Vinte e quatro de fevereiro, dia em que estaria iniciando o Carnaval da Bahia - a maior festa de rua do planeta, novamente cancelado por conta da pandemia da Covid-19, transformou-se duplamente em um dia de tristeza com a notícia da invasão da Rússia à Ucrânia, uma guerra que poderia ser evitada, mas que agora toma proporções ainda inimagináveis. Como se não bastasse à preocupação com o novo coronavírus, que já matou mais de 5,96 milhões de pessoas ao redor do planeta, temos no momento mais uma questão para inquietar-se: a Guerra na Ucrânia, que pode se tornar um embrião da terceira guerra mundial, por conta das potências que estão envolvidas direta ou indiretamente nesse conflito insano.
A posição do presidente russo, Vladimir Putin, cinco dias depois do início da guerra, em ordenar ao seu comando militar que colocasse em alerta máximo as forças com armas nucleares, acende uma luz vermelha: o mundo inteiro corre perigo! Tal conjuntura nos faz lembrar-se do “Relógio do Apocalipse”, ou “relógio do fim do mundo”, instrumento simbólico criado em 1947 devido ao eminente perigo nuclear em que vivia as nações naquela ocasião, por causa do aumento das tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética. Agora, essa tensão parece ainda maior, em virtude da participação de outros atores nesse xadrez geopolítico, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN e seus países membro. De certo é uma situação que pode levar o mundo a reviver o conflito militar global ocorrido entre os anos de 1939 a 1945.
Quando se fala em apocalipse, automaticamente pensa-se no último livro da Bíblia, mas o relógio do fim do mundo não é religioso, é uma criação do comitê de diretores do Boletim dos Cientistas Atômicos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, que em sua formação original contou com nomes como do físico Albert Einstein. Ou seja, é o olhar da ciência, no que tange aos acontecimentos catastróficos que podem levar ao fim da humanidade. Porém, de qualquer maneira não deixa de fazer alusão à obra bíblica, que costuma ser consultada sempre que a raça humana sente-se ameaçada por algum fato que foge do controle, como a pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2 ou essa guerra promovida pela Rússia.
Na recente atualização do relógio, em 20 de janeiro, de acordo com os pesquisadores, o planeta está a 100 segundos do apocalipse. Quando entrou em operação, o objetivo do relógio era acompanhar os riscos oferecidos pela proliferação de armas nucleares. Atualmente, o foco foi ampliado para questões como as mudanças climáticas, a desinformação, as tecnologias disruptivas e a pandemia da Covid-19. Ambos os “apocalipses” sinalizam que estamos diante de tempos sombrios.
Por
Carlos Souza Yeshua, jornalista