Parlamentarismo ou presidencialismo. Eis a questão

12 de junho de 2021 às 13:15

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Vai ter golpe de Estado? V&atilde;o derrubar o Bolsonaro? O Bolsonaro vai fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal? E as For&ccedil;as Armadas, em que lado est&atilde;o nisso? Essas indaga&ccedil;&otilde;es tornaram-se rotineiras nas &uacute;ltimas semanas. Frutos da intensa e irrespons&aacute;vel polariza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica que se estabeleceu e enseja que cada grupo pol&iacute;tico ou ideol&oacute;gico procure as brechas para bater seus advers&aacute;rios. Do jeito que o quadro se coloca, perde a sociedade porque, com seus membros envolvidos em pol&ecirc;micas, os governos e as demais institui&ccedil;&otilde;es n&atilde;o conseguem produzir o seu melhor pela solu&ccedil;&atilde;o dos problemas comunit&aacute;rios. Precisamos encontrar algu&eacute;m com representatividade e for&ccedil;a para capitanear a pol&iacute;tica nacional acima de direita ou esquerda ou qualquer outra subdivis&atilde;o ideol&oacute;gica. Que consiga construir um acordo capaz de parar a luta fratricida hoje travada nos escaninhos do poder e das institui&ccedil;&otilde;es. Nada impede que seja uma das lideran&ccedil;as j&aacute; consolidadas, mas tem de ser com foco reformado e mais abrangente.<br /> <br /> A Rep&uacute;blica brasileira nasceu, em 1889, de um golpe militar contra o imperador Pedro II. Ocorreram outras rupturas em 1891, 1930, 1937, 1945&nbsp; e 1964. Os governos civis, formados a partir de 1985 &ndash; ap&oacute;s os 21 anos do regime de 64 &ndash; n&atilde;o tiveram for&ccedil;a para tomar um rumo concreto. As diferentes correntes conduziram, em 1988, &agrave; montagem de uma Constitui&ccedil;&atilde;o de vi&eacute;s parlamentarista, mas n&atilde;o puderam revogar o presidencialismo. A&iacute; se criou o gargalo, onde o Legislativo tem as leis, mas quem tem o dinheiro &eacute; o Executivo. O poder deteriorou-se e tivemos dois impeachments&nbsp; - de Collor e de Dilma - e os ruidosos casos dos mensal&otilde;es, petrol&otilde;es e outras corrup&ccedil;&otilde;es que comprometeram a classe pol&iacute;tica e encarceraram empres&aacute;rios, executivos, ministros, parlamenta res e at&eacute; dois ex-presidentes. Hoje temos um Congresso problem&aacute;tico, com muitos de seus membros denunciados, investigados ou processados, e a sociedade insuflada em todas as dire&ccedil;&otilde;es. Mas o grande problema &eacute; que, do jeito que o quadro ficou, n&atilde;o somos parlamentaristas, nem presidencialistas e o h&iacute;brido n&atilde;o funciona. &Eacute; preciso a reforma pol&iacute;tica que se avizinha decidir por um ou outro. Ambos t&ecirc;m bons exemplos: o presidencialismo nos Estados Unidos e o parlamentarismo na Europa e em outros pa&iacute;ses ao redor do mundo. O imposs&iacute;vel &eacute; ambos conviverem no mesmo espa&ccedil;o.<br /> <br /> &Eacute; preciso parar os rompantes e garantir &agrave; Na&ccedil;&atilde;o as condi&ccedil;&otilde;es para trabalhar, empreender e progredir. Os governos &ndash; presidente, governadores e prefeitos &ndash; precisam ter seus mandatos garantidos e cobrados a cumprir as metas de trabalho prometidas quando pediram os votos do eleitorado. H&aacute; que se acabar com o clima permanente de disputa eleitoral. Os vencedores do pleito t&ecirc;m uma tarefa a cumprir e os perdedores fariam melhor se fossem se preparar para as elei&ccedil;&otilde;es seguintes. O governante s&oacute; foi investido no posto porque obteve a maioria dos votos e isso tem de ser respeitado ou, ent&atilde;o, periclitamos a democracia. Afastamento, s&oacute; em infra&ccedil;&otilde;es pol&iacute;ticas ou administrativas apuradas e comprovadas, conforme a legisla&ccedil;&atilde;o vigente. Se optarmos pelo parlamentarismo, o governo ser&aacute; do primeiro ministro, tamb&eacute;m com regras para sua nomea&ccedil;&atilde;o e destitui&ccedil;&atilde;o, se for o caso, mas tudo previsto em lei e sem improvisos. &nbsp;<br /> <br /> Diferente do passado, onde seus l&iacute;deres eram politicamente atuantes, as For&ccedil;as Armadas v&ecirc;m se mantendo isentas e cumpridoras de seus deveres constitucionais. Nenhum de seus membros da ativa &eacute; remanescente daqueles tempos da caserna pol&iacute;tica. Todos da &eacute;poca j&aacute; est&atilde;o na reserva e, a maioria deles, mortos pelo imperativo do ciclo biol&oacute;gico. Evidente que os militares de hoje t&ecirc;m condi&ccedil;&otilde;es de fazer o mesmo que seus antecessores, mas esse seria um &uacute;ltimo recurso, quando n&atilde;o houvesse qualquer outra solu&ccedil;&atilde;o extra-quart&eacute;l.<br /> <br /> Nossa democracia tem problemas, e o principal deles &eacute; ser parlamentarista e presidencialista ao mesmo tempo. Urge optar por um ou por outro. S&oacute; assim, podermos viver a paz institucional e, com isso, o progresso e o bem-estar da popula&ccedil;&atilde;o. Defina-se o mais r&aacute;pido poss&iacute;vel.<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Por <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br