Atualmente vivemos um tempo sombrio, no qual há uma sensação de que a sociedade está literalmente desmoronando. Os valores morais e éticos que por muito tempo serviram de base para uma convivência pacífica entre as pessoas, de uma hora para outra parecem ultrapassados. Práticas hediondas como assaltos, estupros, homicídios, feminicídios e sequestros, por exemplo, se tornaram comuns, e por essa razão, há um sentimento de insegurança e medo generalizado.
A partir do pensamento da filósofa Hannah Arendt, é possível afirmar que estamos diante da “banalização do mal”. A maldade tornou-se algo comum e trivial na sociedade, sendo praticada de forma rotineira por indivíduos que não questionam ou refletem sobre a natureza perversa de suas ações; comportam-se de modo desumanizado e sem o mínimo de consciência moral. Os valores e conceitos éticos, como justiça, honestidade, empatia, respeito e responsabilidade, que são essenciais para o bem-estar e harmonia da sociedade, estão sendo abandonados.
Para compreender esse fenômeno se faz necessário uma análise do corpo social contemporâneo. A sociedade é composta por diversos elementos que desempenham um papel importante na formação e regulação do comportamento humano. Entre esses elementos, três se destacam devido à sua influência significativa na vida das pessoas: a família, a escola e a religião.
De acordo com Rui Barbosa (1849-1923) a “família é a célula mater da sociedade”, e, portanto, responsável pela socialização primária dos indivíduos. É nela que ocorrem os primeiros aprendizados e formação de valores e normas sociais. A família representa uma estrutura de apoio emocional e material, e desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e bem-estar dos seus membros.
A escola, por sua vez, tem como função primordial a educação formal e o ensino de conhecimentos acadêmicos. Além disso, promove o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais dos estudantes. E também contribui para a socialização secundária, na qual os indivíduos aprendem regras e normas que são aplicáveis à vida em sociedade.
Por fim, a religião é uma instituição que se baseia em crenças e práticas divinas e espirituais. Ela fornece um sistema de valores, princípios e moralidade, e desempenha uma função importante na formação da identidade e na busca por significado e propósito na vida. E, ainda pode oferecer apoio emocional e uma estrutura para a vida cotidiana.
Os três elementos - família, escola e religião - estão intimamente interligados e influenciam-se mutuamente na educação dos indivíduos e na organização da sociedade. Quando tais instituições fracassam, o resultado é uma sociedade com graves problemas comportamentais.
Por
Carlos Souza Yeshua, jornalista
carlos-souza@hotmail.com