Compreendendo o Amor

12 de junho de 2021 às 13:19

Padre Ezequiel Dal Pozzo
Qual a diferen&ccedil;a entre amar a Deus e amar as pessoas? O amor &eacute; o mesmo? O amor toca os nossos sentimentos, mas h&aacute; diferen&ccedil;as. Os gregos, na filosofia, tinham uma forma de falar do amor que nos ajuda um pouco a entender os diferentes sentidos do amor. Usavam, ao menos, tr&ecirc;s termos para falar do amor: &ldquo;&Aacute;gape, Eros e Philia&rdquo;.<br /> <br /> &nbsp;&Aacute;gape traduz o amor de Deus. &Eacute; um amor completamente desinteressado. Ama porque &eacute; pr&oacute;prio dele amar. Sua natureza consiste em estar amando, sem esperar nada em troca. &Aacute;gape &eacute; o amor que n&atilde;o tem falhas, perfeito, intenso, total. &Eacute; o amor incondicional, isto &eacute;, independente de condi&ccedil;&atilde;o ele ama. <br /> <br /> Eros por sua vez &eacute; o amor humano, carregado de desejo. Traduz o amor entre os amantes, onde um deseja o outro. &Eacute; o amor mais voltado aos desejos do corpo. Ele &eacute; a for&ccedil;a que faz com que nos sintamos atra&iacute;dos pela outra pessoa. Os gregos representavam esse amor como um garoto com arco e flecha. Esse garoto era o Eros que disparava setas de amor. Quem ficasse atingido pela seta disparada por Eros, ficava enamorado da outra pessoa. Esse amor de enamoramento e desejo exige sempre reciprocidade. Quer dar e receber amor. &Eacute; um amor que quer complementaridade, por isso &eacute; imperfeito, n&atilde;o &eacute; pura doa&ccedil;&atilde;o como &eacute; &Aacute;gape.<br /> <br /> O amor philia, segundo os gregos, &eacute; o amor de amizade. &Eacute; o amor que se alegra com o amigo a amiga, assim como eles s&atilde;o. Fica satisfeito com a presen&ccedil;a, em estar ao lado. O amor de amizade sempre foi cantado e exaltado pelos gregos como um amor de alto valor. De fato, o amor de amizade tem forte poder de contentamento, de proporcionar momentos de alegria e felicidade ao ser humano. <br /> <br /> O que percebemos &eacute; que n&oacute;s somos falhos no amor, por isso, nos enganamos. A experi&ecirc;ncia de amor que fazemos est&aacute; sempre constitu&iacute;da de realiza&ccedil;&atilde;o e engano, de acertos e erros. As experi&ecirc;ncias humanas se traduzem em realiza&ccedil;&atilde;o e sofrimento, em momentos de plenitude, de exulta&ccedil;&atilde;o e de fracassos e trai&ccedil;&otilde;es. Assim sendo, necessitamos proximidade com a fonte do amor, do amor &Aacute;gape. Deus est&aacute; sempre oferecendo esse amor, desde sempre e sem cessar. Ali flui amor. O amor &Aacute;gape n&atilde;o tem falhas, nem car&ecirc;ncias. <br /> <br /> Embora &Aacute;gape, Eros e Philia sejam diferentes, s&atilde;o complementares. O amor fonte &eacute; um s&oacute;. Dele nascem os outros amores. &Aacute;gape, que &eacute; o amor de Deus, nutre Eros que &eacute; o amor que deseja a outra pessoa e nutre Philia, que &eacute; o amor de amizade. Philia e Eros precisam sempre da fonte divina para se alimentar e se fortalecer. A proximidade com Deus, desperta assim a vida para uma proximidade maior com as pessoas. Na contempla&ccedil;&atilde;o de &Aacute;gape, o amor humano, Eros e Philia se purificam. O amor humano se purifica e fortalece no amor de Deus. O amor a Deus e a pessoa humana por isso n&atilde;o se op&otilde;em. N&atilde;o preciso decidir-me se vou amar a Deus ou as pessoas. Amo a Deus na medida em que amo as pessoas, e amo as pessoas na medida em que amo a Deus. O amor cresce nesse movimento de ida e volta. Por isso, ame muito, com intensidade, sem medo de perder.<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_padre-ezequiel-dal-pozzo.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <b><i>Padre Ezequiel Dal Pozzo</i></b><br /> contato@padreezequiel.com.br