Três crises e a propagação do ódio
28 de abril de 2020 às 17:37
Renata Abreu
No Brasil tudo parece explodir ao mesmo tempo. Neste exato momento enfrentamos três crises de uma vez, e é preciso ter emocional muito forte para não acirrar ainda mais as tensões. O coronavírus tem impactado a Saúde. A economia, que começava a se recuperar, também foi atingida em cheio pela pandemia. E, não bastasse esse difícil momento, vem a instabilidade política, que vai muito além da demissão de ministros e da investigação do presidente. <br />
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Vivemos em isolamento social para mitigar a propagação da Covid-19. Diariamente, somos bombardeados com números de infectados e mortos, rede hospitalar colapsando, falta de respiradores, EPI (equipamentos de proteção individual) insuficientes, cloroquina salva, cloroquina mata, empregos fechados, comércio falindo. É muita informação o tempo todo. E olha que ainda não atingimos o topo da curva da contaminação, como alertam bacteriologistas e infectologistas. <br />
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A cada dia que passa e não temos uma vacina para combater a Covid-19 é mais um dia que a economia não volta ao normal. As projeções para o final deste 2020 apontam violenta retração da atividade econômica, diminuição da atividade informal, aumento da taxa de desemprego, Estados e municípios em queda vertiginosa de arrecadação. Alarmante! <br />
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E em meio da pandemia e da maior recessão econômica do planeta explode a crise no governo federal, com as saídas de Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), dois ministros de enorme credibilidade perante a sociedade, além de pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados e de investigação no STF contra o presidente Jair Bolsonaro, gerando especulações e insegurança não só no mercado econômico como também na população. <br />
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Parece pouco, né? Para incendiar de vez e desequilibrar o emocional de todos temos a propagação do ódio nas redes sociais, que deveriam ser uma válvula de escape para as pessoas se relacionarem com respeito, mas que viraram um canal de conflitos, onde que quem faz algo ou tem opinião diferente é inimigo, e precisa ser aniquilado. A terapia do diálogo virou dinâmica de guerra, com ataques em massa à imagem e à reputação de quem quer que seja. <br />
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A proliferação do ódio tem encontrado campo aberto nas redes sociais, que permitem o anonimato para uma enxurrada de ofensas e de mentiras contra o ‘vilão’ da vez. Espalhar o ódio tem sido tão natural que usam softwares simulando ações humanas. E o conteúdo é curtido, compartilhado e, o que é pior, viraliza. <br />
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Como sair desse enrosco? Combater a Covid-19 vai exigir de todos, autoridades e população, esforço, investimento e mobilização. Quanto à economia pós-pandemia, a conta sobre o custo humano e econômico da pandemia ainda não fechou. Já a crise política exige acima de tudo cautela e equilíbrio, principalmente do Congresso, que deve focar suas atenções neste momento ao combate do coronavírus. <br />
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Sobre as redes sociais, é preciso acabar de vez com esse espalhamento do ódio. Debate saudável dispensa ofensas. Ofender e magoar não condizem com uma sociedade democrática, que respeita regras éticas, comportamentais e de civilidade, conciliando liberdade de expressão com preservação dos direitos individuais. Mark Zuckerberg poderia tomar a iniciativa de bloquear conteúdos que ofendem e incitem o ódio, a intolerância e a violência no Facebook, no Twitter e também no WhatsApp. Pelo bem de um mundo mais civilizado! <br />
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Por <i><b>Renata Abreu</b></i> é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo