Desarmar os corações

04 de setembro de 2021 às 12:24

José de Paiva Netto
<div>Relendo o meu livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade &mdash; O Poder do Cristo em n&oacute;s, lan&ccedil;ado em 8 de novembro de 2014, achei alguns modestos apontamentos, os quais gostaria de apresentar a voc&ecirc;s, que me honram com a leitura.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Por infelicidade, os povos ainda n&atilde;o regularam suas lentes para enxergar que a verdadeira harmonia nasce no &iacute;ntimo esclarecido de cada criatura, pelo conhecimento espiritual, pela generosidade e pela justi&ccedil;a. Consoante costumo afirmar e, outras vezes, comentarei, eles geram fartura. A tranquilidade que o Pai-M&atilde;e Celeste tem a oferecer &mdash; visto, de lado a lado, com equil&iacute;brio e reconhecido como inspirador da Fraternidade Ecum&ecirc;nica &mdash; em nada se assemelha &agrave;s frustradas tratativas e acordos ineficientes ao longo da nossa Hist&oacute;ria. O engenheiro e abolicionista brasileiro Andr&eacute; Rebou&ccedil;as (1838-1898) traduziu em met&aacute;fora a in&eacute;rcia das perspectivas exclusivamente humanas: &ldquo;A paz armada est&aacute; para a guerra como as mol&eacute;stias cr&ocirc;nicas para as mol&eacute;stias agudas; como uma febre renitente para um tifo. Todas essas mol&eacute;stias aniquilam e matam as na&ccedil;&otilde;es; &eacute; s&oacute; uma quest&atilde;o de tempo&rdquo;.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Ora, vivenciar a Paz desarmada, a partir da fraternal instru&ccedil;&atilde;o de todas as na&ccedil;&otilde;es, &eacute; medida inadi&aacute;vel para a sobreviv&ecirc;ncia dos povos. Mas, para isso, &eacute; preciso, primeiro, desarmar os cora&ccedil;&otilde;es, conservando o bom senso, conforme enfatizei &agrave; compacta massa de jovens de todas as idades que me ouviam em Jundia&iacute;/SP, Brasil, em setembro de 1983 e publiquei na Folha de S.Paulo, de 30 de novembro de 1986. At&eacute; porque, como pude dizer &agrave;quela altura, o perigo real n&atilde;o est&aacute; unicamente nos armamentos, mas tamb&eacute;m nos c&eacute;rebros que criam as armas; e que engendram condi&ccedil;&otilde;es, locais e mundiais, para que sejam usadas, os dedos que apertam os bot&otilde;es e pressionam os gatilhos.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Armas sozinhas nada fazem nem surgem por &ldquo;gera&ccedil;&atilde;o espont&acirc;nea&rdquo;. No entanto, s&atilde;o perigosas mesmo que armazenadas em pai&oacute;is. Podem explodir e enferrujam, poluindo o ambiente. Elas s&atilde;o efeito da causa ser humano quando afastado de Deus, a Causa Causarum, que &eacute; Amor (Primeira Ep&iacute;stola de Jo&atilde;o, 4:16). N&oacute;s &eacute; que, se distantes do Bem, somos as verdadeiras bombas at&ocirc;micas, as armas bacteriol&oacute;gicas, qu&iacute;micas, os canh&otilde;es, os fuzis, enquanto descumpridores ou descumpridoras das ordens de Fraternidade, de Solidariedade, de Generosidade e de Justi&ccedil;a do Cristo, que &eacute; o Senhor Todo-Poderoso deste orbe.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>No dia em que o indiv&iacute;duo, reeducado sabiamente, n&atilde;o tiver mais &oacute;dio bastante para disparar artefatos mort&iacute;feros, mentais e f&iacute;sicos, estes perder&atilde;o todo o seu terr&iacute;vel significado, toda a sua m&aacute; raz&atilde;o de &ldquo;existir&rdquo;. E n&atilde;o mais ser&atilde;o constru&iacute;dos.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>&Eacute; necess&aacute;rio desativar os explosivos, cessar os rancores, que insistem em habitar os cora&ccedil;&otilde;es humanos. Eis a grande mensagem da Religi&atilde;o do Terceiro Mil&ecirc;nio, que se inspira no Cristo, o Pr&iacute;ncipe da Paz: desarmar, com uma for&ccedil;a maior que o &oacute;dio, a ira que dispara as armas. Trata-se de um trabalho de educa&ccedil;&atilde;o de largo espectro; mais que isso, de reeduca&ccedil;&atilde;o. E essa energia poderosa &eacute; o Amor Fraterno &mdash; n&atilde;o o ainda incipiente amor dos homens &mdash;,&nbsp; mas o Amor de Deus, de que todos n&oacute;s nos precisamos alimentar. Temos, nas nossas m&atilde;os, a mais potente ferramenta do mundo. Essa, sim, &eacute; que vai evitar os diferentes tipos de guerra, que, de in&iacute;cio, nascem na Alma, quando enferma, do ser vivente.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>As pessoas discutem o problema da viol&ecirc;ncia no r&aacute;dio, na televis&atilde;o, na imprensa ou na internet e ficam cada vez mais perplexas por n&atilde;o descobrir a solu&ccedil;&atilde;o para erradic&aacute;-la, apesar de tantas e brilhantes teses. Em geral, procuram-na longe e por caminhos intrincados. Ela, por&eacute;m, n&atilde;o se encontra distante; est&aacute; pertinho, dentro de n&oacute;s: Deus!&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>&ldquo;(...) o Reino de Deus est&aacute; dentro de v&oacute;s&rdquo; Jesus (Lucas, 17:21).&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>E devemos sempre repetir que &ldquo;Deus &eacute; Amor!&rdquo; (Primeira Ep&iacute;stola de Jo&atilde;o, 4:8). N&atilde;o o amor banalizado, mas a For&ccedil;a que move os Universos. Lamentavelmente, a maioria esmagadora dos chamados poderosos da Terra ainda n&atilde;o acredita bem nesse fato e tenta em v&atilde;o desqualific&aacute;-lo. S&atilde;o os pretensos donos da verdade... Entretanto, &ldquo;o pr&oacute;ximo e &uacute;ltimo Armagedom mudar&aacute; a mentalidade das na&ccedil;&otilde;es e dos seus governantes&rdquo;, afian&ccedil;ava Alziro Zarur (1914-1979). E eu pe&ccedil;o licen&ccedil;a a ele para acrescentar: governantes sobreviventes.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Conforme anunciado no austero cap&iacute;tulo 16, vers&iacute;culo 16, do Livro da Revela&ccedil;&atilde;o, o Apocalipse, &ldquo;Ent&atilde;o, os ajuntaram num lugar que em hebraico se chama Armagedom&rdquo;. (Armagedom, local onde reis, pr&iacute;ncipes e governantes s&atilde;o agrupados para a batalha decisiva.)&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Sobrepujar os obst&aacute;culos&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Zarur dizia, &ldquo;na verdade, quem ama a Deus ama ao pr&oacute;ximo, seja qual for sua religi&atilde;o, ou irreligi&atilde;o&rdquo;.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>E um bom di&aacute;logo &eacute; b&aacute;sico para o exerc&iacute;cio da Democracia, que &eacute; o regime da responsabilidade.&nbsp;&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Ao encerrar este despretensioso artigo, recorro a um argumento que apresentei, durante palestras sobre o Apocalipse de Jesus para os Simples de Cora&ccedil;&atilde;o, apropriado igualmente aos que porventura pensem que a constru&ccedil;&atilde;o respons&aacute;vel da Paz seja uma impossibilidade: Isso &eacute; utopia? U&eacute;?! Tudo o que hoje &eacute; visto como progresso foi considerado delirante num passado nem t&atilde;o remoto assim.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <div>Muito mais se investisse em educa&ccedil;&atilde;o, instru&ccedil;&atilde;o, cultura e alimenta&ccedil;&atilde;o, iluminadas pela Espiritualidade Superior, melhor sa&uacute;de teriam os povos, portanto, maior qualifica&ccedil;&atilde;o espiritual, moral, mental e f&iacute;sica, para a vida e o trabalho, e menores seriam os gastos com seguran&ccedil;a. &ldquo;Ah! &eacute; esfor&ccedil;o para muitos anos?!&rdquo; Por isso, n&atilde;o percamos tempo! Sen&atilde;o, as conquistas civilizat&oacute;rias no mundo, que amea&ccedil;am ruir, poder&atilde;o dar passagem ao cont&aacute;gio da desilus&atilde;o que atingir&aacute; toda a Terra. N&atilde;o podemos permitir tal conjuntura.&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div> <img src="https://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_paiva-neto_lbv.jpg" width="60" height="80" hspace="3" align="left" alt="" /> <div><br /> <br /> Por <i><b>Jos&eacute; de Paiva Netto</b></i> ― Jornalista, radialista e escritor.&nbsp;</div> <div>paivanetto@lbv.org.br &mdash; <span style="color: rgb(0, 0, 255);"><u><i><a href="http://www.boavontade.com/" target="_blank">www.boavontade.com&nbsp;</a></i></u></span></div> <div>&nbsp;</div> <div>&nbsp;</div>