2021 e o Fantasma de 2020
22 de janeiro de 2021 às 10:38
Giovana Fernandes Leite
Que o ano de 2020 foi um ano atípico e inesperado, não é novidade para ninguém. Além de marcar a história de cada um, marca essencialmente um grande capítulo na história da humanidade, e para alguns participantes dessa humanidade em específico, se estabelece de maneira mais intensa devido aos seus efeitos combinados com todos os problemas vigentes que apenas foram acentuados. <br />
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Felizmente, chegamos e já passamos pelo fim do ano de 2020, “sobrevivemos” o que segundo Psicanalista Christian Dunker, não é pouca coisa; e de fato, não é mesmo. Com a chegada do fim ano, nossos votos nunca foram tão sinceros na perspectiva e nos pedidos para que 2021 fosse um ano significativamente diferente e com toda a problemática envolvendo o covid-19, resolvida.<br />
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2021 se inicia projetado sobre grandes expectativas; e agora, além das expectativas o ano nos retribui com um sentimento muito humano, muito extraordinário: a esperança. Com a chegada e aprovação das novas vacinas, o lugar cedido a incerteza é tomado pela esperança, ainda que em doses homeopáticas até pelos mais céticos.<br />
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Porém, a sensação de incerteza e insegurança não é ao todo descartada nem tampouco subestimada: existe ainda uma visão instável e um pouco nebulosa do futuro, pelo qual apenas pela ótica da esperança não é possível mensurá-lo: Por isso, questiono: Será 2020 um fantasma em 2021? Se 2020 é um fantasma, como ele se apresenta diante da sociedade? <br />
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Fugindo de estereótipos e figuras caricatas que são usualmente empregadas na representação do fantasma, tento trazer aqui, uma versão diferente, mas não original: se 2020 é um fantasma, que seja um fantasma lembrança: daqueles que não invadem, não assustam, mas sim que lembram e ensinam o que não deve (exatamente, não deve) ser feito. Se pudéssemos tirar proveito de algo em 2020, é que ele nos mostrou de maneira cristalina justamente como não ser e agir em diversos aspectos relacionados a sobrevivência e humanidade. E é claro, que nem todas as pessoas compreenderam isso. <br />
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Defendendo a crença que o fantasma terá o poder que darmos a ele, afirmo que 2020 possa ser um fantasma pois, quanto mais tentarmos esquecê-lo por mais ruim que ele tenha sido, mais ele retorna a nossas memórias. Por isso, mantê-lo em nossa lembrança como um ano adverso pelo qual sobrevivemos pode ser além de uma tática de sobrevivência, a certeza que os fantasmas do passado não tornem a nos assombrar no presente nem tão pouco futuro. Não é a uma rota de solução exata, mas também não é uma rota de fuga. Por isso, devemos tentar compreender o que foi o ano de 2020 arquitetando muito acima de nossas próprias competências. <br />
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Finalizo com a célebre frase de Henry Ford, que acredito ilustrar bem esse contexto: “<i><b>O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro</b></i>”. <br />
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Por <i><b>Giovana Fernandes Leite</b></i> – Psicóloga, Especialista em Neurolinguística e Mestranda em Psicologia Psicossocial pela PUC/GO. Escritora e poetisa, compõe diversas antologias e prêmios literários, entre eles o “II Prêmio Internacional Mulheres das Letras 2020” pela editora Litere-se e o “Prêmio Alma de Poeta” pela Academia de Artes e Letras Internacional da Baixada Fluminense – AALIBB a qual é membra fundadora. <br />