Commodities agrícolas e alimentos de mesa: motivo para comemoração ou preocupação?

02 de julho de 2021 às 12:00

Nelson Roberto Furquim
Os excelentes n&uacute;meros conquistados pelas commodities agr&iacute;colas brasileiras nos &uacute;ltimos anos n&atilde;o tem se repetidos com o panorama alimentar da sociedade no pa&iacute;s. Se, por um lado se comemoram safras recordes e vendas dolarizadas, por outro h&aacute; um contingente de pessoas desempregadas e famintas nas cidades brasileiras. <br /> <br /> Nesse contexto, surgem algumas quest&otilde;es: onde est&atilde;o os alimentos de mesa? Por que n&atilde;o produzimos alimentos de qualidade do brasileiro com a mesma compet&ecirc;ncia das commodities agr&iacute;colas? <br /> <br /> No setor agropecu&aacute;rio brasileiro, a produ&ccedil;&atilde;o de commodities &eacute; considerada oligopolizada, com forte concentra&ccedil;&atilde;o de produtores em algumas regi&otilde;es brasileiras, como: soja e milho na regi&atilde;o Centro-oeste; cana-de-a&ccedil;&uacute;car e produ&ccedil;&atilde;o do a&ccedil;&uacute;car no Sudeste e parte do Centro-oeste, e caf&eacute; na regi&atilde;o Sudeste. J&aacute; a produ&ccedil;&atilde;o de alimentos de mesa est&aacute; organizada com grande n&uacute;mero de pequenos e m&eacute;dios produtores, parte importante relacionada com a agricultura familiar, tornando-os tomadores de pre&ccedil;o com produ&ccedil;&atilde;o voltada para o mercado dom&eacute;stico. <br /> <br /> Com isto, a falta de alimentos para a mesa do brasileiro se d&aacute; pelo desalinhamento estrutural entre estes dois segmentos da agricultura brasileira. Para tanto, o pa&iacute;s precisa avan&ccedil;ar em tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o e comercializa&ccedil;&atilde;o, promovendo inova&ccedil;&otilde;es sociais para melhor distribuir suas riquezas alimentares. A atividade agropecu&aacute;ria brasileira &eacute; caracterizada por forte heterogeneidade regional e entre culturas, assim como entre estruturas produtivas, dada a presen&ccedil;a de organiza&ccedil;&otilde;es empresariais bem estruturadas em termos de governan&ccedil;a, e a presen&ccedil;a da pequena agricultura e da agricultura familiar com estruturas de gest&atilde;o em desenvolvimento. <br /> <br /> A complexidade destes mercados tem mostrado que n&atilde;o se pode contar, para sempre, com a voca&ccedil;&atilde;o natural produtiva desta na&ccedil;&atilde;o, bem como com sua extens&atilde;o de biodiversidade, para garantir alimenta&ccedil;&atilde;o de qualidade ao seu povo. Quem n&atilde;o gostaria de ter alimentos saud&aacute;veis em sua mesa? <br /> <br /> Para quem optar pelo manejo agroecol&oacute;gico de produ&ccedil;&atilde;o agropecu&aacute;ria, concorda com sistemas alimentares que, de acordo com a Lei n. 10.831 de 2003 s&atilde;o aqueles que &quot;adotam t&eacute;cnicas espec&iacute;ficas, mediante a otimiza&ccedil;&atilde;o do uso dos recursos naturais e socioecon&ocirc;micos dispon&iacute;veis e o respeito &agrave; integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econ&ocirc;mica e ecol&oacute;gica, a maximiza&ccedil;&atilde;o dos benef&iacute;cios sociais, a minimiza&ccedil;&atilde;o da depend&ecirc;ncia de energia n&atilde;o-renov&aacute;vel, empregando, sempre que poss&iacute;vel, m&eacute;todos culturais, biol&oacute;gicos e mec&acirc;nicos, em contraposi&ccedil;&atilde;o ao uso de materiais sint&eacute;ticos, a elimina&ccedil;&atilde;o do uso de organismos geneticamente modificados e radia&ccedil;&otilde;es ionizantes, em qualquer fase do processo de produ&ccedil;&atilde;o, processamento, armazenamento, distribui&ccedil;&atilde;o e comercializa&ccedil;&atilde;o, e a prote&ccedil;&atilde;o do meio ambiente&quot;. <br /> <br /> Os alimentos org&acirc;nicos est&atilde;o se tornando um importante segmento da agricultura em in&uacute;meros pa&iacute;ses, independentemente de seu est&aacute;gio de desenvolvimento, j&aacute; representando uma parcela significativa do sistema alimentar. <br /> <br /> A demanda dos consumidores por alimentos produzidos de forma org&acirc;nica gera oportunidades para agricultores, neg&oacute;cios no mundo todo, e claro, geram novos desafios. O interesse crescente dos consumidores tem acarretado novos posicionamentos do setor p&uacute;blico, sendo premente a necessidade de informa&ccedil;&otilde;es claras e objetivas acerca desse assunto. <br /> <br /> Sugest&atilde;o de leitura adicional: <a href="http://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><u><i>https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos</i></u></span></a> <br /> <br /> Por <i><b>Nelson Roberto Furquim</b></i> &eacute; Engenheiro de Alimentos. Docente do Centro de Ci&ecirc;ncias Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Coordenador do Grupo de Extens&atilde;o AgriMack- Mackenzie Agribusiness e... <br /> <br /> <i><b>Marta Fabiano Sambiase</b></i> &eacute; doutora em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas. &Eacute; professora assistente do Programa de P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Pesquisadora do Grupo de Extens&atilde;o AgriMack- Mackenzie Agribusiness e N&uacute;cleo de Estudos em Competitividade (NEC) e... <br /> <br /> <i><b>Elvio Corr&ecirc;a Porto</b></i> &eacute; doutor em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas. Professor adjunto do Centro de Ci&ecirc;ncias Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Grupo de Extens&atilde;o AgriMack- Mackenzie Agribusiness. <br />