CPMF, o imposto que não perdoa ninguém

05 de agosto de 2020 às 16:46

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
A nova discuss&atilde;o instalada no meio pol&iacute;tico &eacute; sobre a volta da CPMF (Contribui&ccedil;&atilde;o Provis&oacute;ria sobre Movimenta&ccedil;&atilde;o Financeira), tema que em setembro do ano passado derrubou o secret&aacute;rio da Receita Federal, Marcos Cintra que, como economista e deputado, foi o autor da campanha e de projetos que tinham por mote o imposto &uacute;nico. Para o povo, ficou conhecida como &ldquo;imposto do cheque&rdquo; porque cobrava &ndash; primeiro 0,2% e depois 0,38% - de cada transa&ccedil;&atilde;o por cheque, ordem de pagamento ou transfer&ecirc;ncia banc&aacute;ria. A id&eacute;ia b&aacute;sica era calcada nesse imposto para substituir todos os demais, mas a pr&aacute;tica levou a altera&ccedil;&otilde;es que o transformaram em mais um tributo a pesar nas costas do contribuinte. S&oacute; foi aprovado porque se argumentou que a arrecada&ccedil;&atilde;o seria destinada a custear despesas com a Sa&uacute;de e teve no ent&atilde;o ministro Adib Jatene o seu grande propagandista.<br /> <br /> Da forma em que acabou colocada em pr&aacute;tica, a CPMF serviu mais para custear o d&eacute;ficit p&uacute;blico do a Sa&uacute;de, respons&aacute;vel pela sua aprova&ccedil;&atilde;o no Congresso. Levantamentos de respeit&aacute;veis institui&ccedil;&otilde;es econ&ocirc;micas dizem que a Sa&uacute;de n&atilde;o recebeu mais que 0,7% do arrecadado e que houve anos em que a aplica&ccedil;&atilde;o no setor foi igual a zero. Isso teria levado Jatene, desgostoso, a demitir-se do minist&eacute;rio e nunca mais aceitar miss&atilde;o pol&iacute;tica.<br /> <br /> Apesar do mau hist&oacute;rico e de ser provis&oacute;rio, o imposto seduziu a todos os governos. Sua revoga&ccedil;&atilde;o deu-se em 2007, quando o Senado, ao discutir a proposta do presidente Lula de prorrogar sua validade at&eacute; 2011, optou por extingui-lo. Dilma Rousseff tentou reinstitu&iacute;-lo, mas n&atilde;o conseguiu, e o atual governo fala com simpatia sobre essa forma de arrecadar. O ministro Paulo Guedes destaca que, num pa&iacute;s com o alto perfil de informalidade como o nosso, o imposto sobre as transfer&ecirc;ncias e pagamentos todos pagam. Marcos Cintra, seu idealizador, afirma que &ldquo;todos v&atilde;o pagar esse imposto, a igreja, a economia informal e at&eacute; o contrabando&rdquo;. Pagar&atilde;o as empresas, o cidad&atilde;o, o informal e at&eacute; os criminosos que movimentarem algum numer&aacute;rio. E o presidente Jair Bolsonaro disse, dias atr&aacute;s, que autorizou o ministro da Economia a negociar o esquema junto ao Congresso desde que n&atilde;o haja aumento na carga tribut&aacute;ria e a arrecada&ccedil;&atilde;o seja compensada redu&ccedil;&atilde;o do percentual na tabela do Imposto e Renda, extin&ccedil;&atilde;o do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e outros tributos.<br /> <br /> A CPMF &ndash; ou qualquer nome que venha a receber &ndash; poder&aacute; fazer parte do pr&oacute;ximo pacote de reforma tribut&aacute;ria que o governo envie ao Congresso. O ideal seria que fosse institu&iacute;da de forma a eliminar todos os demais tributos de ordem geral. Isso, no entanto,&nbsp; parece ser imposs&iacute;vel na atual realidade brasileira. &Eacute; dever dos congressistas analisar as propostas de reforma tribut&aacute;ria &agrave; luz do presente e jamais com base nos erros do passado. Com a liberdade com que hoje atuam, deputados e senadores precisam se debru&ccedil;ar sobre os projetos, inclusive sobre a suposta nova CPMF, de forma a garantir a arrecada&ccedil;&atilde;o ao governo e, ao mesmo tempo, promover a justi&ccedil;a fiscal, onde todos recolham os tributos de acordo com sua capacidade contributiva. &Eacute; injusta a sociedade que cobra muito de uns e n&atilde;o exige que outros paguem o que seu n&iacute;vel econ&ocirc;mico indica. Onde todos contribuem ningu&eacute;m &eacute; penalizado com imposto mais alto e nem beneficiado por al&iacute;quotas inferiores ao justo e razo&aacute;vel...&nbsp; &nbsp;<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="81" align="left" /><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />