A reforma tributária que precisamos

24 de julho de 2020 às 19:05

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A entrega da primeira parte do projeto de reforma tribut&aacute;ria ao Congresso Nacional, pelo ministro Paulo Guedes, abre um novo tempo na vida nacional. &Eacute; a hora em que, independente do seu posicionamento pol&iacute;tico-ideol&oacute;gico, os setores representativos da sociedade, e at&eacute; o pr&oacute;prio cidad&atilde;o, dever&atilde;o se mobilizar para a defesa dos pr&oacute;prios interesses. Oportunidade &uacute;nica em muitos anos para se discutir e alcan&ccedil;ar o equil&iacute;brio entre a necessidade de arrecada&ccedil;&atilde;o do Estado e a possibilidade contributiva da popula&ccedil;&atilde;o. As reformas ocorridas at&eacute; agora t&ecirc;m sido pactuadas nos gabinetes e a popula&ccedil;&atilde;o pouco ou nada&nbsp; argumentou. Hoje, com as redes sociais atuantes, cada brasileiro poder&aacute; colocar sua id&eacute;ia em debate e, se os congressistas e o pessoal do governo as observar, dali poder&atilde;o ainda tirar&nbsp; alternativas vi&aacute;veis.<br /> <br /> Toda vez que se fala em reforma tribut&aacute;ria, v&ecirc;m &agrave; baila os lobbies de segmentos organizados da sociedade e n&atilde;o raras vezes, foram eles ouvidos em detrimento da popula&ccedil;&atilde;o, que ficou s&oacute; com o &ocirc;nus de pagar os tributos pactuados. Hoje esses grupos de press&atilde;o continuam existindo &ndash; bancos, munic&iacute;pios, servidores, etc &ndash; e v&atilde;o atuar novamente. Cabe aos parlamentares (especialmente aos deputados, que representam diretamente o cidad&atilde;o) usar os contrapesos em busca da justi&ccedil;a tribut&aacute;ria onde o Estado possa arrecadar, mas o povo n&atilde;o seja for&ccedil;ado a recolher mais do que a capacidade de suas for&ccedil;as permitem. &Eacute; preciso, tamb&eacute;m, acabar com a nefasta guerra fiscal, onde estados e munic&iacute;pios prometem doar terrenos, infraestrutura e baixar al&iacute;quotas tribut&aacute;rias para &ldquo;roubar&rdquo; de seus vizinhos as ind&uacute;strias e outros empreendimentos. Essa luta tem se mostrado impr&oacute;pria, pois quem ganha, muitas vezes, verifica que s&oacute; teve lucro pol&iacute;tico, pois o que cedeu &eacute; maior do que a vantagem auferida.<br /> <br /> Nas pr&oacute;ximas fases da reforma vir&atilde;o temas delicados, como a volta da CPMF ou qualquer outros nome que se d&ecirc; ao imposto do cheque e do pagamento &agrave; vista. Isso j&aacute; derrubou o prof. Marcos Cintra (autor e defensor do imposto &uacute;nico) do alto posto de secret&aacute;rio da Receita Federal. A quest&atilde;o tem de ser vista com racionalidade. N&atilde;o pode se adotar como mais um imposto. Se quiserem com contar essa fonte, os t&eacute;cnicos do governo precisam definir claramente o que ser&aacute; eliminado, e convencer o Congresso de sua utilidade.<br /> <br /> Por fim, &eacute; importante que todos os negociadores e contendores esque&ccedil;am o&nbsp; presidente Jair Bolsonaro. N&atilde;o definam suas posi&ccedil;&otilde;es sobre a quest&atilde;o tribut&aacute;ria como decorr&ecirc;ncia da cor dos olhos ou de gostar ou n&atilde;o gostar do presidente. O pa&iacute;s &eacute; maior do que qualquer governante ou congressista. &Eacute; preciso que se compreenda isso, evitando que o embate pol&iacute;tico, ideol&oacute;gico ou partid&aacute;rio atrapalhe o necess&aacute;rio aperfei&ccedil;oamento das institui&ccedil;&otilde;es e, no caso presente, da m&aacute;quina tribut&aacute;ria nacional...<br /> &nbsp;<br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />