Dia Mundial da Água

23 de março de 2021 às 10:55

José de Paiva Netto
Em 22 de mar&ccedil;o de 1992, as Na&ccedil;&otilde;es Unidas divulgaram a &ldquo;Declara&ccedil;&atilde;o Universal dos Direitos da &Aacute;gua&rdquo;. Despertar o interesse e maior consci&ecirc;ncia ecol&oacute;gica das popula&ccedil;&otilde;es e de seus governantes, sobretudo quanto &agrave; import&acirc;ncia da &aacute;gua para a sobreviv&ecirc;ncia humana, foi o intuito do texto. No ano seguinte, na mesma data, a Assembleia-Geral da ONU declarou o 22 de mar&ccedil;o Dia Mundial da &Aacute;gua.<br /> &nbsp;<br /> De l&aacute; para c&aacute;, surge crescente preocupa&ccedil;&atilde;o por parte dos povos no tocante &agrave; escassez dos recursos h&iacute;dricos. Alguns analistas preveem, num futuro nem t&atilde;o distante, conflitos armados tendo como pano de fundo a disputa por esse l&iacute;quido valios&iacute;ssimo. <br /> &nbsp;<br /> <b>Guerra pela &aacute;gua </b><br /> <br /> O artigo assinado pelo professor de Economia norte-americano Jeffrey D. Sachs e publicado no Valor Econ&ocirc;mico, em abril de 2009, &eacute; mais uma confirma&ccedil;&atilde;o de que lamentavelmente o predito j&aacute; se concretiza h&aacute; mais tempo do que alguns julgavam: &nbsp;<br /> &nbsp;<br /> &ldquo;Muitos conflitos s&atilde;o provocados ou inflamados por escassez de &aacute;gua. Conflitos &ndash; do Chade a Darfur, no Sud&atilde;o, do deserto Ogaden, na Eti&oacute;pia, &agrave; Som&aacute;lia e seus piratas, bem como no I&ecirc;men, Iraque, Paquist&atilde;o e Afeganist&atilde;o &mdash; acontecem em um grande arco de terras &aacute;ridas onde a escassez de &aacute;gua est&aacute; provocando colapso de colheitas, morte de rebanhos, extrema pobreza e desespero&rdquo;. <br /> <br /> E relata o articulista: &ldquo;A Unesco, uma ag&ecirc;ncia das Na&ccedil;&otilde;es Unidas, publicou recentemente o Relat&oacute;rio de Desenvolvimento da &Aacute;gua de 2009; o Banco Mundial divulgou aprofundado estudo sobre a &Iacute;ndia (Economia h&iacute;drica indiana: preparando-se para um futuro turbulento) e sobre o Paquist&atilde;o (Economia h&iacute;drica paquistanesa: o agravamento da seca); e a Asia Society divulgou uma vis&atilde;o geral das crises h&iacute;dricas asi&aacute;ticas (O pr&oacute;ximo desafio asi&aacute;tico: assegurar o futuro h&iacute;drico na regi&atilde;o)&rdquo;. <br /> <br /> Vejam a quanto chegamos. &Eacute; urgente deter isso. Sachs afirma que &ldquo;esses relat&oacute;rios contam uma hist&oacute;ria similar. O suprimento de &aacute;gua &eacute; cada vez mais insuficiente em grandes partes do mundo, especialmente em suas regi&otilde;es &aacute;ridas. O r&aacute;pido agravamento da escassez de &aacute;gua reflete o crescimento populacional, o esgotamento da &aacute;gua subterr&acirc;nea, desperd&iacute;cio e polui&ccedil;&atilde;o, e os enormes e cada vez mais desastrosos efeitos das mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas resultantes da atividade humana. As consequ&ecirc;ncias s&atilde;o dolorosas: seca e fome, perda de condi&ccedil;&otilde;es de subsist&ecirc;ncia, dissemina&ccedil;&atilde;o de enfermidades transmitidas pela &aacute;gua, migra&ccedil;&atilde;o for&ccedil;ada e at&eacute; mesmo conflitos armados&rdquo;. <br /> <br /> O que fazer diante desse cen&aacute;rio apocal&iacute;ptico? O pr&oacute;prio professor conclui: &ldquo;Solu&ccedil;&otilde;es pr&aacute;ticas incluem muitos componentes, entre eles melhor gest&atilde;o de recursos h&iacute;dricos, tecnologias mais aperfei&ccedil;oadas para aumentar a efici&ecirc;ncia no uso da &aacute;gua e novos investimentos assumidos em conjunto por governos, pelo setor empresarial e por organismos c&iacute;vicos&rdquo;. <br /> &nbsp;<br /> <b>Sentimentos desgovernados </b><br /> <br /> Mas, com o passar dos dias, tal problema s&oacute; vir&aacute; a crescer, se provid&ecirc;ncias realmente eficazes, muitas vezes postergadas, n&atilde;o forem estabelecidas. Os seres humanos, mesmo em lugares onde o l&iacute;quido precios&iacute;ssimo &eacute; escasso, v&ecirc;m profanando esse elemento natural, sem o que n&atilde;o poderemos subsistir. Quando a pessoa tem os sentimentos desgovernados, tudo &agrave; sua volta sofre contamina&ccedil;&atilde;o. <br /> &nbsp;<br /> <b>Acesso &agrave; &aacute;gua pot&aacute;vel </b><br /> <br /> N&atilde;o estamos aqui para apavorar ningu&eacute;m. Visamos ressaltar subs&iacute;dios que reclamam postura imediata das popula&ccedil;&otilde;es da Terra, de respeito &agrave; nossa morada coletiva. A&iacute; est&atilde;o os alertamentos. Que n&atilde;o faltem, pois, de parte dos governos e da sociedade, as imprescind&iacute;veis e corretivas medidas, enquanto h&aacute; tempo. Se &eacute; dif&iacute;cil, comecemos ontem! <br /> <br /> Como sempre, a Palavra de Jesus permanece atual. Ao Lhe perguntarem de que modo se comportariam as criaturas na proximidade de tempos de grande afli&ccedil;&atilde;o, anunciados desde o Antigo Testamento da B&iacute;blia Sagrada, respondeu que, tal qual as &eacute;pocas de No&eacute; e L&oacute;, a distra&ccedil;&atilde;o seria maior do que os cuidados que a gravidade dos fatos exigiria (Evangelho, segundo Lucas, 17:26-30). N&atilde;o &eacute; for&ccedil;oso acreditar &ldquo;nessas coisas de natureza religiosa&rdquo; para perceber que um quadro pintado com cores fortes se configura. <br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_paiva-neto_lbv.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Jos&eacute; de Paiva Netto</b></i> &#8213; Jornalista, radialista e escritor. <br /> paivanetto@lbv.org.br &mdash; www.boavontade.com