São inaceitáveis acontecimentos como o ataque à escola de Blumenau (SC), onde quatro alunos morreram e outros cinco restaram feridos. Além do socorro (inclusive psicológico) aos sobreviventes, apoio às famílias das vítimas e severa investigação para identificar e punir os envolvidos - tanto na execução quanto na gestação do plano macabro - é preciso providências que impeçam a sua repetição em qualquer ponto do territorio nacional. Infelizmente, vivemos um momento social e comunitário conturbado, onde podem aflorar atitudes extremadas que em nada contribuem para o avanço social ou o bem-estar da população, mas dão vazão aos desvios de psicopatas ainda não identificados e nem tratados.
O ataque a escolas não é uma invenção brasileira. Ocorre com frequência em diferentes países – inclusive nos mais desenvolvidos – e também aqui. Mais do que providências de ordem policial, que só podem ocorrer depois do crime consumado, carecemos de ações preventivas. As escolas precisam ter pessoal em quantidade suficiente e treinado para lidar com acontecimentos fora do currículo que surgem em sua clientela, e ter condições de mitigar os problemas antes que hajam vítimas a lamentar. Além do diretor, professores e pessoal encarregado da escrituração escolar e da disciplina básica, devem dispor de profissionais que possam identificar e prevenir os riscos a que correm todos os membros da comunidade escolar. A escola tem de ser competente para, além de ensinar, impedir que professores sejam agredidos, alunos trucidados e o ambiente tomado por vícios e atos antissociais.
Enganam-se os que pensam na possibilidade de termos na atualidade a escola de décadas atrás, quando eram casas onde imperava o respeito. A sociedade mudou – lamentavelmente para pior – e a falta de limites tornou o jovem agressivo sempre que o impedem de agir conforme seus interesses ou instintos. Os governos precisam desenvolver a força reativa ao mal social e estrutural incrustado no meio para, com isso, voltar dar tranquilidade aos pais e familiares quando enviam suas crianças às aulas.
É difícil para, nos, do povo, identificar as causas dessa insegurança que, com o passar do tempo, se torna mais explícita. Cabe a pai e mãe a tarefa de orientar os filhos da melhor forma; a escola deve ter profissionais capazes de exortar a família sobre suas obrigações e destacar que no novo universo da internet, onde o jovem, que no passado sofria a influência da vizinhança, busca suas orientações sem limite de espaço, é fundamental direcioná-lo para o bem e, especialmente para a não provocação dos diferentes (que é o bullying) causador de tantos distúrbios e sofrimento. As reuniões de pais e mestres, por exemplo, não devem ter o viés tradicional de professores reclamando de alunos, mas da escola ortientando a família. E, finalmente, aos governos cabe prover os meios para a comunidade escolar seja capacitada a lidar com os diferentes níveis de rebeldia de sua clientela e, mais que isso, resolvê-lo antes que tenham de chamar a polícia para desvendar possíveis crimes, identificar cometedores e entregá-los à Justiça. O desafio é salvar os jovens – especialmente os problemáticos – e transformá-los nos cidadãos úteis que a sociedade precisa para cumprir suas metas das próximas gerações. O jovem de hoje é o nosso sucessor nos diferentes ramos de atividade e não pode ser desperdiçado por falta de cuidados com a sua lapidação e controle...
Por
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br