Estamos passando por um período político atípico e perigoso para nossa democracia. As 20h40 do dia 1º de outubro de 2022 o Supremo Tribunal Eleitoral(STE), proclamou o candidato Luiz Inacio Lula da Silva(PT) como vencedor do pleito de 2022. Só depois de cerca de 44horas após a divulgação deste resultado foi que o presidente Jair Messias Bolsonaro(PL) saiu da toca reconhecendo a vitória de seu adversário.
Muito embora o título em epígrafe nos remeta ao título do filme “Silêncio dos Inocentes”, originário do livro escrito por Thomas Harris, que foi exibido em 1991, que aborda a caça a um psicopata acusado de canibalismo. O silêncio ensurdecedor do presidente preocupou e foi típico de um psicopata que estava esperando ver uma possibilidade para melar as eleições, mostrando que não respeitaria o resultado das urnas, das instituições e muito menos do grande número de eleitores que foram ás urnas de forma ordeira e democrática escolher o presidente de sua preferência.
Vale ressaltar que episodio semelhante aconteceu quando o candidato José Serra (PSDB), no dia 31 de outubro de 2010, perdeu a eleição para Dilma Rousseff (PT) e levou cerca de 3h30 para reconhecer publicamente sua derrota, até que resolveu parabenizar sua adversária.
Encastelado no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro ficou sem se manifesta durante todo esse tempo sobre o resultado eleitoral, e muito menos sobre os bloqueios dos caminhoneiros nas estradas estaduais e federais, que paralisaram setores econômicos como das indústrias, aduaneiros, aeroportos, hospitais, abastecimento de alimentos e bebidas e a população que precisa se deslocar entre cidades. Com este silêncio indecente, conivente e irresponsável, ele sinalizou sua concordância com as paralizações e tornou-se mentor da baderna que continua pais a fora mesmo depois de sua aparição.
Talvez o motivo real da demora em reconhecer o resultado das urnas era esperar acontecer o mesmo que aconteceu com o golpe de 64, quando grupos conservadores organizaram grandes manifestações, como a de 19 de março, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu de cerca de 500 mil pessoas, em São Paulo, reivindicando a intervenção dos militares na política brasileira contra o presidente João Goulart, movimento este apoiado pela grande imprensa, empresários, IPES(Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais), IBAD(Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e EUA.
Ao contrário do que parece estar acontecendo hoje, em 64 os EUA financiaram ativamente grupos e políticos conservadores no Brasil e em especial dois grupos foram financiados pelos americanos, conhecidos como “Complexo Ipes-Ibad”.
O IBAD, inclusive, foi alvo de uma CPI em 1962 acusado de receber milhões de dólares do governo americano para financiar a campanha de mais de 800 políticos durante as eleições daquele ano, com o objetivo de criar uma frente parlamentar que barrasse o governo de João Goulart de todas as formas.
Felizmente, no momento atual, os apoiadores de Bolsonaro não estão sendo financiados pelos EUA e parece serem apoiados apenas por caminhoneiros, à família Bolsonaro, uns poucos deputados e meia dúzia de jornalistas e conservadores bolsonaristas, que querem que os militares saiam da caserna para dar o golpe fatal na democracia.
Enfim esperamos quase dois dias vendo até onde iria à burrice (burrice que redundou em sua derrota) e teimosia de Bolsonaro para se manifestar e reconhecer à vitória do adversário, que foi descondenado por uma banca de “juízes amigos”, do STF, para vê-lo candidato à presidente, com a cumplicidade e omissão de parte da sociedade, da grande imprensa, jornalistas, OAB, empresários, igrejas e partidos políticos coniventes com os crimes a ele imputados ao longo de um grande processo judicial que vai manchar a história política brasileira.
Por
Juarez Cruz, escritor/Salvador(BA)