O mau uso dos recursos de emergência

12 de maio de 2020 às 16:18

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
Qualquer do povo, por mais simpl&oacute;rio ou iletrado que seja, sabe que produtos de alta tecnologia e elevado pre&ccedil;o se adquire diretamente do fabricante ou de seus concession&aacute;rios. Jamais no boteco da esquina ou em fornecedores sem tradi&ccedil;&atilde;o ou desprovidos de lastro negocial na respectiva &aacute;rea. Mesmo assim, prefeitos e governadores que, por for&ccedil;a de lei, disp&otilde;em de assessorias especializadas em compras e sabem os rigores dos processos licitat&oacute;rios, acabaram adquirindo respiradores pulmonares, m&aacute;scaras, aventais e outros insumos do combate &agrave; Covid 19 numa adega de vinhos ou em&nbsp; fornecedores estranhos ao ramo cujo endere&ccedil;o fornecido para a transa&ccedil;&atilde;o na maioria das vezes &eacute; falso e coincide com modestas habita&ccedil;&otilde;es da periferia cujos moradores ignoram al&iacute; existirem empresas que transacionam milh&otilde;es. Al&eacute;m do v&iacute;cio formal, ainda h&aacute; a gritante disparidade de pre&ccedil;os, o pagamento antecipado, a entrega de equipamentos falsificados ou que n&atilde;o funcionam e, at&eacute;, a falta de entrega da mercadoria pelo fornecedor. <br /> <br /> &Eacute; revoltante e vergonhoso constatar que, s&oacute; nesse per&iacute;odo de emerg&ecirc;ncia iniciado em fevereiro, em que o poder p&uacute;blico &eacute; autorizado a comprar sem licita&ccedil;&atilde;o equipamentos e materiais para enfrentar a pandemia, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal foi instado a abriu 410 procedimentos preliminares que poder&atilde;o se transformar em a&ccedil;&otilde;es criminais por irregularidades nas transa&ccedil;&otilde;es e preju&iacute;zos ao er&aacute;rio em 11 estados e no Distrito Federal.<br /> <br /> As investiga&ccedil;&otilde;es j&aacute; levaram &agrave; exonera&ccedil;&atilde;o de servidores em Santa Catarina e a pris&otilde;es, inclusive do ex-subsecret&aacute;rio da Sa&uacute;de do Rio de Janeiro. H&aacute;, entre outros, o caso de Aroeiras, na Para&iacute;ba, onde a prefeitura teria empregado R$ 580 mil de verbas recebidas da Uni&atilde;o na aquisi&ccedil;&atilde;o de cartilhas sobre o coronav&iacute;rus, que o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de distribui gratuitamente. Pelo n&uacute;mero de atos investigat&oacute;rios, conclui-se que muita sujeira ainda vir&aacute; &agrave; tona.<br /> <br /> Espera-se que o Minist&eacute;rio P&uacute;blico e as pol&iacute;cias empregadas na apura&ccedil;&atilde;o sejam velozes na identifica&ccedil;&atilde;o dos fatos e dos envolvidos, e o Poder Judici&aacute;rio aplique os rigores da lei contra aqueles que nesse momento t&atilde;o dif&iacute;cil, quando mais de 11 mil brasileiros j&aacute; perderam a vida e outros 162 mil padecem do mal, t&ecirc;m a coragem de desviar os recursos destinados a salvar v&iacute;timas da trag&eacute;dia epid&ecirc;mica.<br /> <br /> Nosso pa&iacute;s carece passar por ampla revolu&ccedil;&atilde;o &eacute;tica que coloque nos devidos lugares os praticantes de corrup&ccedil;&atilde;o ou favorecimento pr&oacute;prio ou de terceiros atrav&eacute;s do desvio do dinheiro p&uacute;blico. Os impostos recolhidos pela sociedade t&ecirc;m de retornar em forma de servi&ccedil;os &agrave; popula&ccedil;&atilde;o e, infelizmente, isso n&atilde;o tem ocorrido. Prova &eacute; a falta de estrutura para enfrentar o coronav&iacute;rus, que obriga as autoridades a tentar retardar a infec&ccedil;&atilde;o para n&atilde;o saturar os insuficientes hospitais.<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Por <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />