A dificuldade de empreender em um país que não investe na educação

21 de outubro de 2021 às 19:19

Roberto Karam Jr.
<div>H&aacute; anos, os empreendedores da &aacute;rea industrial tem se ressentido da falta de qualifica&ccedil;&atilde;o da m&atilde;o-de-obra para o ch&atilde;o de f&aacute;brica. Vivemos uma dicotomia do enorme ex&eacute;rcito de desempregados contra a falta absoluta de profissionais qualificados nos diversos setores da ind&uacute;stria.</div> <div>&nbsp;</div> <div>Um estudo feito pela CNI &ndash; Confedera&ccedil;&atilde;o Nacional da Ind&uacute;stria indica que, no Brasil, apenas 9,7% das matr&iacute;culas do ensino m&eacute;dio s&atilde;o em cursos de educa&ccedil;&atilde;o profissional. Na Alemanha, na Dinamarca, na Fran&ccedil;a e em Portugal esse percentual &eacute; superior a 40% e alcan&ccedil;a cerca de 70% na &Aacute;ustria e na Finl&acirc;ndia. Entre as empresas ouvidas pela CNI e que relatam a falta de trabalhador qualificado, 96% afirmam que t&ecirc;m dificuldades para contratar operadores.</div> <div>&nbsp;</div> <div>Ainda na &aacute;rea de produ&ccedil;&atilde;o, 90% das empresas dizem que enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores de n&iacute;vel t&eacute;cnico. Tamb&eacute;m h&aacute; falta de profissionais qualificados para as &aacute;reas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%), engenharia (77%), gerencial (75%) e pesquisa e desenvolvimento (74%).Essas informa&ccedil;&otilde;es est&atilde;o na Sondagem Especial &ndash; Falta de Trabalhador Qualificado, da Confedera&ccedil;&atilde;o Nacional da Ind&uacute;stria (CNI).</div> <div>&nbsp;</div> <div>De outro lado, de acordo com os dados do Projeto Ind&uacute;stria 2027, realizado pela CNI e o IEL, em pouco menos de 10 anos, somente 20% das ind&uacute;strias estar&atilde;o no patamar da ind&uacute;stria 4.0, o que aponta o descaso da educa&ccedil;&atilde;o brasileira, e tamb&eacute;m o desinteresse de algumas empresas em aplicar uma parte da renda em segmentos de tecnologia e atualiza&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnicas. Com experi&ecirc;ncia superior a 15 anos no mercado de conectores el&eacute;tricos, tive que passar por diversas melhorias, tanto em minha gest&atilde;o quanto no aprendizado de minha equipe, principalmente por se tratar de um campo de atua&ccedil;&atilde;o que exige constante progresso.</div> <div>&nbsp;</div> <div>O setor de energia representa uma enorme import&acirc;ncia na economia do pa&iacute;s e tamb&eacute;m socialmente, pois in&uacute;meras atividades do cotidiano necessitam do abastecimento el&eacute;trico, como shopping, escrit&oacute;rios, consult&oacute;rios m&eacute;dicos ou odontol&oacute;gicos, estabelecimentos p&uacute;blicos e a sua pr&oacute;pria resid&ecirc;ncia! Compreende como a eletricidade est&aacute; conectada a praticamente tudo na vida das pessoas e at&eacute; mesmo no mercado de trabalho, que faz a roda da sobreviv&ecirc;ncia girar? Ent&atilde;o, a partir dessa perspectiva, &eacute; poss&iacute;vel enxergar os perigos de n&atilde;o investir nessa &aacute;rea e nas outras que tem igual relev&acirc;ncia.</div> <div>&nbsp;</div> <div>No come&ccedil;o de 2020, foi publicado pela imprensa que o setor de energia el&eacute;trica deveria receber R$ 456 bilh&otilde;es em investimentos, sendo R$ 303 bilh&otilde;es em gera&ccedil;&atilde;o centralizada, R$ 50 bilh&otilde;es em gera&ccedil;&atilde;o distribu&iacute;da e R$ 104 bilh&otilde;es em transmiss&atilde;o. &Oacute;bvio que tais aplica&ccedil;&otilde;es s&atilde;o important&iacute;ssimas, por&eacute;m precisamos avaliar a possibilidade de investir ainda em educa&ccedil;&atilde;o e capacita&ccedil;&atilde;o dos profissionais. A mesma l&oacute;gica pode ser sobreposta em outros modelos de ind&uacute;stria, como aliment&iacute;cia, transforma&ccedil;&atilde;o, higiene e demais.</div> <div>&nbsp;</div> <div>Ampliando essa observa&ccedil;&atilde;o, chego &agrave; conclus&atilde;o que, se houvesse um melhor aproveitamento com foco em educar a comunidade da ind&uacute;stria, in&uacute;meros problemas seriam resolvidos. O primeiro seria os erros de comunica&ccedil;&atilde;o, hoje 38 milh&otilde;es de pessoas s&atilde;o considerados analfabetos funcionais, com idades entre 15 a 64 anos, e vale lembrar que o setor industrial emprega desde os mais jovens at&eacute; os indiv&iacute;duos de mais idade, ent&atilde;o nos faz ficar em alerta. Saber ler n&atilde;o &eacute; suficiente, o mercado pede seres mais cr&iacute;ticos, curiosos, com ambi&ccedil;&atilde;o agu&ccedil;ada, atenciosos e com comportamento empreendedor. Tudo isso s&oacute; &eacute; poss&iacute;vel com uma popula&ccedil;&atilde;o qualificada e com &iacute;ndices maiores de educa&ccedil;&atilde;o.</div> <div>&nbsp;</div> <div>Quando alertamos a respeito de capacita&ccedil;&atilde;o profissional, n&atilde;o &eacute; somente em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; m&atilde;o de obra qualificada e treinada, claro que isso &eacute; importante, especialmente quando falamos do ch&atilde;o de f&aacute;brica, pois essas pessoas s&atilde;o important&iacute;ssimas, por&eacute;m, &eacute; necess&aacute;rio &ldquo;criar&rdquo; profissionais que saiam do autom&aacute;tico, que contribuam para o futuro das empresas e do pa&iacute;s, consequentemente. Indiv&iacute;duos dispostos a&nbsp; evolu&iacute;rem tamb&eacute;m est&atilde;o dispostos a melhorar o que est&aacute; em volta de si, e s&atilde;o esses cidad&atilde;os que contribuem para uma economia mais est&aacute;vel, para mudan&ccedil;as positivas e que, l&aacute; na frente, v&atilde;o investir exatamente na &aacute;rea que fez com que eles crescessem.</div> <div>&nbsp;</div> <img src="/uploads/image/artigos_roberto-karam_engenheiro-eletrico-diretor-presidente-krj.jpg" width="60" height="80" hspace="3" align="left" alt="" /> <div><br /> <br /> <br /> Por <i><b>Roberto Karam Jr.</b></i> &eacute; engenheiro el&eacute;trico e diretor presidente da KRJ</div> <div>&nbsp;</div>