A pandemia, as perdas e o novo mundo

07 de julho de 2020 às 11:51

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
Apesar de, infelizmente, ter antecipado o fim da vida de 64,9 mil brasileiros e ainda estar por levar milhares de outros e prejudicar muitos na sa&uacute;de ou na economia (ou em ambos), o coronav&iacute;rus pode ser considerado um novo divisor de &aacute;guas na sociedade. Por conta de sua letalidade (verdadeira ou suposta), passamos a utilizar mais o com&eacute;rcio eletr&ocirc;nico e outros recursos que a internet e seus servi&ccedil;os proporcionam e eram ignorados por consider&aacute;vel parcela da popula&ccedil;&atilde;o. Impedidos de comparecer &agrave;s aulas, professores &ndash; especialmente os da rede privada que n&atilde;o querem perder alunos e renda &ndash; passaram a disponibilizar os ensinamentos pelos aplicativos e redes sociais. Comerciantes correram para montar lojas virtuais em paralelo &agrave;s tradicionais colocadas em quarentena. Bancos ampliaram&nbsp; o seu j&aacute; desenvolvido servi&ccedil;o online. Artistas descobriram o caminho da &ldquo;live&rdquo;, que os livra do severo controle das emissoras de TV, r&aacute;dio e produtoras. At&eacute; o futebol acha na &ldquo;live&rdquo; a forma independente de exibir seus jogos ao grande p&uacute;blico. Tudo isso sem falar da infraestrutura que a rede proporciona aos que trabalham em home-office, outro imperativo do per&iacute;odo epid&ecirc;mico.<br /> <br /> N&atilde;o &eacute; &agrave;toa que enquanto as autoridades de sa&uacute;de ainda se empenham no controle do desastre sanit&aacute;rio, os estrategistas, tanto do governo quanto do mercado corporativo, j&aacute;&nbsp; pensam sobre como ser&aacute; o mundo &ndash; e particularmente o pa&iacute;s &ndash; quando o v&iacute;rus acabar ou pelo menos estiver mais dominado. Muitos acham que, merc&ecirc; das dificuldades e descobertas ocorridas no per&iacute;odo, boa parte das coisas n&atilde;o voltar&atilde;o a ser como antes. At&eacute; porque fomos obrigados a, na falta do relacionamento presencial, recorrer a servi&ccedil;os eletr&ocirc;nicos e &agrave; dist&acirc;ncia antes dispon&iacute;veis mas n&atilde;o acessados por acomodados, incr&eacute;dulos ou at&eacute; ignorantes em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; sua exist&ecirc;ncia. E esses servi&ccedil;os, acabam se aperfei&ccedil;oando.<br /> <br /> Muito do que era experimental, depois de passado pelo batismo de fogo da quarentena e do isolamento social (por vezes equivocado) tende a ganhar acabamento e formato comercial para todos utilizarem. Duas d&eacute;cadas atr&aacute;s se pensava que a TV a cabo com seus m&uacute;ltiplos canais sufocaria a TV aberta. Isso n&atilde;o aconteceu. Hoje temos uma nova vertente do setor, representada pelas &ldquo;lives&rdquo; que s&oacute; t&ecirc;m viabilidade porque boa parte dos receptores ligada &agrave; rede mundial de computadores, na primeira massifica&ccedil;&atilde;o da chamada &ldquo;internet das coisas&rdquo;. Mas &eacute; bom se preparar para, dentro de poucos anos, ter a geladeira, o ar-condicionado, o forno, o chuveiro, a ilumina&ccedil;&atilde;o, o alarme e tudo o que se utiliza dentro de uma casa ou empresa monitorado remotamente e com eles poder interagir atrav&eacute;s do telefone celular que, por certo, ser&aacute; mais avan&ccedil;ado do que os hoje dispon&iacute;veis.<br /> <br /> Quando a pandemia deixar de matar &ndash; e consequentemente estiver extinta &ndash; n&atilde;o ser&aacute; dif&iacute;cil que, apesar do sofrimento causado, ela passe para a hist&oacute;ria como um grande empurr&atilde;o para a utiliza&ccedil;&atilde;o criativa dos recursos proporcionados pelo desenvolvimento tecnol&oacute;gico. Seu isolamento deve ter antecipado um futuro que, no ritmo anterior dos acontecimentos, s&oacute; chegaria em cinco ou mais anos. O mundo, positivamente, n&atilde;o ser&aacute; mais o mesmo. Quem n&atilde;o se preparar para absorver a mudan&ccedil;a, poder&aacute; perder grandes oportunidades...<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="81" align="left" /><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />