Novamente assistimos estarrecidos, a mais um ato brutal de violência ocorrido em escolas brasileiras, agora no dia 05 de abril, dessa vez o alvo foi à creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, que provocou a morte de quatro crianças e golpeou mais cinco delas. O ataque ocorreu a menos de dez dias (27/03) do atentado na Escola Estadual Thomazia Montoro, na cidade de São Paulo, que resultou na morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, e feriu mais cinco outras pessoas. Tais barbaridades que mancham o chão da escola com o sangue de professores, alunos e outros profissionais da educação, acende um alerta de que as autoridades precisam com urgência criar políticas públicas capazes de evitar que novas tragédias desse tipo voltem acontecer em ambientes escolares.
As instituições de ensino devem ser um lugar sagrado de paz, harmonia e desenvolvimento humano, no entanto tem se tornado um espaço insalubre para educando e educadores, com as mais diversas formas de violência. A educação ainda estava de luto pelos dois episódios semelhantes que ocorreram no ano passado, no Espírito Santo e na Bahia, quando outra vez se depara com essas fatalidades que, infelizmente, tem se repetido com mais frequência no Brasil.
Professores estão cada vez mais acuados e doentes diante do alto nível de estresse, por lidar diariamente com a falta de respeito e ameaça de alunos e adultos que não dão a mínima para o processo de ensino-aprendizagem. Lamentavelmente, esse é um sinal do fracasso de uma nação que ainda luta para corrigir erros do passado, iniciados ainda na colonização e que se perpetuam até os dias de hoje, tais como a invasão de terras e assassinato de povos indígenas, a escravidão, o racismo e a discriminação dos afro-brasileiros, como também dos mais pobres, independente da etnia, que vivem sem acesso aos bens acumulados pela humanidade até os tempos atuais.
A escola é, por excelência, o lugar das interações, do conhecimento e da transmissão dos acordos sociais. Mas como cumprir a missão se a instituição e seus mestres estão subjugados por toda sorte de agressão, que limitam a autonomia e o direito de cumprir o papel de guardião-mor da transferência e construção do saber? Fica a pergunta!
Os governos, o Poder Legislativo, o Judiciário e a sociedade organizada devem urgentemente repensar o bem-estar no ambiente escolar, sobretudo depois da pandemia da Covid-19, quando as questões psicossociais se agravaram, resultando em muitos problemas no espaço de convivência coletiva de aprendizagem.
Algumas ações como a presença de psicólogos nas escolas deveriam ser implantadas para diminuir as desavenças provocadas pelo bullying, que tem sido o gatilho para tragédias maiores. Órgãos que cuidam da infância e adolescência também deveriam estar mais próximos das escolas, com ações de orientação que possam ajudar as instituições de ensino nesse processo educativo e na mediação de conflitos.
Por
Carlos Souza Yeshua, jornalista
carlos-souza@hotmail.com