Se eu ou você infringirmos a lei fazendo o que a lei proíbe, seremos punidos porque estaremos praticando um crime. Agora, se eu ou você tivéssemos sido apontados para a corte suprema, porque quem nos indicou e quem aprovou entendiam que tínhamos notório saber jurídico, reputação ilibada e, principalmente, a confiança de quem havia nos indicado, poderíamos infringir a Constituição, sem sermos punidos, porque não há previsão legal para nos impedir de praticar esse crime constitucional?
O que temos visto no Brasil, a não ser que você tenha se evadido totalmente da realidade, é que gente como eu e você, que não temos o privilégio indecente de sermos amigos do rei, seremos punidos mesmo se não tivermos violado lei alguma, basta que um dos integrantes da tal corte nos considere relevante inimigo do plano de poder do PT e seus agregados.
Não importa quem você é. Pode ser comediante, dona de casa, blogueira, deputado, ex-presidente, aposentado, militar, policial, juiz, empresário ou desempregado. O que importa é que, se você estiver no lugar certo, na hora certa, dizendo o que eles consideram errado, você será caçado, difamado, destruído, mesmo se tiver se exilado. Se tornará persona-non-grata do sistema e será perseguido sem trégua.
Isto porque, no Brasil, a realidade e a lei deixaram de fazer sentido. Quem decide se algo é verdadeiro, se um ato qualquer, até o exercício corriqueiro de um direito, é crime ou não, é um juiz ofendido ou um ministro zeloso, na maioria das vezes de acordo com a sua vontade, à revelia dos fatos, da Constituição e do arcabouço legal, peças fundamentais para a vida em sociedade.
Ora, os direitos individuais, a ética, os fatos, a Constituição e as leis foram para as cucuias. Os ministros da suprema corte e outros tribunais superiores estão violando os limites que a Constituição, leiam-se os representantes do povo, estabeleceram para quem exercesse os cargos que essas figuras ilustres ocupam. E fazem isso já sem “pompa nem circunstância”.
Com canetadas velozes, decidem sobre a vida dos outros como se fossem não juízes ou ministros, mas divindades. Censuram, cassam, prendem e arrebentam quem estiver no caminho da perpetuação de um sistema que já conhecemos e que segue vigendo em Cuba, na Venezuela, na Coreia do Norte e na China, como já esteve vigente no Chile de Allende, na União Soviética, na Albânia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Vietnã, Camboja e em outros países cujas populações foram obrigadas a escolher entre a morte ou viver sob o comunismo, forma mais extremada desta espécie de religião, que mistura mística e secularismo, que é o socialismo, ideologia coletivista na ética e estatista na política.
O Congresso, o Ministério Público, o Judiciário, nas suas primeiras instâncias, a Polícia Federal, existem, mas já não são mais funcionais. Estão subjugadas pela caneta veloz que risca, rasura, reescreve e toma qualquer decisão que lhe pareça desejável, ordenando, a quem for demandado, uma missão que deve ser cumprida à risca. Como tantos se deixam levar pelos caminhos da servidão, da opressão e da morte por alguns senhores e algumas senhoras, cuja arma é uma caneta?
Ora, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mandava e desmandava sob a proteção da lei, dos tribunais, da própria sociedade orgulhosa do Terceiro Reich. Mas ninguém obedeceria aquele bando de insensatos se não houvesse uma polícia especial que obedecesse cegamente os mandantes, como a SS.
O Partido Nazista controlava com mão de ferro todas as instâncias do poder e ainda se valia da aceitação popular, porque o espírito germânico propagava como virtudes cívicas: a obediência à autoridade, a servidão ao estado e o dever com a pátria.
No comunismo, sistema social idealizado por Karl Marx, tudo pertence ao estado, dos bens de produção até o resultado do trabalho laboral. Entre os bens de produção, devemos incluir a vida, o tempo e o esforço dos seres humanos, tratados como peça descartável do grande mecanismo chamado estado que tem como senhor um ser tão inexistente quanto abstrato que é a sociedade. É por ser assim, que esta pseudo entidade precisa se materializar na forma de um líder, invariavelmente demagogo, populista e sanguinário.
No sistema social que vivemos no Brasil, o estado pretende ser mais eficiente. Controla o que é estratégico, seja lá o que isso significa, e as cadeias produtivas que existem para justificar a espoliação real de uns, para suposto benefício de outros. Aquilo que o estado abre mão de produzir, é concedido à iniciativa privada que terá o privilégio de criar valor, desde que obedeça regras minuciosas e entregue na forma de impostos o quantum que lhe será espoliado pelo fisco. Temos é um partido nacional, socialista, que se chama Partido dos Trabalhadores e que aprecia regimes de partido único e governos totalitários.
Os homens que dão suporte e atendem as vontades do líder máximo, este que a caneta veloz livrou da cadeia por milagre, possuem a sua polícia própria que cumpre ordens ilegais, imorais e antidemocráticas, no sentido de que ofendem a cidadania, a ordem jurídica, a vontade do parlamento, a privacidade dos cidadãos e seus direitos elementares, e tudo o que faz com que uma sociedade se torne civilizada.
Muitos tinham a esperança de ver as Forças Armadas interromperem essa marcha funesta em direção ao lulopetismo e ao socialismo bolivariano. Recentemente, ficamos sabendo de fonte segura que muitos dos defensores da pátria amada fazem parte deste arranjo urdido nos bastidores da política nos últimos anos.
Quando você se perguntar quem vigia os guardiões da república, da Constituição, dos direitos individuais, no caso de estes resolverem dar um golpe, ou seja, rasgarem a Constituição e passarem a mandar sem limites na vida dos cidadãos, lembre-se de que não há saída senão as que passam por terra, por mar, por ar.
Não estou prevendo o futuro. Estou trazendo para o presente a história da humanidade. Estou exagerando? Pode ser. Mas os fatos estão mais a favor do que eu vejo do que daqueles que teimam em se evadir.
Por
Roberto Rachewsky é empresário e colunista do Instituto Liberal