Prefeito novo, legado antigo

18 de dezembro de 2020 às 11:37

José Carlos Polo
Os novos prefeitos que tomam posse no dia 1&ordm; de janeiro j&aacute; sabem: ter&atilde;o que enfrentar velhos problemas de insufici&ecirc;ncia de recursos que, na grande maioria dos casos, v&ecirc;m se acumulando h&aacute; anos e que podem se agravar em raz&atilde;o da pandemia da Covid-19. <br /> <br /> Em 2020 a queda nas receitas foi fortemente mitigada por aportes generosos que vieram do Governo Federal para compensar uma retra&ccedil;&atilde;o da economia em torno de 10%, mas que ao final dever&aacute; situar-se abaixo de 5%. <br /> <br /> As estimativas oficiais indicam para 2021 uma razo&aacute;vel recupera&ccedil;&atilde;o do PIB, at&eacute; porque not&iacute;cias muito positivas sobre vacinas n&atilde;o param de ser anunciadas. <br /> <br /> Mas os velhos problemas ainda estar&atilde;o l&aacute;, isto &eacute;, gastos correntes excessivos na contram&atilde;o da evolu&ccedil;&atilde;o das receitas. <br /> <br /> E que gastos s&atilde;o esses? <br /> <br /> Fundamentalmente s&atilde;o gastos com pessoal e uma previd&ecirc;ncia municipal em franco desequil&iacute;brio requerendo aportes crescentes por parte do tesouro local comprometendo a entrega de servi&ccedil;os e de investimentos aos cidad&atilde;os. <br /> <br /> H&aacute; evidentemente prefeituras com boa sa&uacute;de financeira, merc&ecirc; de in&uacute;meros fatores que v&atilde;o desde uma sequ&ecirc;ncia de gest&otilde;es fiscais respons&aacute;veis at&eacute; os casos em que se beneficiam de um modelo anacr&ocirc;nico e injusto de distribui&ccedil;&atilde;o da renda proporcionada pela arrecada&ccedil;&atilde;o de impostos. <br /> <br /> Em muitos casos a situa&ccedil;&atilde;o se apresenta mais grave pelo fato de que certos munic&iacute;pios deixam de exercer com plenitude sua compet&ecirc;ncia tribut&aacute;ria em rela&ccedil;&atilde;o ao IPTU, ao ISSQN e ao ITBI, contrariando, ali&aacute;s, preceito estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. <br /> <br /> A verdade &eacute; que os novos prefeitos ter&atilde;o muito trabalho pela frente e precisar&atilde;o ser eficientes no enfrentamento das ra&iacute;zes dos problemas econ&ocirc;micos e financeiros que ir&atilde;o encontrar. <br /> <br /> Dada a diversidade de nossos munic&iacute;pios, sua posi&ccedil;&atilde;o geopol&iacute;tica e econ&ocirc;mica, sua inser&ccedil;&atilde;o no plano regional e suas caracter&iacute;sticas f&iacute;sicas e sociais, fica dif&iacute;cil enumerar as medidas que cada um deve adotar, mas a base &eacute; conhecer com profundidade sua realidade por meio de um diagn&oacute;stico bem elaborado para s&oacute; ent&atilde;o formular as pol&iacute;ticas mais adequadas. <br /> <br /> N&atilde;o &eacute; segredo para ningu&eacute;m que parcela significativa dos munic&iacute;pios, em particular para os 2.108 que possuem previd&ecirc;ncia pr&oacute;pria para seus servidores, o grande e mau legado que os novos prefeitos encontrar&atilde;o ser&aacute;, em muitos casos, um d&eacute;ficit cr&ocirc;nico em seu sistema previdenci&aacute;rio. <br /> <br /> A reforma aprovada em fins de 2019 poderia ter ajudado os munic&iacute;pios, mas ficou limitada apenas &agrave; Uni&atilde;o, o que demandar&aacute; um grande esfor&ccedil;o pol&iacute;tico dos prefeitos perante suas c&acirc;maras de vereadores. J&aacute; se passou um ano e pouqu&iacute;ssimos munic&iacute;pios aprovaram suas reformas, o que &eacute; compreens&iacute;vel em raz&atilde;o do calend&aacute;rio eleitoral. <br /> <br /> Mas, nem tudo &eacute; negativo, pois cada munic&iacute;pio poder&aacute; moldar sua reforma em fun&ccedil;&atilde;o de suas reais necessidades, isto &eacute;, poder&aacute; estabelecer crit&eacute;rios para concess&atilde;o de aposentadorias e pens&otilde;es mais rigorosas se o desequil&iacute;brio for grande ou mais brando se a situa&ccedil;&atilde;o for mais favor&aacute;vel. <br /> <br /> Ser&aacute; um grande desafio que, vencido, tornar&aacute; menos complexa a solu&ccedil;&atilde;o dos demais problemas identificados no diagn&oacute;stico a que nos referimos anteriormente. <br /> <br /> M&atilde;os &agrave; obra.<br /> <br /> Por <i><b>Jos&eacute; Carlos Polo</b></i>, economista e consultor da Conam - Consultoria em Administra&ccedil;&atilde;o Municipal, palestrante do &quot;9&ordm; Semin&aacute;rio Prefeitos Eleitos 2021-2024 - Webinar: Uma gest&atilde;o inovadora para novos desafios&quot;, que ser&aacute; realizado quinta-feira, dia 10 de dezembro.