A FACE OCULTA DOS POLÍTICOS

28 de abril de 2020 às 17:36

Juarez Cruz
Gostaria aqui de falar sobre o que acontece no tabuleiro pol&iacute;tico brasileiro e de suas implica&ccedil;&otilde;es na vida da popula&ccedil;&atilde;o que segue sendo usada como massa de manobra, sendo manipulada ao bel prazer destes senhores, inescrupulosos, avarentos pelo poder, que n&atilde;o governam pensando nas pessoas que creditaram neles suas esperan&ccedil;as. Parece que os pol&iacute;ticos s&atilde;o todos iguais e que todos tem o mesmo prop&oacute;sito, o mesmo objetivo que &eacute; o de ocupar e tomar o poder pra si, pra seu grupo pol&iacute;tico e econ&ocirc;mico, em detrimento de quem votou e acreditou nele. Isso acontece com pol&iacute;ticos de esquerda(tivemos experi&ecirc;ncia recente do PT e seu grupo de pol&iacute;tico) e com a direita. Tudo igual.<br /> <br /> Cansados dos desmandos, corrup&ccedil;&atilde;o, toma-l&aacute;-d&aacute;-c&aacute;, causado pelo governo petista, parte da popula&ccedil;&atilde;o, resolveu dar um basta e a postou suas fichas na elei&ccedil;&atilde;o de 2018, em um pol&iacute;tico vindo baixo clero, conservador ao extremo, racista e que s&oacute; tinha votos dos militares do Rio de Janeiro, mas que se mantinha fiel ao seu discurso reacion&aacute;rio, antidemocr&aacute;tico, xen&oacute;fobo e autorit&aacute;rio, se contrapondo ao modo de governar da esquerda, que se locupletou no poder e assaltou a bolsa da vi&uacute;va, enquanto enganava o povo com bolso fam&iacute;lia. <br /> <br /> Jair Messias Bolsonaro fez o inacredit&aacute;vel, contrariando todas as expectativas, pesquisas e opini&otilde;es de especialistas, se elegendo com seu discurso conservador, sem dinheiro de fundo eleitoral e nem de financiadores dos grandes grupos empresariais e setores financeiros, bancos e bate caverna, muito menos de partidos pol&iacute;ticos, mas com o apoio de seus tr&ecirc;s filhos, Eduardo, Fl&aacute;vio e Carlos Bolsonaro, que hoje &eacute; o seu principal conselheiro, mais um senador da Republica, Magno Malta(PR), que perdeu a elei&ccedil;&atilde;o e o Dep. Onyx Lorenzoni(DEM-RS) e Olavo de Carvalho, um maluco tirado a fil&oacute;sofo, que vive escondido nas saias do Tio Sam. Estes foram os que efetivamente apostaram suas fichas numa candidatura que parecia fadada ao fracasso. Haja vista que seus concorrentes, todos eles contando com o apoio massivo de partidos pol&iacute;ticos, fundo partid&aacute;rio e eleitoral, banqueiros, empres&aacute;rios, empres&aacute;rios e de toda m&iacute;dia brasileira, foram levados de rold&atilde;o por n&atilde;o acreditarem na candidatura de Bolsonaro.<br /> <br /> Diante de toda essa trama pol&iacute;tica orquestrada pelo establishment para ganhar as elei&ccedil;&otilde;es, Bolsonaro surpreendeu e foi eleito com cerca de 57 milh&otilde;es de votos, e na rabada dele o PSL elegeu 52 deputados, juntos com mais 23 senadores e 15 governadores, de diferente legendas, que tamb&eacute;m pegaram carona na canoa, dentre estes os mais enf&aacute;ticos e oportunistas foram os governadores de S&atilde;o Paulo Jo&atilde;o D&oacute;ria(PSDB-SP); o governador do Rio de Janeiro, o desconhecido Wilson Wiltzer(PSC-RJ) e o Governador de Goi&aacute;s, Ronaldo Caiado(DEM-GO). Todos apoiadores de &ldquo;carteirinha&rdquo; de Bolsonaro nas elei&ccedil;&otilde;es de 2018<br /> <br /> Estes nobres, sinceros e democr&aacute;ticos governadores(?), vendo que hoje a popularidade do presidente n&atilde;o &eacute; mais a mesma desde inicio de governo, diante de sua inabilidade pol&iacute;tica, inexperi&ecirc;ncia de governan&ccedil;a, com frequentes atitudes grotesca, inapropriadas para o exerc&iacute;cio da fun&ccedil;&atilde;o, e demonstrando uma profunda avers&atilde;o no tratamento da pandemia que assola a popula&ccedil;&atilde;o brasileira, se contrapondo inclusive &agrave;s recomenda&ccedil;&otilde;es da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de(OMS) e do seu ex-ministro da sa&uacute;de Henrique Mandetta, se transformando numa amea&ccedil;a &agrave; sa&uacute;de p&uacute;blica e de seus auxiliares diretos e apoiadores, quando sai publicamente &agrave; cumpriment&aacute;-los no cercado da Alvorada ou nas andan&ccedil;as nos arredores de Bras&iacute;lia. <br /> <br /> Diante desse comportamento err&aacute;tico de sua excel&ecirc;ncia &eacute; quando, os seus antes apoiadores, mostram suas verdadeiras faces e, como lobos trai&ccedil;oeiros, partem para o ataque presidencial na busca pelo holofote que lhes deem visibilidade eleitoral para 2022. Puro oportunismo. <br /> <br /> Paradoxalmente ao que todos achavam como seria a conduta do presidente Bolsonaro na forma de governar o Pa&iacute;s, estes tr&ecirc;s governadores, mais os da regi&atilde;o Nordeste, seguidos de muitos prefeitos de grandes capitais, mostram suas garras e, lastreados numa decis&atilde;o arbitr&aacute;ria e &ldquo;capciosa&rdquo; do Supremo Tribunal Federal(STF), contando ainda com o apoio dos presidentes da C&acirc;mara Rodrigo Maia(DEM-RJ) e do Senado Davi Alcolumbre(DEM-AP), que delegou aos governadores e prefeitos o poder de decidir como fazer o distanciamento social sem precisar seguir as recomenda&ccedil;&otilde;es do minist&eacute;rio da sa&uacute;de. Embasado nesta decis&atilde;o judicial absurda, governadores e prefeitos est&atilde;o tomando medidas dr&aacute;sticas, antidemocr&aacute;ticas, ditatorial, dignas de governos fascistas, como pris&atilde;o de quem for pego andando em &aacute;reas p&uacute;blicas, cal&ccedil;adas, pra&ccedil;as, parques e pasmem, at&eacute; em praias, como em Salvador e no Rio de Janeiro, onde a policia carioca est&aacute; coagindo e prendendo aqueles que desobedecem, por conhecimento ou n&atilde;o, as determina&ccedil;&otilde;es do governador Witzel. O mesmo fazem os governadores Ronaldo Caiado e Jo&atilde;o D&oacute;ria, nos seus respectivos estados. D&oacute;ria, al&eacute;m de seguir nesta mesma linha, est&aacute; estudando a possibilidade de controlar a popula&ccedil;&atilde;o atrav&eacute;s de seu celular, medida digna de governos fascistas, antidemocr&aacute;tico, coisa que Bolsonaro, com toda sua arrog&acirc;ncia e extremismo, n&atilde;o esta fazendo. <br /> <br /> No Piaui, o governador Wellington Dias (PT), est&aacute; colocando a pol&iacute;cia para prender comerciantes que por ventura sejam pegos com suas lojas abertas, n&atilde;o importa qual o motivo. O governador publicou um decreto N&ordm; 18.942, de 16 de abril de 2020, que diz que os Agentes da Defesa Civil podem invadir casas ou fazer desapropria&ccedil;&otilde;es dos im&oacute;veis.&nbsp; Atitudes que nos faz lembrar medidas tomadas por governos fascistas, ditatoriais e antidemocr&aacute;ticos. Com estes atos o governador Wellington Dias, como seus cong&ecirc;neres j&aacute; citados, mostra sua face oculta e dissimulada. <br /> <br /> Em tempos crise de Coronav&iacute;rus, quando todos deveriam estar trabalhando juntos para amenizar o sofrimento da popula&ccedil;&atilde;o, reduzindo os efeitos de contamina&ccedil;&atilde;o com solu&ccedil;&otilde;es pr&aacute;ticas que minimizem &aacute;s perdas que a popula&ccedil;&atilde;o vem tendo em fun&ccedil;&atilde;o da imposi&ccedil;&atilde;o da quarentena, os pol&iacute;ticos se aproveitam desta situa&ccedil;&atilde;o para tomar medidas arbitr&aacute;rias, na calada da noite, dentro de seus gabinetes, que certamente ir&atilde;o aumentar o endividamento de seus estados/munic&iacute;pios fazendo contrata&ccedil;&otilde;es e compras, muitas vezes desnecess&aacute;rias, sem licita&ccedil;&otilde;es e superfaturando pre&ccedil;os, atrav&eacute;s de empresas amigas ou de seus familiares.<br /> <br /> Mesmo diante dessa situa&ccedil;&atilde;o de pandemia, os pol&iacute;ticos n&atilde;o abrem m&atilde;o de seus sal&aacute;rios, de seus benef&iacute;cios (que s&atilde;o muitos), do fundo eleitoral e partid&aacute;rio, advindo do dinheiro p&uacute;blico, quando toda popula&ccedil;&atilde;o est&aacute; sendo sacrificada enquanto eles garantem seu conforto e de sua fam&iacute;lia em meio ao sofrimento e ao caos entre a sociedade. O mesmo acontece com os servidores p&uacute;blicos do alto escal&atilde;o, principalmente do judici&aacute;rio, das estatais, &oacute;rg&atilde;os governamentais, dos minist&eacute;rios e secret&aacute;rias estaduais e municipais. Esta casta de servidores p&uacute;blicos, juntamente com a dos artistas e empres&aacute;rios bem sucedidos, &eacute; quem mais pede para a popula&ccedil;&atilde;o ficar em casa, talvez porque tenham medo de serem contaminados, haja vista que o Coronav&iacute;rus entra na casa deles, infectando seus familiares. Se o Coronav&iacute;rus n&atilde;o tivesse a ousadia de entrar em suas casas, certamente n&atilde;o estariam em campanha pedindo para as pessoas se trancafiarem em suas prec&aacute;rias e insalubres resid&ecirc;ncias, onde certamente l&aacute; o &iacute;ndice de contamina&ccedil;&atilde;o &eacute; maior e inexoravelmente agressivo. <br /> <br /> S&atilde;o nestes momentos que podemos ver a grandeza ou a mediocridade dos pol&iacute;ticos, s&atilde;o nestes momentos que a verdadeira face destes a floram e ai os conhecemos verdadeiramente. Pol&iacute;ticos desonestos ocultam sua face, ficam atr&aacute;s da moita, assim como lobos trai&ccedil;oeiros prontos para atacarem.&nbsp; Isso &eacute; o que vemos no Brasil, pol&iacute;ticos med&iacute;ocres e descompromissados com as reais necessidades de seu povo. <br /> <br /> Diferentemente de nossos pol&iacute;ticos, o primeiro ministro ingl&ecirc;s Winston Churchill(1874-1965), quando a Alemanha nazista amea&ccedil;ava invadir a Inglaterra, em 1945, e dominar o povo ingl&ecirc;s, neste per&iacute;odo Churchill n&atilde;o estava bem na ficha dos ingleses, sua popularidade era t&atilde;o baixa que o povo n&atilde;o acreditava que pudessem escapar da ira alem&atilde;, mas nesta hora, num momento do tudo ou nada que Churchill, demonstrando sua grandeza de estadista e de bom orador que era, fez um discurso objetivando unir &aacute; na&ccedil;&atilde;o e aumentar a moral de seu povo em busca da vit&oacute;ria: &ldquo;Defenderemos nossa ilha, custe o que custar. Lutaremos nas praias, lutaremos no patamar, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas. Jamais nos renderemos&rdquo;. Com esse discurso, que entrou para a hist&oacute;ria, ele chamou para si a responsabilidade de assumir a lideran&ccedil;a da na&ccedil;&atilde;o e resolveu enfrentar &aacute; esquadra alem&atilde;, a avia&ccedil;&atilde;o mais temida &aacute; &eacute;poca, quando clamou a ajuda do povo e dos seus aviadores para combater os alem&atilde;es no ar, campo que os alem&atilde;es dominavam, como ningu&eacute;m. <br /> <br /> Homens, mulheres e at&eacute; crian&ccedil;as se mobilizaram para doar a aeron&aacute;utica todo e qualquer utens&iacute;lio, equipamentos ou pe&ccedil;as de alum&iacute;nio e metal para ajudar na reforma e manuten&ccedil;&atilde;o dos combalidos avi&otilde;es brit&acirc;nicos, at&eacute; panelas foram doadas. Essa uni&atilde;o e solidariedade brit&acirc;nica deu uma inje&ccedil;&atilde;o de &acirc;nimo aos pilotos e a esquadra foi para o ar com uma determina&ccedil;&atilde;o nunca vista, deixando os alem&atilde;es petrificados, assustados ante um rival absolutamente destemido e determinado. A batalha durou quatro meses, com muitas perdas de ambos os lados. Depois dessa fase a esquadra alem&atilde; nunca mais foi &aacute; mesma, dando in&iacute;cio &aacute; sua derrocada final.<br /> <br /> Bolsonaro n&atilde;o &eacute; e nunca vai ser um Churchill, muito menos um bom orador, estadista e n&atilde;o tem a grandeza que o cargo exige, por isso sofre ataques de todos os lados, da esquerda, da direita, de parte da imprensa e de seus decepcionados eleitores, que v&ecirc; nas atitudes do presidente estimular a volta da ditadura quando ele participou de uma manifesta&ccedil;&atilde;o(19/04/20) pr&oacute;-interven&ccedil;&atilde;o militar, &agrave;s portas do Quartel-General do Ex&eacute;rcito, em Bras&iacute;lia, no dia que se celebra o Dia do Ex&eacute;rcito, pedindo o fechamento do Congresso e do STF e a volta do AI-5, Ato Institucional n&uacute;mero 5, que vigorou durante o per&iacute;odo da ditadura de 1968 a 1987 e foi usado para reprimir, prender e matar opositores, cassar mandatos, suprimir elei&ccedil;&otilde;es diretas, abolir &agrave; liberdade de imprensa e express&atilde;o. <br /> <br /> Diante desta instabilidade e fragilidade pol&iacute;tica do governo, dos interesses difusos dos diversos atores pol&iacute;ticos e econ&ocirc;micos do Pa&iacute;s e da manipula&ccedil;&atilde;o das informa&ccedil;&otilde;es midi&aacute;ticas, fica a pergunta no ar: qual o politico poder&aacute; nos salvar num caso de ruptura institucional no pa&iacute;s? Acredito que ningu&eacute;m. Todos os postulantes para 2022 s&atilde;o iguais, ocultos, disfar&ccedil;ados e, como ratos, a espera que o barco naufrague para ocupar o lugar de seu comandante e fazer o mesmo que todos fazem: assumir a dire&ccedil;&atilde;o, o poder, proteger seus interesses(econ&ocirc;micos e pol&iacute;ticos) pessoal, de seus apoiadores(partidos pol&iacute;ticos e empres&aacute;rios), dando&nbsp; para o povo, que os elegeram, as batatas, ou melhor dizendo, esmolas(bolsa disso, vale daquilo e aux&iacute;lios outros...) como forma de mant&ecirc;-lo sob controle, dependente do Estado e pronto para votar neles nas pr&oacute;ximas elei&ccedil;&otilde;es. <br /> <br /> Por <i><b>Juarez Cruz</b></i>, escritor e cronista<br /> juarez.cruz@uol.com.br<br />