Separar corruptos e honestos

16 de maio de 2021 às 11:13

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
Noticia-se que o governador de Bras&iacute;lia, Ibaneis Rocha (MDB-DF), teria destinado R$ 7 milh&otilde;es do chamado or&ccedil;amento secreto para cidades do Piau&iacute; onde possui fazendas de gado. Em princ&iacute;pio &eacute; uma alta irregularidade, pois ele &eacute; governador do Distrito Federal e n&atilde;o tem porque arregimentar verbas para outras unidades da federa&ccedil;&atilde;o mesmo que, pessoalmente, nelas possua propriedades ou interesses empresariais. Pior se os recursos remanejados fossem originalmente destinados ao DF e p&eacute;ssimo se, de alguma forma, serviram para beneficiar as propriedades do governador. H&aacute; um ros&aacute;rio de suposi&ccedil;&otilde;es lan&ccedil;ado ao ar, que clama por esclarecimento para, &agrave; luz do apurado, se propor medidas contra as irregularidades cometidas tanto pelo governador quanto por outros envolvidos se forem verdadeiras ou, em caso contr&aacute;rio, dar-lhes os subs&iacute;dios necess&aacute;rios para processar criminalmente e pleitear repara&ccedil;&atilde;o c&iacute;vel dos que tenham denunciado sem ter como provar.<br /> <br /> Infelizmente vivemos um tempo em que os inventivos bocas frouxas, por diferentes raz&otilde;es, criam e espalham boatos e inverdades sobre seus advers&aacute;rios pol&iacute;ticos, empresariais e at&eacute; pessoais. Muitos casos denunciados ruidosamente acabam caindo na prescri&ccedil;&atilde;o e no esquecimento sem que sejam esclarecidos. Se por um lado os denunciados n&atilde;o s&atilde;o obrigados a formar provas do contr&aacute;rio, tamb&eacute;m n&atilde;o t&ecirc;m a oportunidade de chamar &agrave; responsabilidade quem os envolveu indevidamente, quando esse &eacute; o caso. O clima de impunidade &eacute; uma t&ocirc;nica e, com toda certeza, deve beneficiar os que realmente cometem irregularidades e se locupletam pela&nbsp; falta de credibilidade generalizada do meio e at&eacute; das institui&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> O senso geral de que &ldquo;todo pol&iacute;tico &eacute; ladr&atilde;o&rdquo; &ndash; que ouvimos desde os tempos de crian&ccedil;a, &eacute; terrivelmente injusto. Embora existam no meio os execr&aacute;veis delinquentes que deveriam estar todos na cadeia (mas n&atilde;o est&atilde;o e alguns at&eacute; foram soltos por poderem pagar boas defesas), h&aacute; uma imensa maioria de pol&iacute;ticos bem intencionados e conscientes de suas obriga&ccedil;&otilde;es que, muitas vezes, n&atilde;o conseguem levar avante seu trabalho por conta dos esquemas verdadeiramente criminosos que interferem no meio pol&iacute;tico. Por conta disso e dos interesses subalternos daquela minoria que controla partidos e regi&otilde;es, h&aacute; na pol&iacute;tica o baixo clero que, para sobreviver, sucumbe aos esquemas e tamb&eacute;m ganha o nome de corrupto sem jamais ter roubado. Enfraquecidos, eles apenas cuidam de sobreviver, mesm o que &agrave; custas da perda da dignidade.<br /> <br /> N&atilde;o queremos crer ou deixar de crer naquilo que falam do governador de Bras&iacute;lia. Mas esperamos que ele pr&oacute;prio seja capaz de promover os esclarecimentos e haja mecanismos oficiais confi&aacute;veis capazes de aferir a veracidade do que disser, at&eacute;&nbsp; como forma de tranq&uuml;ilizar a popula&ccedil;&atilde;o sobre o assunto. Especialmente quem nele votou para o governo brasiliense e hoje podem estar desapontados com a possibilidade de ter transferido para territ&oacute;rios vizinhos &agrave;s suas fazendas verbas que poderiam estar resolvendo problemas locais.<br /> <br /> Enquanto n&atilde;o tivermos institui&ccedil;&otilde;es fortes e independentes com capacidade para investigar e dirimir d&uacute;vidas, teremos o denuncismo de execra&ccedil;&atilde;o que se lastreia na impunidade dos destruidores de reputa&ccedil;&otilde;es. No meio militar, quando h&aacute; d&uacute;vida sobre algu&eacute;m, &eacute; mais f&aacute;cil ele ser punido do que sobreviver. &ldquo;&Eacute; prefer&iacute;vel ter fora do quartel algu&eacute;m honesto que n&atilde;o conseguiu provar sua inoc&ecirc;ncia do que manter um suspeito na tropa&rdquo;, reza a velha cartilha. O mesmo deveria ser observado no meio pol&iacute;tico-institucional. Livraria a classe da imagem negativa que hoje faz o povo desprezar at&eacute; os que agem corretamente mas sofrem o reflexo dos errantes que conspurcam o ambiente. Parlamentares e os centros do saber legal e jur&iacute;dico fariam muito bem ao pa&iacute;s se desenvolvessem u ma legisla&ccedil;&atilde;o mais severa para punir a corrup&ccedil;&atilde;o e os desmandos pol&iacute;tico-administrativos, tomando por base o que fazem os pa&iacute;ses mais desenvolvidos, independente da ideologia. Corrup&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tem matiz ideol&oacute;gico, &eacute; apenas crime a ser punido. &nbsp;<br /> <br /> Ibanheis e todos os pol&iacute;ticos e administradores que sofrerem algum tipo de den&uacute;ncia t&ecirc;m de ser rigorosamente investigados. Isso lhes dar&aacute; chance de defesa em caso de falsidade da acusa&ccedil;&atilde;o e, se positiva, servir&aacute; para deles livrar o meio pol&iacute;tico e a sociedade. Chega de corruptos e de impunidade!...<br /> &nbsp;<br /> Por <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />