;&otilde;es e isso conduza o pa&iacute;s ao grande destino, sonhado por todos os brasileiros&nbsp; desde a mais tenra idade.<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />