Alimentos: o escudo contra esta guerra com um inimigo invisível

06 de abril de 2020 às 11:25

Roberta Züge
O mundo est&aacute; vivendo uma situa&ccedil;&atilde;o sem precedentes frente a uma doen&ccedil;a. Ruas de grandes centros est&atilde;o vazias, como se fosse jogo de final de campeonato, mas sem direito &agrave;s comemora&ccedil;&otilde;es. Afinal, neste jogo que vivemos n&atilde;o h&aacute; ganhadores. Mas, h&aacute; protagonistas que precisam enfrentar um oponente invis&iacute;vel: que n&atilde;o respeita classe social, idade, car&aacute;ter nem for&ccedil;a f&iacute;sica.<br /> <br /> Os envolvidos nas a&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de est&atilde;o no primeiro escal&atilde;o do combate, literalmente digladiam com o oponente para salvar os que foram atingidos. A pesquisa busca uma arma que seja letal ao inimigo. Em outra frente est&atilde;o os que precisam produzir e levar os suprimentos para os que batalham e para os que aguardam a guerra terminar. Come&ccedil;ando pelo produtor rural, em seu campo ao caixa do supermercado, passando pelo padeiro do bairro, do trabalhador de latic&iacute;nios ou o transportador rodovi&aacute;rio. Os combatentes da cadeia alimentar s&atilde;o estrat&eacute;gicos para alimentar uma popula&ccedil;&atilde;o confinada em casa e nos hospitais, que est&atilde;o em alerta de sa&uacute;de total.<br /> <br /> Este segundo escal&atilde;o precisa vencer os combatentes que se escondem em cidad&atilde;os ou em qualquer parte que possamos tocar e at&eacute; respirar. Parece roteiro de filme de terror, mas &eacute; exatamente como deve ser encarado.<br /> <br /> Al&eacute;m da necessidade de produzir e se esconder do inimigo, o setor precisa atingir aos que demandam seus produtos. A reinven&ccedil;&atilde;o do mercado &eacute; uma necessidade. Antes o que seria um ponto de venda, precisa ser pulverizado em muitos. Os clientes est&atilde;o amotinados, reclusos em suas casas, mas preocupado em como obter alimentos que sejam saud&aacute;veis e sem perigos de ganhar um h&oacute;spede indesejado.<br /> <br /> Prioritariamente, a popula&ccedil;&atilde;o deve buscar alimentos que possuam maior saudabilidade, afinal, como amplamente conhecido, um corpo bem nutrido tem mais chances de vencer uma batalha viral. &Eacute; o momento de acompanhar mais de perto a alimenta&ccedil;&atilde;o da fam&iacute;lia, trocar aquele refrigerante da tarde, por um saud&aacute;vel copo de leite. Mas como os fornecedores podem alcan&ccedil;ar estes reclusos?<br /> <br /> Uma das formas ser&aacute; a ind&uacute;stria se capilarizar, chegar mais perto do seu cliente. Os mercados de varejo, de todos os tamanhos, est&atilde;o oferecendo o servi&ccedil;o delivery, ou seja, de entrega em casa. Por aplicativos de trocas de mensagens pode-se solicitar qualquer produto. O mercadinho da equina aqui j&aacute; distribuiu folders pelos pr&eacute;dios do bairro. Assim, menos pessoas circulam enfrentando os oponentes.<br /> <br /> Witmarsum, uma cooperativa de produtores que fica num munic&iacute;pio pr&oacute;ximo de Curitiba, que mant&eacute;m uma ind&uacute;stria l&aacute;ctea, est&aacute; comercializando seus produtos, e outros produzidos na Col&ocirc;nia, tamb&eacute;m diretamente ao consumidor. Pode-se pedir pelo telefone e eles levam leite, queijos, embutidos, cervejas e at&eacute; geleias diretamente para o consumidor, na seguran&ccedil;a do lar. Sem sair de casa, posso manter o velho h&aacute;bito de degustar um c&aacute;lice de vinho (que j&aacute; estava estocado na adega) acompanhado de queijos finos, para amenizar este estresse do c&aacute;rcere.<br /> <br /> Outras a&ccedil;&otilde;es dever&atilde;o ser criadas. Os clientes precisam consumir, alimenta&ccedil;&atilde;o &eacute; a necessidade mais b&aacute;sica dos indiv&iacute;duos. Os pequenos mercados est&atilde;o se aproximando mais de seus clientes. Fazer parcerias com eles, que j&aacute; est&atilde;o se organizando para atender aos consumidores, pode ser uma excelente sa&iacute;da aos que produzem perec&iacute;veis.<br /> <br /> <img src="/uploads/image/artigos_roberta-zuge_diretora-administrativa-ccas.JPG" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <i><b>Roberta Z&uuml;ge, d</b></i>iretora administrativa do Conselho Cient&iacute;fico Agro Sustent&aacute;vel (CCAS); Diretora de Intelig&ecirc;ncia Cient&iacute;fica Milk.Wiki; M&eacute;dica Veterin&aacute;ria Doutora pela Faculdade de Medicina Veterin&aacute;ria e Zootecnia da Universidade de S&atilde;o Paulo (FMVZ/USP).