A Covid 19 e o eleitorado

26 de outubro de 2020 às 11:29

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A insana, desumana e inaceit&aacute;vel politiza&ccedil;&atilde;o da pandemia, amedronta a&nbsp; maioria dos brasileiros &ndash; que assiste tudo sem saber exatamente o que realmente ocorre e ao agravamento do quadro sem ter id&eacute;ia de quem est&aacute; certo ou errado - &eacute; um mal que pode ter provocado mortes e outros problemas, e tem de ser esclarecido. Pouco se conhece sobre a Covid 19 e existem informes para todo gosto, inclusive de que o &ldquo;fica em casa&rdquo;, patrocinado pelos governadores e prefeitos com o apoio do Supremo Tribunal Federal, fez mais mal do que bem. O professor Michael Levitt, da Universidade de Stanford (Calif&oacute;rnia - EUA), vencedor de um pr&ecirc;mio Nobel de qu&iacute;mica em 2013, adverte que o lockdown, fechamento do com&eacute;rcio e outras restri&ccedil;&otilde;es como meio de combater o coronav&iacute;rus &eacute; uma perda de tempo e pode matar mais pessoas. Uma carta assinada por 3 mil pesquisadores, 4 mil m&eacute;dicos e 65 mil pessoas, divulgada internacionalmente no come&ccedil;o do m&ecirc;s, prega o isolamento apenas de idosos e pessoas do grupo de risco para a Covid-19.<br /> <br /> Agora surge outra rusga. O governador Jo&atilde;o D&oacute;ria insiste em comprar as vacinas da China e o presidente Jair Bolsonaro desautoriza a compra (que seria com dinheiro federal), sob o argumento de que ainda n&atilde;o h&aacute; nenhuma vacina em condi&ccedil;&otilde;es de ser aplicada &agrave; popula&ccedil;&atilde;o. Mas o pior pode ainda acontecer. Governadores, prefeitos e partidos advers&aacute;rios do presidente pretendem ir ao STF para, da mesma forma que conseguiram apoio para a quarentena, reivindicar autoridade a estados e munic&iacute;pios para obrigar suas popula&ccedil;&otilde;es a se vacinar, com o que Bolsonaro n&atilde;o concorda. Independente de posi&ccedil;&otilde;es e interesses pol&iacute;ticos, partid&aacute;rios, econ&ocirc;micos ou ideol&oacute;gicos, &eacute; bom todos considerarem que, por mais for&ccedil;a que tenha, n&atilde;o cabe ao STF decidir sobre a quest&atilde;o. Qualquer vacina, para ser aplicada no Brasil, tem de receber o laudo e a autoriza&ccedil;&atilde;o da Anvisa (Ag&ecirc;ncia Nacional de Vigil&acirc;ncia Sanit&aacute;ria) que, com suas atribui&ccedil;&otilde;es e credenciais t&eacute;cnicas e burocr&aacute;ticas, &eacute; a ultima inst&acirc;ncia no setor, uma esp&eacute;cie de &ldquo;STF dos medicamentos&rdquo;. Sem sua chancela, n&atilde;o!<br /> <br /> &Eacute; preciso cautela. Al&eacute;m de esclarecer t&eacute;cnica e cientificamente as d&uacute;vidas sobre o j&aacute; praticado isolamento da popula&ccedil;&atilde;o e suspens&atilde;o das atividades, h&aacute; de se ter clara a situa&ccedil;&atilde;o em que se encontram as vacinas e quando elas estar&atilde;o dispon&iacute;veis com a devida seguran&ccedil;a. E essa decis&atilde;o s&oacute; pode vir da Anvisa. N&atilde;o de governos, de governantes ou mesmo do Judici&aacute;rio, que s&atilde;o incompetentes para tal. Antes de se falar em vacina&ccedil;&atilde;o (obrigatoria ou facultativa) &eacute; necess&aacute;rio ter a vacina e saber detalhes at&eacute; hoje desconhecidos de sua a&ccedil;&atilde;o. O povo jamais poder&aacute; ser feito de cobaia.<br /> <br /> A pol&iacute;tica &eacute; necess&aacute;ria para a solu&ccedil;&atilde;o dos problemas da sociedade e jamais poder&aacute; ser confundida com politicalha. Seus praticantes t&ecirc;m o dever de discutir clara e racionalmente at&eacute; encontrar a melhor solu&ccedil;&atilde;o. Infelizmente, na quest&atilde;o da Covid 19, o que vemos &eacute; a irracionalidade. N&atilde;o deveriam o presidente, os governadores e os partidos pol&iacute;ticos entrar em rota de coliz&atilde;o a ponto de n&atilde;o poderem sentar ao redor de uma mesma mesa e buscar o ponto de equil&iacute;brio. O povo, grande prejudicado nessa queda de bra&ccedil;os, ter&aacute; a oportunidade, qui&ccedil;&aacute; o dever, de manifestar sua opini&atilde;o nas elei&ccedil;&otilde;es de prefeito que ocorrer&atilde;o nos dias 15 e 29 de novembro. Se concorda com o que seus prefeitos hoje candidatos &agrave; reelei&ccedil;&atilde;o v&ecirc;m fazendo, votar nele; mas se tiver d&uacute;vidas ou discordar, chegou a hora de dar um grande &ldquo;n&atilde;o&rdquo; para evitar que o errante continue fazendo o que a popula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o aceita. E que esse comportamento seja repetido em 2022, quando o presidente da Rep&uacute;blica e os governadores estiverem pedindo os votos de reelei&ccedil;&atilde;o. Os eleitos t&ecirc;m respeitar a opini&atilde;o do povo ou, ent&atilde;o, pagar o pre&ccedil;o da impopularidade.<br /> <br /> Apenas para concluir. Tratar politicamente e eleitoralmente esse problema, que j&aacute; adoeceu 5,3 milh&otilde;es e custou a vida de mais de 155 mil brasileiros, al&eacute;m de dolosa, &eacute; uma grande irresponsabilidade.<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br