Leio a notícia de que o Governo Federal poderá ficar ausente da abertura da Agrishow - o maior evento agrícola do País, marcada para a segunda-feira, 0!/05 - porque o ex-presidente Jair Bolsonaro estará presente ao lado do governador Tarcísio de Freitas, seu aliado político. A decisão do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, de não comparecer, segundo a notícia, decorre de mal-estar criado durante telefonema do presidente da feira que teria informado a presença de Bolsonaro na segunda e sugerido que a comitiva do governo compareça na terça.
É difícil acreditar que essa infeliz alternativa tenha partido do realizador do evento, para quem o ideal seria a participação do maior número de personalidades, independente do posicionamento político ou ideológico. Mas também não se pode descrer da palavra do ministro, que se condidera "desconvidado" a comparecer ao ato inaugural da festa. Não dá para ignorar no entanto, que o protocolo de eventos com autoridades determina que só subirá ao palanque os integrantes da lista que a maior autoridade presente aprovar, o que resolveria automaticamente o desconforto entre os membros do atual e do antigo governo. Bolsonaro, cuja presença causa o alarido, não é mais autoridade e só irá ao reservado, se convidado. Quem provocou essa saia justa, tem o dever de desfazê-la, pelo bem da Agrishow, do agronegócio, dos governos, da classe dos políticos e do País.
Uma festa dessa importância jamais poderá ser tratada como reduto ou curral político-eleitoral de quem quer que seja. Pelo contrário, tem de ser um espaço aberto para todos, quiçá a arena onde possam ser solucionadas as diferenças e o resultado seja o impulso do desenvolvimento nacional e o bem-estar do povo.
Com a volta do ex-presidente do seu retiro nos EUA e a anunciada disposição de liderar a oposição, esse é apenas o primeiro choque de agendas. O País irá muito mal se os realizadores de eventos vierem a ser constrangidos a evitar encontros de adversários político#. Lula e Bolsonaro precisam se conter e, mais do que isso, agir para que seus auxiliares e correligionários mão criem situações embaraçosas, que não favorecem a ninguém.
A polarização política, esse ativismo onde em vez de divergir sobre ideias os antagônicos se comportam como moleques mal-educados, serve somente para turvar a imagem dos políticos junto ao eleitor. É, sem dúvida, uma das razões do crescimento da abstenção e dos votos nulos e brancos a cada eleição que se realiza.
Espera-se que o desconforto não se potencialize na festa da Agrishow. Lembrem-se que Tarcísio e Lula vêm se relacionando bem desde o começo do mandato e assim deve ser. Não permitam que acontecimentos menores tragam dificuldades ao trabalho que União e Estados têm de realizar juntos. O Brasil e o povo são maiores que tudo isso...
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br