Urnas revelam a autonomia do eleitor

16 de novembro de 2020 às 17:01

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Abertas as urnas, ficou claro que o povo rejeita a tutela. Tanto que dos 59 candidatos para quem o presidente Jair Bolsonaro fez campanha, apenas nove se elegeram. Em S&atilde;o Paulo, inclusive na capital, verifica-se que os candidatos melhor sucedidos s&atilde;o aqueles que se descolaram do governador Jo&atilde;o D&oacute;ria e de outras ditas lideran&ccedil;as, mesmo as do pr&oacute;prio partido. como Bruno Covas, que escondeu na campanha a parceria com o governador, de quem em 2016 elegeu-se como vice-prefeito. O apoio de Lula, tamb&eacute;m, passou a ser rejeitado por candidatos. S&oacute; algumas capitais e principais cidades com mais de 200 mil eleitores conseguiram eleger o prefeito em primeiro turno, exemplos de Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). O Partido dos Trabalhadores apenas externou sua m&aacute; fase, o que n&atilde;o quer dizer que as esquerdas estejam liquidadas, pois foram ao segundo turno em Porto Alegre e S&atilde;o Paulo, dois redutos conservadores.<br /> <br /> A elei&ccedil;&atilde;o diferente, disputada dentro das limita&ccedil;&otilde;es sanit&aacute;rias do coronavirus e sob o reflexo da derrocada petista, do bolsonarismo radical e das pol&ecirc;micas que dividiram o presidente, governadores e prefeitos, tende a nos legar um Brasil mais consistente e resultante da vontade popular. At&eacute; porque &eacute; dif&iacute;cil encontrar grandes vitoriosos entre as lideran&ccedil;as &ndash; presidente, governadores e outras &ndash; e nos pr&oacute;prios partidos. Registra-se o avan&ccedil;o das for&ccedil;as de centro (o dito &ldquo;Centr&atilde;o&rdquo;) que, como o r&oacute;tulo define, n&atilde;o s&atilde;o de esquerda nem de direita. As extremas, se pensarem bem e quiserem manter alguma competitividade, ter&atilde;o de rever seus conceitos e procedimentos. E o mais interessante: o que restar dessa elei&ccedil;&atilde;o, onde escolhemos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, poder&aacute; dar o tom das disputas de 2022, quando estar&atilde;o em jogo a presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica, os governos estaduais, Senado, C&acirc;mara dos Deputados e Assembl&eacute;ias Estaduais.<br /> <br /> Independente do que j&aacute; fizeram os que passaram para o segundo turno, &eacute; certo que a popula&ccedil;&atilde;o votante d&aacute;, nessa elei&ccedil;&atilde;o, exemplo maior de vontade pr&oacute;pria do que nas anteriores, onde havia o clima polarizado. No caso de S&atilde;o Paulo, por certo, quem levou Bruno Covas para a nova fase eleitoral n&atilde;o devem ser aqueles que enfrentaram o seu discut&iacute;vel rigor no trato da pandemia. Da mesma forma, os que sufragaram Boulos n&atilde;o o devem ter feito pelas suas atitudes de promover a invas&atilde;o de propriedade no discut&iacute;vel movimento dos sem teto. &Eacute; bom que todos os sobreviventes para essa nova fase compreendam que ela &eacute; uma nova elei&ccedil;&atilde;o onde todas as tend&ecirc;ncias far&atilde;o p&ecirc;ndulo e definir&atilde;o o vencedor. Tende a ganhar quem conseguir constituir uma linha de propostas que sejam fact&iacute;veis e contemplem os interesses da maioria da popula&ccedil;&atilde;o. Lembremos que, o povo, como massa, n&atilde;o &eacute; radical. Quando radicaliza o faz movido por algum apelo emocional de momento ou por sentir-se amea&ccedil;ado.<br /> <br /> Num primeiro instante e ainda sob o impacto dos resultados Brasil afora, concluir-se que o sofrimento da pandemia e as desilus&otilde;es pol&iacute;ticas dos &uacute;ltimos anos levaram o eleitor a tornar-se mais independente, menos exposto ao proselitismo ideol&oacute;gico e voltado &agrave;s pr&oacute;prias opini&otilde;es e interesses. Oxal&aacute; essa tend&ecirc;ncia se firme nos desvie da marcha rumo ao precip&iacute;cio que a irresponsabilidade pol&iacute;tica das &uacute;ltimas d&eacute;cadas nos ofereceu como alternativa. S&oacute; com o eleitorado consciente essa Na&ccedil;&atilde;o poder&aacute; evoluir e encontrar a paz e a justi&ccedil;a social que todos desejamos... &nbsp;<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br<br />