Adolescentes, autoestima, família: como agir, o que pensar?

29 de setembro de 2020 às 17:30

Elaine Ribeiro
A adolesc&ecirc;ncia &eacute; um tempo intenso, tanto pelo desenvolvimento f&iacute;sico, quanto neurol&oacute;gico, hormonal, social, afetivo e profissional. &Eacute; um tempo de questionamento desse jovem sobre seu lugar no mundo.<br /> &nbsp;<br /> Todas essas modifica&ccedil;&otilde;es podem vir acompanhadas de comportamentos envolvendo o humor alterado, t&eacute;dio, desprezo pela fam&iacute;lia, raiva, ansiedade ou depress&atilde;o, fome exagerada ou falta de apetite, altera&ccedil;&atilde;o no sono, queixas sobre sua autoimagem, agressividade&hellip; S&atilde;o sinais de alerta para os pais. <br /> &nbsp;<br /> &Eacute; importante abandonar o pensamento popular que julga tudo isso como &quot;frescura&quot;, &quot;aborresc&ecirc;ncia&quot; ou para &quot;chamar aten&ccedil;&atilde;o&quot;, at&eacute; porque se esse jovem est&aacute; buscando chamar aten&ccedil;&atilde;o para si, algo n&atilde;o est&aacute; bem com ele, n&atilde;o &eacute; mesmo? <br /> &nbsp;<br /> O di&aacute;logo entre pais e filhos nem sempre &eacute; f&aacute;cil, mas pode e deve ser desenvolvido. &Eacute; muito importante os pais compreenderem o mundo em que seu filho vive, quais s&atilde;o os comportamentos dos jovens na atualidade, manias, &iacute;dolos, h&aacute;bitos, abrindo espa&ccedil;o para um di&aacute;logo mais conectado &agrave; realidade deles. &Eacute; importante retirar o filtro &quot;na minha &eacute;poca era diferente&rdquo;. Sim era diferente, era outro ano, outro cen&aacute;rio cultural, dentre outros fatores. <br /> &nbsp;<br /> Nessa caminhada, a autoestima &eacute; uma importante aliada no desenvolvimento emocional saud&aacute;vel do seu filho. Uma autoestima protege crian&ccedil;as e adolescentes de situa&ccedil;&otilde;es como drogas, relacionamentos doentios e violentos, &aacute;lcool, exposi&ccedil;&atilde;o a perigos desnecess&aacute;rios. <br /> &nbsp;<br /> A autoestima envolve a vis&atilde;o sobre si, como nos percebemos, como cuidamos de n&oacute;s e nossas emo&ccedil;&otilde;es, bem como a percep&ccedil;&atilde;o que temos de nossas capacidades. Esta vis&atilde;o de si pode ser alterada, distorcida a partir das influ&ecirc;ncias pouco positivas obtidas em nossa inf&acirc;ncia, em nossa fam&iacute;lia, na escola e com os amigos. <br /> &nbsp;<br /> Desta forma, um ambiente familiar invalidante, que coloca a crian&ccedil;a numa situa&ccedil;&atilde;o humilhante ou excludente, que n&atilde;o valoriza as conquistas dela, que n&atilde;o tem di&aacute;logo, mas apenas discuss&atilde;o, pode efetivamente contribuir para essa baixa autoestima. <br /> &nbsp;<br /> Muitas vezes, os pais, detidos pela rotina e pela correria do cotidiano, podem deixar escapar oportunidades de conversa, de observa&ccedil;&atilde;o de sinais diferentes em seu filho, de abra&ccedil;ar. O tempo n&atilde;o volta, ent&atilde;o, &eacute; no agora que voc&ecirc; muda sua atitude! Aquele papo que para voc&ecirc; parece chato, para seu filho pode ser fant&aacute;stico e diz do universo dele. <br /> &nbsp;<br /> Pode ser que seu filho n&atilde;o tenha todos os talentos que voc&ecirc; esperava, mas mesmo assim, ele &eacute; seu filho. Um elogio sincero e no momento certo sobre coisas que ele fez &eacute; muito saud&aacute;vel e melhor do que um &quot;voc&ecirc; n&atilde;o fez mais do que sua obriga&ccedil;&atilde;o&quot;. Elogios, bem como presentes, n&atilde;o s&atilde;o dados a todo momento, portanto voc&ecirc; pode fazer isso no momento certo. &Eacute; sempre&nbsp; muito bom reconhecer e ser reconhecido. <br /> &nbsp;<br /> Inserido na realidade dos jovens, voc&ecirc; pode ser apoio nos momentos de indecis&atilde;o e acolher os insucessos que ele venha a ter, visto que estamos num mundo efetivamente competitivo. Lembre-se, pai ou m&atilde;e: em sua &eacute;poca voc&ecirc; tamb&eacute;m teve desafios, mas aconteciam num outro contexto. Hoje temos uma compara&ccedil;&atilde;o surreal, e um exemplo s&atilde;o as redes sociais, que causam alto impacto sobre a vida jovem. &nbsp;<br /> &nbsp;<br /> Como o di&aacute;logo nem sempre &eacute; f&aacute;cil, uma vez que &eacute; feito a dois, a conversa tem m&atilde;o dupla. Se h&aacute; apenas cr&iacute;tica, haver&aacute; fechamento. Se n&atilde;o h&aacute; acolhimento, o jovem procura outro lugar onde seja acolhido. <br /> &nbsp;<br /> O di&aacute;logo tamb&eacute;m permite o crescimento da consci&ecirc;ncia e da capacidade de avalia&ccedil;&atilde;o do jovem, que ele manifeste seus pensamentos e at&eacute; possa rever suas ideias. N&atilde;o somos pais perfeitos e com manual de instru&ccedil;&atilde;o, mas &eacute; poss&iacute;vel buscar ajuda, ler e, acima de tudo, relacionar-se com seu filho, sua maior heran&ccedil;a!<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_elaine-ribeiro_psicologa-clinica-e-organizacional.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Elaine Ribeiro</b></i> &eacute; psic&oacute;loga cl&iacute;nica e organizacional da Funda&ccedil;&atilde;o Jo&atilde;o Paulo II / Can&ccedil;&atilde;o Nova.